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10/12/2001
-
02h43
da Folha Online
O jornalista inglês Robert Fisk, 55, que foi espancado ontem por uma multidão de refugiados afegãos no Paquistão, é veterano correspondente internacional do jornal britânico "The Independent"
Fisk é um dos mais renomados jornalistas a trabalhar na cobertura da guerra no Afeganistão. Ele destaca-se pelo posicionamento crítico em relação às ações militares norte-americanas. E para ele, os aliados locais dos EUA da Aliança do Norte são estupradores e sanguinários, que cometeram uma série de atrocidades com etnias rivais em outros tempos.
Nas palavras do linguista norte-americano Noam Chomsky, 72, em entrevista à Folha em setembro passado: "Nenhum observador estrangeiro conhece melhor a região do que o veterano correspondente britânico Robert Fisk".
Especialista em Oriente Médio, Fisk cobriu também a Guerra do Golfo e produziu interessantes relatos sobre a crise de um repórter que vê a guerra pela televisão.
Fisk foi atacado depois que seu carro quebrou na estrada entre Quetta e Charnan, duas cidades paquistanesas que fazem fronteira com o Afeganistão. Ele conseguiu escapar do linchamento graças à intervenção de um líder religioso muçulmano.
O jornalista foi ferido com pedradas na cabeça, rosto e mãos durante o ataque realizado por um grupo de cerca de cem pessoas.
"Teria feito o mesmo"
"Eles começaram me cumprimentando. Nós falamos 'Salam aleikum' (que a paz esteja com você) e depois as primeiras pedras atingiram o meu rosto. Um pequeno garoto tentou agarrar a minha bolsa. Depois outro. Depois jovens quebraram meus óculos e começaram a bater com pedras no meu rosto e cabeça. Eu não podia ver porque o sangue escorria pela minha testa e cobria meus olhos. E, mesmo assim, eu entendi. Eu não poderia culpá-los pelo que estavam fazendo. Na verdade, se eu fosse um refugiado afegão em Kila Abdullah, próximo à fronteira com o Paquistão, teria feito o mesmo com Robert Fisk. Ou qualquer outro ocidental que encontrasse", afirmou o correspondente.
"Então para quê me lembrar dos minutos de terror e repugnância própria sob o ataque próximo à fronteira afegã, sangrando e chorando como um animal, quando centenas _sejamos francos e digamos milhares_ de civis inocentes estão morrendo com os ataques aéreos norte-americanos no Afeganistão. Quando a 'Guerra de Civilizações' está queimando e mutilando pashtuns de Candahar e destruindo suas casas pelo triunfo do 'bem' sobre o 'mal'"?
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Fisk é um dos mais renomados jornalistas a trabalhar na cobertura da guerra no Afeganistão. Ele destaca-se pelo posicionamento crítico em relação às ações militares norte-americanas. E para ele, os aliados locais dos EUA da Aliança do Norte são estupradores e sanguinários, que cometeram uma série de atrocidades com etnias rivais em outros tempos.
Nas palavras do linguista norte-americano Noam Chomsky, 72, em entrevista à Folha em setembro passado: "Nenhum observador estrangeiro conhece melhor a região do que o veterano correspondente britânico Robert Fisk".
Especialista em Oriente Médio, Fisk cobriu também a Guerra do Golfo e produziu interessantes relatos sobre a crise de um repórter que vê a guerra pela televisão.
Fisk foi atacado depois que seu carro quebrou na estrada entre Quetta e Charnan, duas cidades paquistanesas que fazem fronteira com o Afeganistão. Ele conseguiu escapar do linchamento graças à intervenção de um líder religioso muçulmano.
O jornalista foi ferido com pedradas na cabeça, rosto e mãos durante o ataque realizado por um grupo de cerca de cem pessoas.
"Teria feito o mesmo"
"Eles começaram me cumprimentando. Nós falamos 'Salam aleikum' (que a paz esteja com você) e depois as primeiras pedras atingiram o meu rosto. Um pequeno garoto tentou agarrar a minha bolsa. Depois outro. Depois jovens quebraram meus óculos e começaram a bater com pedras no meu rosto e cabeça. Eu não podia ver porque o sangue escorria pela minha testa e cobria meus olhos. E, mesmo assim, eu entendi. Eu não poderia culpá-los pelo que estavam fazendo. Na verdade, se eu fosse um refugiado afegão em Kila Abdullah, próximo à fronteira com o Paquistão, teria feito o mesmo com Robert Fisk. Ou qualquer outro ocidental que encontrasse", afirmou o correspondente.
"Então para quê me lembrar dos minutos de terror e repugnância própria sob o ataque próximo à fronteira afegã, sangrando e chorando como um animal, quando centenas _sejamos francos e digamos milhares_ de civis inocentes estão morrendo com os ataques aéreos norte-americanos no Afeganistão. Quando a 'Guerra de Civilizações' está queimando e mutilando pashtuns de Candahar e destruindo suas casas pelo triunfo do 'bem' sobre o 'mal'"?
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