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18/01/2002 - 06h05

Situação de prisioneiros em Guantánamo preocupa Londres

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da Folha de S.Paulo

O Reino Unido, o maior aliado político e militar dos EUA, manifestou preocupação com o tratamento dispensado por Washington aos combatentes do grupo Taleban e da rede terrorista Al Qaeda detidos na base naval americana de Guantánamo, em Cuba. De acordo com o jornal "Financial Times", Londres teme que os EUA estejam desconsiderando a opinião pública ao insistirem em dar um tratamento duro aos 110 prisioneiros que já chegaram à base naval.

O governo britânico, segundo o "Financial Times", também quer que os prisioneiros com nacionalidade britânica sejam julgados em casa para evitar um confronto com Washington por causa da pena de morte, uma medida banida no Reino Unido.

"O Ocidente enfrenta o perigo de perder seus padrões morais elevados por causa do tratamento dispensado aos prisioneiros e da possível forma de julgamento que ele receberão", alertou Kevin McNamara, do Partido Trabalhista (governo), durante debate nesta semana no Parlamento.

Interrogado pelos parlamentares de seu próprio partido sobre a situação dos prisioneiros, o primeiro-ministro Tony Blair concordou que os combatentes presos durante a guerra no Afeganistão "devem ser tratados humanamente, de acordo com a Convenção de Genebra e com as normas internacionais".

Mas ressaltou que as medidas de segurança são necessárias. "Ninguém tem dúvidas de que os membros da rede Al Qaeda são altamente perigosos", afirmou Blair. "Não seria nenhuma surpresa se medidas rígidas de segurança fossem tomadas em relação a eles."

Grupos de defesa dos direitos humanos condenam o modo como os combatentes do Taleban e da Al Qaeda estão sendo mantidos -em jaulas ao ar livre (de 2,40 m por 1,80 m)-, depois de terem sido levados de avião para Guantánamo com grilhões nos pés, mãos algemadas e olhos vendados. As organizações também criticam os EUA por impedirem o acesso dos prisioneiros à assistência consular e a advogados.

Um alto membro do governo britânico disse ao "Financial Times" que ficou chocado com as declarações do secretário da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, que disse anteontem não ter "a menor preocupação" com os prisioneiros.

Segundo o funcionário britânico, a forma como Washington está lidando com os combatentes "corre o risco de dar a impressão de que os EUA reverteram à política externa isolacionista".

Cruz Vermelha
Quatro representantes da Cruz Vermelha Internacional, entre eles um médico, chegaram ontem a Guantánamo para inspecionar as condições na prisão. As visitas aos prisioneiros serão feitas em diferentes horários e devem começar hoje.

A previsão é que a missão da Cruz Vermelha dure cerca de uma semana. "Vai depender do número de prisioneiros que quiserem falar com nossos representantes", disse Darcy Christen, porta-voz da organização.
Em Washington, representantes do Pentágono disseram que a Cruz Vermelha encontrará os prisioneiros em boas condições. "Eles vão ver a verdade: que essas pessoas estão sendo tratadas muito humanamente", disse a porta-voz Victoria Clarke.

"Os prisioneiros estão recebendo comida apropriada três vezes ao dia. Estão recebendo tratamento médico. Estão recebendo exercícios e banhos. Estão recebendo a oportunidade de rezar se quiserem", acrescentou.

A porta-voz do Pentágono disse que 343 combatentes continuam sendo mantidos pelos EUA no Afeganistão e serão transferidos em breve para Guantánamo.

Até agora, nenhuma organização ou governo havia tido acesso aos prisioneiros na base naval americana em Cuba. O Reino Unido diz ter recebido autorização para conversar com os três britânicos presos, mas, segundo diplomatas em Londres, isso só deve ocorrer nos próximos dias.



  • Com agências internacionais

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