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15/02/2002 - 17h05

"Posso olhar nos olhos de todo mundo sem vergonha", diz Milosevic

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da France Presse, em Haia

O ex-presidente da Iugoslávia, Slodoban Milosevic, acusado de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, afirmou hoje diante do Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia que pode olhar "nos olhos de todo o mundo", pois seu único crime foi defender seu povo.

"A diferença entre as forças ocidentais que bombardearam Kosovo em 1999 e eu é que eu posso olhar nos olhos de todo o mundo, e que estou defendendo meu país (...) assim como o defendi da agressão da Otan", declarou.

Em seu discurso de defesa, que já dura dois dias, o ex-líder de Belgrado acusou a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e os Estados Unidos de cometerem um verdadeiro genocídio em Kosovo quando bombardearam a região em março de 1999, durante 78 dias, e acusou o TPI de "legalizar" este crime por decidir não investigá-lo.

"Que espécie de tribunal pode negar-se a julgar criminosos que cometeram esta barbárie?", perguntou Milosevic no quarto dia de julgamento.

Para Milosevic, a verdade sobre o que aconteceu em Kosovo foi "encoberta" e a comunidade internacional culpou os sérvios por "crimes que eles nunca cometeram", como o deslocamento forçado de milhares de albaneses.

Além disso, Milosevic fez uma acusação contra os Estados Unidos ao afirmar que os americanos financiaram e treinaram os ativistas do Exército de Libertação de Kosovo (UCK) para que estes "endurecessem a guerra civil existente na região e para justificar a agressão da Otan".

O ex-presidente iugoslavo, acusado de crimes contra a humanidade e crimes de guerra nos conflitos da Croácia (1991-1995), Bósnia (1992-1995) e Kosovo (1998-1999), além de genocídio na Bósnia, não recorreu a advogados, já que não reconhece a legitimidade do TPI, e está se defendendo sozinho.

Em Kosovo, a ata de acusação considera Milosevic responsável pelo "êxodo forçado de 800 mil civis albaneses de Kosovo e da morte de pelo menos 900 deles".

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
 

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