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29/12/2007 - 13h09

Execução de Saddam Hussein completará um ano neste domingo

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JACQUES CHARMELOT
da France Presse

As forças de segurança iraquianas se encontram em estado de alerta para impedir a execução de atos criminosos neste domingo (30), por ocasião do primeiro aniversário da execução do ex-presidente Saddam Hussein, anunciou hoje o ministério do Interior.

O governo decretou um toque de recolher na cidade de Al Daur (150 km ao norte de Bagdá), perto do local em que forças americanas prenderam Saddam Hussein em dezembro de 2003, segundo as autoridades locais.

"Certamente [Saddam Hussein] ainda tem fiéis", afirmou Abdul Jalaf, porta-voz do ministério do Interior durante uma entrevista coletiva na capital do país.

Ao amanhecer de 30 de dezembro de 2006, Saddam Hussein se encaminhou para a sala de execução de uma prisão em Bagdá, onde foi enforcado.

Sua morte rápida e brutal aos 69 anos pôs fim a uma vida marcada pelo sinal da violência e da crueldade, que o conduziu de uma pequena cidade ao norte de Bagdá, Al Auja, até o topo do poder.

O enforcamento de Hussein, que a maioria dos iraquianos considera um grande tirano, encerrou de vez a era do ditador, que já vinha se encaminhando para o fim desde o início da campanha dos soldados americanos no Iraque, em março de 2003, e sua conquista do coração de Bagdá, em 9 de abril.

No dia em que Bagdá foi ocupada por tropas americanas, Saddam realizou sua última aparição pública no bastião sunita de Adhamiyah, antes de fugir da capital.

Depois de muitos meses de busca, em 13 de dezembro de 2003, os soldados americanos enfim o encontraram em um buraco subterrâneo na cidade de Al Daur, próximo à cidade de Tikrit, reduto de seus fiéis partidários.

No dia seguinte, o homem enviado por Washington para governar o Iraque, Paul Bremer, incapaz de conter sua felicidade, afirmou diante das televisões do mundo inteiro: "Nós o prendemos!".

E foi um Saddam Hussein de cabelos compridos e barbudo, e com um ar perdido que apareceu em todas as televisões do mundo. A imagem denunciava a decadência de um chefe que, durante toda a vida, manteve um verdadeiro culto a sua personalidade cobrindo os muros de Bagdá com seu retrato.

Depois de preso, Saddam se tornou o protagonista de algo que os americanos e o governo iraquiano tentaram apresentar como símbolo do nascimento de um novo Iraque: um processo em que o ex-ditador deveria responder aos crimes que cometeu e no qual a justiça, que ele havia recusado a seu povo, seria feita.

Em 19 de outubro de 2005, aquele que havia reinado no Iraque desde sua ascensão à Presidência em 1979, entrava no rol dos acusados, usando um terno cinza e uma camisa branca, sem gravata. Ele foi julgado pela morte de 148 iraquianos executados em uma emboscada em julho de 1982, na pequena cidade xiita de Dujaïl.

Consciente da condenação à pena capital que o esperava e decidida em 5 de novembro de 2006, Saddam Hussein acusava a corte que o julgou de servir aos interesses do "ocupante".

Ele fazia das audiências transmitidas pela televisão uma última oportunidade para defender seu papel de homem de Estado árabe.

Com o veredicto pronunciado, o homem que quis fazer do Iraque a maior potência regional, não tinha muito tempo de vida. Em 30 de dezembro, enquanto o Iraque comemorava a festa muçulmana do Sacrifício, a pena foi executada.

Herói para uns, torturador megalomaníaco para os outros, Saddam Hussein, mesmo no momento de sua morte, continuou a alimentar a controvérsia.

Um vídeo amador, feito de um telefone celular, registrou seus últimos momentos. Nele, Saddam, que vestia um manto negro, recusava-se a usar uma venda nos olhos e caminhava sem ajuda até o centro da forca. Ele respondeu aos insultos e gritou pela última vez seu ódio pelos americanos e pelos iranianos, antes de lançar um "Deus é grande" quando o cadafalso abriu sob seus pés.

Saddam foi dado morto às 06H10, com o pescoço quebrado.

Os xiitas, oprimidos no regime de Saddam, comemoraram nas ruas, enquanto os sunitas, que viam nele um representante de sua comunidade, se sentiram humilhados.
E sua morte, que fecha um período da história do Iraque dominado pela violência e pelo medo, se inscreve como um novo episódio do destino atormentado de um país que só conheceu trevas desde a sua independência em 1958.

 

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