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16/01/2008 - 17h30

Visita de Bush ao Oriente Médio foi ato simbólico, diz analista

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PAULO DE ARAUJO
da Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, encerrou nesta quarta-feira um giro de oito dias pelo Oriente Médio, em uma visita à região que incluiu sete países --Israel, Cisjordânia, Kuait, Bahrein, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito.

Na primeira fase da viagem, Bush concentrou-se no processo de paz entre israelenses e palestinos. Ele pediu que Israel ponha fim à "ocupação" na Cisjordânia e afirmou que as duas partes terão de fazer "escolhas difíceis" para chegar a um acordo até o final de seu mandato, em janeiro de 2009.

Na opinião do professor de ciência política da Universidade Hebraica de Jerusalém Tamir Sheafer, porém, a visita de Bush foi um "ato simbólico" e não terá um efeito concreto. Segundo ele, israelenses e palestinos estão muito distantes para conciliarem seus interesses até o fim do ano.

"As lideranças tanto do lado israelense como do lado palestino são muito fracas. Outra questão são os ataques a Israel provenientes de Gaza. Se isso continuar, não haverá paz nem em 2008 nem em 2020", diz o professor.

Leia a seguir a entrevista que Sheafer concedeu à Folha Online por telefone de Jerusalém:

Folha Online- O senhor acredita que a visita de Bush no Oriente Médio deverá estimular o processo de paz entre israelenses e palestinos?

Sheafer- Do ponto-de-vista prático, a visita não teve grande importância, e não acredito que terá algum impacto concreto nas negociações de paz a curto prazo. Foi um ato simbólico. Ao menos, mostra que o governo dos Estados Unidos está compromissado com a questão.

Folha Online- Mas esse compromisso não lhe parece muito retórico?

Sheafer- Uma visita como essa contribui para uma mudança na opinião pública. O efeito não é de curto prazo. A opinião pública é um fator fundamental em qualquer política. Aí está a importância de Annapolis [cúpula internacional pela paz no Oriente Médio, realizada em novembro nos EUA]. Foi uma oportunidade para falar da paz e juntar vários países em torno da questão.

Folha Online- Bush adotou uma postura mais dura com Israel. Disse que o país precisa dar fim à ocupação na Cisjordânia. O que o senhor achou dessa declaração?

Sheafer- Foi uma declaração forte, não diria surpreendente. Bush disse que Israel deveria parar com as construções residenciais na Cisjordânia. Mas ele não irá pressionar verdadeiramente por isso. Volto a dizer que sua postura mostra que os EUA estão mais atentos à questão.

Folha Online- Bush reafirmou ser possível firmar um acordo de paz até o fim de seu mandato, em janeiro de 2009. O senhor acha isso possível?

Sheafer- Não. Os dois lados ainda estão muito longe um do outro. As lideranças tanto do lado israelense como do lado palestino são muito fracas. Outra questão são os ataques a Israel provenientes de Gaza. Se isso continuar, não haverá paz nem em 2008 nem em 2020.

Folha Online- Esse é um problema que envolve o grupo radical islâmico Hamas. Como lidar com o grupo?

Sheafer- Não vejo possibilidade de um acordo com o Hamas em um futuro próximo. Pode haver um cessar-fogo. Se você olhar para as opções políticas, o que temos? Pode-se realizar operações militares em Gaza, o que não funciona. Ou pode-se tentar um acordo de algum tipo com o Hamas. Mas isso também não é fácil.

Folha Online- Ontem, uma incursão militar israelense em Gaza matou ao menos 19 pessoas...

Sheafer- De fato, isso é muito grave e não ajuda no processo de paz. Agora, há também lançamento de foguetes a partir de Gaza contra o território israelense, e o governo não pode deixar de agir porque há um processo de paz em andamento. Ao mesmo tempo, esse conflito torna o problema mais delicado, contamina o diálogo.

Folha Online- Como o senhor vê os candidatos a presidente dos Estados Unidos? Acredita que eles estejam preparados para enfrentar a questão no Oriente Médio?

Sheafer- [A pré-candidata democrata e ex-primeira-dama] Hillary Clinton tem informação e conhecimento sobre o Oriente Médio. Acho que tanto os israelenses como os palestinos ficariam felizes em vê-la na Presidência dos Estados Unidos. Já quanto a Barack Obama [senador e pré-candidato democrata], sabemos pouco sobre sua posição.

Folha Online- Aparentemente, Bush tinha outros interesses na visita no Oriente Médio, como atrair apoio de outros países contra o Irã. O senhor acha que ele foi bem-sucedido neste aspecto?

Sheafer- É difícil dizer, pouca coisa veio a público. Há muitos interesses dos EUA na região. Existe o Iraque, o Irã, o dólar baixo, os altos preços do petróleo. São muitas questões.

 

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