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Manifestantes bolivianos queimam suposto veículo do governo
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da Folha Online
Um grupo de manifestantes bolivianos queimou nesta sexta-feira (14) na cidade de Sucre (capital administrativa do país) um veículo que aparentemente trabalhava para o governo e tentava transportar documentação da Assembléia Constituinte, informou a prefeita Aydeé Nava.
O automóvel foi queimado perto do teatro Gran Mariscal, onde os constituintes trabalhavam para aprovar o projeto constitucional.
Segundo Nava, foi uma "imprudência" usar um carro com placa da cidade de La Paz para tirar documentos do teatro. Os habitantes de Sucre, explicou, ainda estão com os "ânimos exaltados" pelos distúrbios de novembro, nos quais morreram três pessoas e mais de 300 ficaram feridas.
Segundo Nava, a população se manifestará amanhã nas ruas para defender a autonomia da região de Chuquisaca. Também reivindicarão que Sucre volte a ser a capital plena do país, com o retorno dos poderes Executivo e Legislativo, atualmente em La Paz.
Violência
O incidente intensifica a preocupação de embaixadores, defensores públicos, igrejas, empresários e da imprensa sobre a possibilidade de o país afundar numa onda de violência que atente contra a união nacional.
Os diplomatas transmitiram ao ministro de Relações Exteriores, David Choquehuanca, sua "preocupação" com a situação no país.
O conflito começou após a aprovação do projeto de nova Constituição defendido pelo presidente Evo Morales e rejeitado pela oposição.
"Acompanhamos com muito interesse e atenção, e às vezes, como nestes últimos dias, com preocupação as vicissitudes deste país ao qual fomos enviados para manter e melhorar relações de amizade e cooperação", disse o núncio apostólico na Bolívia, Ivo Scapolo, em nome dos embaixadores.
O representante do Vaticano mostrou a preocupação durante uma saudação protocolar que reuniu 33 diplomatas.
Constituição
O projeto constitucional promovido por Morales, que ainda deve ser submetido a referendo, é rejeitado pela oposição de direita e pelos governadores de seis das nove regiões do país. Eles já anunciaram que não reconhecem a validade da reforma e não acatarão o novo texto.
Os governadores de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando deverão divulgar seus projetos de estatutos de autonomia no sábado, à margem da ordem jurídica atual.
Os líderes de Santa Cruz, o departamento mais rico do país, aprovaram hoje na Assembléia Provisória Autônoma o seu projeto de estatuto autônomo, considerado "ilegal" pelo presidente Morales.
O estatuto, que tem 155 artigos, será apresentado à população no sábado, mesmo dia em que o presidente Morales entregará a grupos indígenas, em La Paz, o novo texto constitucional, de 411 artigos.
Com Efe
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