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09/07/2000 - 10h18

"Extraditáveis" colombianos trocam terrorismo pela Internet

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LARISSA PURVINNI, da Folha de S.Paulo

Os narcotraficantes colombianos continuam preferindo uma tumba em seu país a uma cela nos EUA, mas mudaram seus métodos de pressão. No lugar dos atentados terroristas e dos sequestros, os chamados "extraditáveis" tentam convencer o governo e a opinião pública usando a Internet.

O site www.extradicion.org aparece quando a Corte Suprema colombiana se prepara para analisar cerca de 20 pedidos de extradição feitos pelos EUA.

Ao acionar a página, um mapa da Colômbia explode e surge um ameaçador Tio Sam, que fecha a tela com grades. Em seguida, aparece a frase "Colombiano, tú eres el sueño americano". Um alvo percorre a cabeça de vários presidiários, identificados com números no peito: os "extraditáveis".

A mudança de estratégia é sintoma da perda de força dos chefes do narcotráfico, disse à Folha o advogado Gustavo Salazar Pineda, que defendeu alguns dos líderes dos famosos cartéis, entre eles "Pacho" Herrera, último dos sete chefes do cartel de Cali a ser preso, em 1996.

Embora a produção de cocaína tenha crescido com o fim dos cartéis, não existem mais grandes lideranças, diz Salazar Pineda. A morte da figura quase mítica de Pablo Escobar significou o fim de uma era.

No manifesto eletrônico, pedem que o tema da extradição seja discutido na mesa de diálogo que o governo mantém com a guerrilha para tentar encerrar uma guerra civil de quase 40 anos.

Propõem-se a defender uma nova reforma constitucional que elimine a possibilidade de extraditar colombianos. Banidas em 91, as extradições voltaram a ser autorizadas em 97. No entanto o governo só lançaria mão do recurso novamente a partir de 99.

Ainda mais ousada é sua proposta para auxiliar a recuperação econômica do país, mergulhado em forte recessão. Atribuem os altos índices de desemprego, na casa dos 20%, à "contração" do narcotráfico em cidades como Cali e sugerem um debate público sobre o tema, afirmando que podem aportar mais recursos, vindos dos ganhos com o tráfico, do que os empresários tradicionais.

Os traficantes denunciam o confisco de seu dinheiro pelos grupos guerrilheiros Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ELN (Exército de Libertação Nacional). Segundo eles, os rebeldes monopolizam a pasta de cocaína, chegando a causar o aumento dos preços.

Autoridades norte-americanas denunciam o vínculo entre narcotráfico e guerrilha. Calcula-se que os guerrilheiros arrecadem cerca de US$ 500 milhões ao ano cobrando "impostos" dos traficantes, além de receber para proteger plantações e pistas de pouso.

Mas, assim como os EUA vêem relações de parentesco entre os dois grupos, os "narcos", em sua página na Internet, afirmam haver negociações secretas entre rebeldes e norte-americanos.

Dizem que a visita, em 99, do presidente da Bolsa de Nova York à área controlada pela guerrilha em San Vicente del Caguán tinha como objetivo obter o controle dos recursos das Farc.

Em troca, ofereciam a promessa de que não pediriam a extradição de Granobles, irmão do líder Mono Jojoy, acusado do assassinato de três defensores norte-americanos dos direitos dos indígenas.

Leia também:

  • Colômbia retomou extradição de "narcos" em 99

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