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13/11/2001 - 06h23

Avião que caiu em NY teve 5 anomalias, diz especialista

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JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo

Cinco anomalias técnicas precederam a queda do A300 da American Airlines, sem que se possa por enquanto confirmar a hipótese acidente e descartar a menos provável de atentado, diz Ronaldo Jenkins, 55, presidente da Comissão de Segurança de Vôo do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).

A primeira anomalia foi uma explosão a bordo, e a segunda, a queda da turbina esquerda. Seguiram-se a fratura da asa esquerda, o fato de o Airbus ter-se inclinado para a esquerda, já sem navegabilidade, e em seguida ter embicado na direção do solo.

Uma sexta anomalia, diz o especialista em segurança de vôo do sindicato das empresas brasileiras de aviação comercial, talvez tenha precedido todas as outras. Ao tomar velocidade para decolar do aeroporto John Fitzgerald Kennedy, em Nova York, a turbina esquerda do avião emitia uma fumaça densa e anormal, segundo observou o comandante do aparelho que se preparava para levantar vôo em seguida.

Confirmando-se esse testemunho, o defeito na turbina, produzida pela General Electric, terá sido a causa do acidente.

A hipótese de um ato terrorista teoricamente existe porque é possível que a turbina tenha sido sabotada enquanto o avião se encontrava no solo, diz Jenkins.

Mas ele próprio admite que a segurança dos aparelhos taxiados (estacionados) nos aeroportos norte-americanos é hoje bem mais rígida.
Um possível terrorista, argumenta ainda o especialista, não conseguiria explodir a turbina caso se encontrasse na cabine de comando. Não haveria botão a ser acionado para produzir tal efeito.

E ainda: ele precisaria já estar com o controle da cabine no momento da decolagem, o que é pouco plausível. O que ele não poderia era se levantar de sua poltrona e neutralizar a tripulação nos curtos minutos que separaram a tomada de velocidade na pista do acidente. Há, por fim, a hipótese de o terrorista ter conseguido embarcar com uma bomba na bagagem, acionada em seguida por controle remoto.

Mesmo assim, e pouco importa a inexistência por enquanto de indícios quanto a um ato de sabotagem, a verdade é que o A300 caiu a partir uma falha estrutural do lado esquerdo, que teve por certo na turbina o ponto de partida.

O "The New York Times" menciona problemas técnicos ocorridos recentemente com a mesma turbina da GE. Narra o que ocorreu em abril do ano passado, em Newark, proximidades de Nova York, com um DC-10 da Continental Airlines, e um incidente, no mês de junho seguinte, com um Boeing-767 da Varig.

A empresa, procurada ontem pela Folha, disse que o jornal exagera e se refere possivelmente a um superaquecimento que prejudicou uma decolagem em Cumbica. Segundo o Snea, no entanto, a dimensão do incidente foi bem maior. Depois de um início de incêndio, a turbina se "despalhetou" (espatifaram-se as palhetas internas). Algumas delas atingiram a fuselagem, mas sem causar avarias.

Segurança
Enquanto isso, embora sem conhecer detalhes técnicos sobre a queda do A300, a Airbus Industries disse que o avião da qual é fabricante tem uma concepção que faz dele a marca mais segura no mercado.

Segundo Mário Sampaio, representante no Brasil do consórcio europeu, a segurança é medida ao se comparar o número de acidentes com o número de decolagens e de horas de vôo.

No caso da American Airlines, o primeiro A300-600 foi entregue em abril de 1988. Ao todo a empresa norte-americana tem 35 desses aparelhos.
Ao final de outubro eles já totalizavam 1,2 milhão de horas em operação. Nenhum acidente fora registrado até ontem.

Sampaio diz também que o aparelho acidentado em Nova York faz parte de uma geração anterior de aperfeiçoamentos técnicos. Nela, os comandos são construídos em quatro circuitos hidráulicos em paralelo. Caso três deles dêem defeito, o quarto permitirá um vôo sem sobressaltos. Há hoje 242 unidades do A300-600 voando por 27 empresas.


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