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24/01/2008 - 22h58

Hamas alerta Israel sobre possibilidade de derrubar cercas na fronteira

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da Folha Online

O fluxo de palestinos que parte da faixa de Gaza ao Egito continua nesta quinta-feira pelo segundo dia consecutivo após a derrubada da barreira fronteiriça, enquanto o movimento islâmico Hamas alerta para o fato de que o bloqueio do território ocupado pode levar a um cenário similar em Israel.

Nos últimos dois dias, cerca de 700 mil moradores de Gaza cruzaram a fronteira com o Egito, em busca de alimentos, combustíveis e outros artigos escassos ou caros no território por conta das restrições devido ao bloqueio à região imposto por Israel na semana passada.

A entrada em massa no Egito aconteceu depois de milicianos palestinos derrubarem na quarta-feira a cerca que separa o sul da faixa de Gaza do país africano.

O bloqueio de Israel seria uma retaliação aos lançamentos de foguetes Qassam [de fabricação caseira] vindos da região contra alvos israelenses, principalmente nas regiões de Negev e Sderot.

A situação gerou uma troca de acusações entre Israel --que responsabiliza o Egito e o Hamas--, o movimento islâmico e a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que quer recuperar o controle da passagem fronteiriça de Rafah e das instituições deste território palestino.

Um líder do Hamas, Ahmed Youssef, disse nesta quinta-feira que Israel enfrenta a possibilidade de os habitantes da faixa de Gaza derrubarem a cerca que separa os dois territórios e entrem no país judeu, da mesma forma que centenas de milhares de pessoas fizeram a partir de quarta-feira na fronteira com o Egito.

"Não é uma fantasia. É algo que posso prever, porque não é possível manter 1,5 milhão de palestinos isolados", afirmou Youssef à rádio pública israelense.

Segundo ele, "da próxima vez que a situação explodir, os residentes de Gaza estarão dispostos a sacrificar sua vida".

Pouco antes, outro dirigente do Hamas, Faraj al Ghul, disse que a destruição da cerca na quarta-feira foi um primeiro passo para acabar com o bloqueio imposto por Israel.

"A explosão das fronteiras é o começo do reforço da soberania palestino-egípcia sem a intervenção de Israel", disse à imprensa Ghul, chefe do comitê legal do grupo parlamentar do movimento islâmico.

Nemer Hamad, assessor do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, disse que "o episódio na fronteira com o Egito é um grande fracasso do Hamas. O movimento deveria admitir que, após sete meses, fracassou em governar a faixa de Gaza".

Ashraf al Ajrami, ministro de Assuntos dos Prisioneiros da ANP, com sede em Ramala, foi mais longe ao acusar o Hamas de "tirar proveito das dificuldades dos residentes de Gaza e prejudicar as relações com o Egito".

"A ANP deseja conseguir o fim do bloqueio à faixa de Gaza ativando um mecanismo de pressão sobre a comunidade internacional", afirmou Ajrami.

O porta-voz do presidente da ANP, Mohammed Edwan, disse à agência de notícias Efe que a situação em Gaza será o assunto principal da reunião de domingo entre Abbas e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, em Jerusalém.

Edwan acrescentou que este será um "encontro extraordinário" entre os dois líderes e que terá o objetivo de avançar no processo de paz lançado na conferência de Annapolis (Estados Unidos), em novembro passado.

O porta-voz disse que, durante a reunião, Abbas pedirá que Israel "suspenda o bloqueio à faixa de Gaza, forneça todos os bens necessários à região e coloque fim aos assassinatos e às incursões".

ONU

Nesta quinta, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou, com o voto dos países em desenvolvimento, uma resolução que denuncia os ataques militares e pede a Israel o fim do bloqueio imposto à faixa e a reabertura das fronteiras.

O fluxo de palestinos ao Egito também gerou preocupação nas autoridades militares israelenses, que temem uma infiltração de terroristas e a entrada de armamento na faixa de Gaza.

O Escritório Antiterrorismo Israelense pediu nesta quinta que todos os cidadãos de Israel localizados atualmente na península do Sinai voltem imediatamente ao país devido ao "risco elevado e concreto" de que sejam seqüestrados e, posteriormente, levados à faixa de Gaza.

Controle de Gaza

O vice-ministro israelense da Defesa afirmou nesta quinta-feira que seu país pretende diminuir gradualmente o controle sobre a faixa de Gaza, agora que a fronteira com o Egito foi aberta. O Egito rejeitou a possibilidade, dizendo que a fronteira logo "voltará ao normal".

Não ficou claro se o vice-ministro, Matan Vilnai, expressou uma opinião oficial de Israel ou um ponto de vista pessoal. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Arye Mekel, expressou opinião semelhante, dizendo que "já que os moradores de Gaza estão buscando mantimentos em outros países", não há necessidade para que Israel os forneça.

O Egito, no entanto, rejeitou com veemência a idéia de Israel. "A fronteira [com Gaza] voltará em breve ao normal", disse o porta-voz do Ministério egípcio de Relações Exteriores, Hossam Zaki, dizendo que seu país não foi consultado a respeito de um mudança de status de Gaza.

"Essa conclusão é errônea", disse Zaki, a respeito das declarações de Vilnai. "A situação atual é uma única exceção, e tem causas temporárias", acrescentou.

Com Efe

 

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