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29/11/2001 - 05h40

Segurança afegã gera impasse em Bonn

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ALCINO LEITE NETO
da Folha de S.Paulo, em Paris

A segurança no Afeganistão depois de 23 anos de guerra tornou-se o ponto crítico da conferência que está sendo realizada em Bonn (Alemanha), desde terça-feira. A preferência de todos os delegados da reunião é que a segurança seja mantida pelos próprios afegãos, no que não acreditam muito nem a ONU nem as lideranças ocidentais. Desde o fim da invasão soviética (1979-1989), o país vive uma contínua disputa entre facções.

"Não cremos que haja necessidade de uma presença de tropas estrangeiras no Afeganistão, porque a segurança do país está garantida", disse, em Bonn, Younis Qanouni, chefe da delegação da Aliança do Norte. "No entanto uma tal força pode fazer parte em princípio de uma solução de paz global que será negociada na cidade histórica de Cabul." A Aliança do Norte, que tem sido pressionada a aceitar a presença estrangeira, é a grande vitoriosa da guerra contra o Taleban.

A questão da segurança espalhou ceticismo entre os membros da ONU a respeito dos resultados da conferência em Bonn, depois de um início promissor da reunião, em que os delegados aprovaram a agenda para o processo de democratização do país.

Anteontem, falava-se que os principais acordos para a transição política seriam alcançados em "três ou cinco dias". Ontem, Francesc Vendrell, representante-adjunto da ONU para o Afeganistão, ponderou que "resolver o futuro de um país que esteve em guerra durante 20 anos não é algo que se faça da noite para o dia". Ele ressaltou que uma força multinacional para o país constitui um fator "muito importante da reunião".

Segundo um alto funcionário da União Européia, que pediu à agência de notícias "France Presse" para não ser identificado, a questão da segurança interna é uma condição crucial para o financiamento ocidental da reconstrução do Afeganistão. "Se a segurança não é suficiente, a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras irão ao Afeganistão, mas não o Fundo Monetário Internacional nem o Banco Mundial", disse ele.

Outro impasse na reunião tem sido a distribuição do poder entre as diferentes forças políticas, bem como os postos-chave do governo de transição, sobretudo os ministérios da Defesa e do Interior.

Até o momento, o personagem a adquirir maioria de indicações favoráveis à composição do período transitório é o antigo rei Zahir Shah. O rei, de 87 anos, está exilado em Roma desde 1973, quando se implantou a república no Afeganistão. Ele permanece uma figura simbólica respeitada em várias camadas da população afegã. A volta do rei, em princípio, não implicaria um retorno à monarquia. Mas a delegação chamada "grupo de Chipre" (apoiado pelo Irã) manifestou seu receio de que isso ocorra.



  • Com agências internacionais

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