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06/12/2001
-
04h15
J.P. VELÁSQUEZ-GAZTELU
do "El País", em Bonn
Francesc Vendrell, enviado especial adjunto da ONU ao Afeganistão, é um dos arquitetos do acordo assinado ontem pelas facções afegãs em Bonn. Para ele, porém, não se deve "cantar vitória" até que o plano de transição seja implementado.
Pergunta - Qual é o significado histórico do acordo de Bonn?
Francesc Vendrell - Se esse acordo for cumprido, será a primeira vez desde 1973 [quando o rei Mohammed Zahir Shah caiu] que os afegãos poderão decidir seu futuro e ter instituições modernas. Se não for cumprido ou for parcialmente cumprido, será uma catástrofe. É importante que a comunidade internacional esteja decidida a não permitir que isso aconteça.
Pergunta - O sr. está satisfeito com os resultados da negociação?
Vendrell - Teria sido impossível conseguir mais do que isso aqui, numa reunião de apenas nove dias. A conferência teve de ser convocada às pressas, porque a Aliança do Norte já controlava mais do que a metade do país. Quero deixar claro que uma coisa é a assinatura do acordo, e outra, muito diferente, é sua implementação. Eu, pessoalmente, não quero cantar vitória até constatar que este documento está sendo cumprido na prática.
O importante é que a população afegã entenda bem o que vamos tentar fazer nos próximos dois anos e meio. Muitos vão se perguntar com que direito a ONU está fazendo isso. Nós lhes diremos que esta é uma situação de emergência e que é necessária uma autoridade legal pro tempore. Não será muito democrática, mas é preferível à que existia antes.
Pergunta - Qual é a principal tarefa da administração provisória?
Vendrell - É preciso começar com a reabilitação do país. É preciso tentar fazer com que os diferentes grupos armados se submetam à autoridade da nova administração. Também é muito importante -e isso vai depender muito da comunidade internacional e da ONU- que a população afegã veja uma melhora em seu nível de vida. Não se vai mudar o país da noite para o dia, mas dentro de seis meses as melhoras devem começar a ser notadas.
Pergunta - Quando a força multinacional de paz será enviada?
Vendrell - Depende do Conselho de Segurança da ONU. Gostaríamos que fosse o quanto antes.
Pergunta - Quantos soldados seriam necessários para garantir a ordem?
Vendrell - Achamos que deve vir o menor número possível para cumprir as funções previstas no acordo. Sempre defendi que, em qualquer força internacional, o que menos importa é a composição. O mais importante é que seja discreta, disciplinada e eficaz.
Pergunta - Os grupos afegãos falam a sério quando garantem que as mulheres vão desempenhar papel ativo na vida política?
Vendrell - Tenho observado um compromisso bastante sério da parte deles. É evidente que aqui, diante da ONU e dos demais, ninguém quer identificar-se com atitudes de exclusão da mulher, especialmente depois da era do Taleban. Esperamos que a autoridade provisória respeite o compromisso que assumiu.
Tradução de Clara Allain
Leia mais:
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Enviado da ONU ao Afeganistão diz que é cedo para "cantar vitória"
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do "El País", em Bonn
Francesc Vendrell, enviado especial adjunto da ONU ao Afeganistão, é um dos arquitetos do acordo assinado ontem pelas facções afegãs em Bonn. Para ele, porém, não se deve "cantar vitória" até que o plano de transição seja implementado.
Pergunta - Qual é o significado histórico do acordo de Bonn?
Francesc Vendrell - Se esse acordo for cumprido, será a primeira vez desde 1973 [quando o rei Mohammed Zahir Shah caiu] que os afegãos poderão decidir seu futuro e ter instituições modernas. Se não for cumprido ou for parcialmente cumprido, será uma catástrofe. É importante que a comunidade internacional esteja decidida a não permitir que isso aconteça.
Pergunta - O sr. está satisfeito com os resultados da negociação?
Vendrell - Teria sido impossível conseguir mais do que isso aqui, numa reunião de apenas nove dias. A conferência teve de ser convocada às pressas, porque a Aliança do Norte já controlava mais do que a metade do país. Quero deixar claro que uma coisa é a assinatura do acordo, e outra, muito diferente, é sua implementação. Eu, pessoalmente, não quero cantar vitória até constatar que este documento está sendo cumprido na prática.
O importante é que a população afegã entenda bem o que vamos tentar fazer nos próximos dois anos e meio. Muitos vão se perguntar com que direito a ONU está fazendo isso. Nós lhes diremos que esta é uma situação de emergência e que é necessária uma autoridade legal pro tempore. Não será muito democrática, mas é preferível à que existia antes.
Pergunta - Qual é a principal tarefa da administração provisória?
Vendrell - É preciso começar com a reabilitação do país. É preciso tentar fazer com que os diferentes grupos armados se submetam à autoridade da nova administração. Também é muito importante -e isso vai depender muito da comunidade internacional e da ONU- que a população afegã veja uma melhora em seu nível de vida. Não se vai mudar o país da noite para o dia, mas dentro de seis meses as melhoras devem começar a ser notadas.
Pergunta - Quando a força multinacional de paz será enviada?
Vendrell - Depende do Conselho de Segurança da ONU. Gostaríamos que fosse o quanto antes.
Pergunta - Quantos soldados seriam necessários para garantir a ordem?
Vendrell - Achamos que deve vir o menor número possível para cumprir as funções previstas no acordo. Sempre defendi que, em qualquer força internacional, o que menos importa é a composição. O mais importante é que seja discreta, disciplinada e eficaz.
Pergunta - Os grupos afegãos falam a sério quando garantem que as mulheres vão desempenhar papel ativo na vida política?
Vendrell - Tenho observado um compromisso bastante sério da parte deles. É evidente que aqui, diante da ONU e dos demais, ninguém quer identificar-se com atitudes de exclusão da mulher, especialmente depois da era do Taleban. Esperamos que a autoridade provisória respeite o compromisso que assumiu.
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