Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/12/2007 - 14h41

Eleitores russos se queixam de pressões sem precedentes nas legislativas

Publicidade

URSULA HYZY
da France Presse, em Moscou

Os depoimentos de eleitores pressionados para que compareçam às urnas e votem no partido governista Rússia Unida ganham força a dois dias das eleições legislativas russas, uma situação considerada sem precedentes desde a época soviética, segundo analistas.

"Não faz muito tempo, dois representantes do Rússia Unida procuraram os diretores de nossa empresa", disse à agência de notícias France Presse Natalia, 35 anos, que mora em São Petersburgo e trabalha para uma estatal.

"Não sei se prometeram alguma coisa a eles ou se os ameaçaram, mas pouco depois todos os funcionários foram reunidos e receberam a 'recomendação' expressa de votar no Rússia Unida", acrescenta.

Estudantes pressionados a votar sob pena de serem expulsos, professores ameaçados, alunos que recebem cartazes do partido: testemunhos do tipo são freqüentes nos blogs ou sites, como o er-vnezakona.ru ou o site da Golos, a associação de defesa dos direitos dos eleitores.

Algumas pessoas aceitam falar diretamente com o jornalistas, mas muitas têm medo, inclusive de falar sob anonimato.

"É uma campanha sem precedentes pelas pressões que os eleitores sofrem, as prisões de candidatos. Isto nunca havia sido visto em eleições federais', afirma o cientista político Alexandr Kynev da FIPD --ONG especializada em informações, em uma entrevista coletiva na sede da Golos.

O governo pretende obter o índice de participação e o resultado mais elevados possíveis para o partido Rússia Unida, cuja lista eleitoral tem como primeiro nome o do presidente Vladimir Putin, explicaram outros especialistas presentes na entrevista.

"A maioria das regiões da Federação têm como tarefa obter para a Rússia Unida o mesmo resultado conseguido por Putin na eleição presidencial de 2004, ou seja, 71% dos votos com uma taxa de participação de 64%", disse à France Presse Andrei Andreev, membro do Comitê Central do Partido Comunista russo.

"Há pessoas que comparecem às portas com documentos onde se lê 'Pelo Rússia Unida, Contra ou Não, vai votar'", afirmou à France Presse Vladimir Korotaev, 55 anos, de Maikop, na república de Adygea, mais de 1.600 km ao sul de Moscou.

"Meu filho voltou uma tarde dizendo que a professora havia afirmado que no dia seguinte, 17 de novembro, não teria aulas e que os alunos pegariam cartazes do Rússia Unida em uma cidade a 30 km da nossa", conta o comerciante Alexandre Petin, 43 anos, de Tulski, na mesma região.

"Sou membro do Rússia Unida, mas disse ao meu filho de 15 anos que estava proibido de ir", completa.

Um dos métodos de pressão mais citados é forçar os eleitores a obter um certificado que permite o voto fora de sua circunscrição, no local de votação do bairro em que trabalham, na presença de colegas e superiores.

A Comissão Central Eleitoral informou à France Presse na quarta-feira que havia emitido mais de dois milhões de certificados do tipo a pedido das comissões regionais.

Acompanhe as notícias em seu celular: digite wap.folha.com.br

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página