Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/02/2002 - 08h53

Não há igualdade de condições, afirma advogado de ex-ditador

Publicidade

MARCELO STAROBINAS
Da Folha de S.Paulo, em Haia

Não há igualdade de condições no julgamento, "no sentido real da palavra", em Haia (Holanda), afirmou Dragoslav Ognjanovic, um dos advogados sérvios que o assessoram juridicamente neste julgamento, para a Folha. O tempo que foi concedido para Milosevic, de acordo com Ognjanovic, é reduzido "para ele falar o que gostaria de falar".

Segundo o advogado, o ex-ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, deve apresentar uma lista de testemunhas, incluindo altas autoridades políticas do Ocidente, ao Tribunal Penal Internacional para ex-Iugoslávia em Haia.

Durante o pronunciamento de anteontem, Slobodan Milosevic revelou que deseja confrontar pessoas como Bill Clinton (ex-presidente americano), Madeleine Albright (ex-secretária de Estado dos EUA), Klaus Kinkel (ex-ministro das Relações Exteriores da Alemanha), Wesley Clark (ex-comandante da Otan) e Kofi Annan (secretário-geral da ONU), entre outros.

No intervalo entre as sessões matinal e a vespertina de anteontem, em frente ao tribunal de Haia, Ognjanovic deu a seguinte entrevista à Folha: (MS)

Folha - A estratégia de defesa de Milosevic é partir para o ataque contra a Otan? Ele pretende refutar com mais detalhes as acusações da Promotoria?
Dragoslav Ognjanovic
- O que ele está falando demonstra que são falsas as acusações da Promotoria. O ataque que ele fez hoje [anteontem] não é apenas contra a Otan, mas também contra os terroristas albaneses do Exército de Libertação de Kosovo (ELK), que tiveram um papel fundamental em tudo o que ocorreu na Província e que vêm cometendo graves crimes e violações dos direitos humanos desde a entrada das forças da ONU (junho de 1999).

Folha - Como o sr. avalia a apresentação de Slobodan Milosevic ao longo desses dois dias no Tribunal Penal Internacional para ex-Iugoslávia?
Ognjanovic
- Acho que tudo foi muito óbvio. Milosevic foi bastante claro e específico sobre tudo o que aconteceu nesses últimos anos, apresentando os números de vítimas [dos bombardeios da Otan à Iugoslávia", números de casas queimadas [pelos albaneses do ELK". Eles queimam não apenas casas sérvias, mas também incendeiam as casas de muçulmanos albaneses.

Folha - Milosevic terá tempo suficiente para falar tudo o que planejou? O sr. aprova a decisão do juiz de limitar o tempo disponível para ele falar?
Ognjanovic
- Acho que não há igualdade, no sentido real da palavra, aqui no tribunal. Milosevic vai ter mais uma hora e meia para falar na manhã da próxima segunda-feira. Minha opinião é que é tempo insuficiente para ele poder falar tudo aquilo que gostaria de falar.

Folha - Após a Promotoria apresentar o seu caso, a equipe de defesa de Milosevic trará as autoridades ocidentais que ele pediu para testemunhar no tribunal?
Ognjanovic
- Como você ouviu, Milosevic afirmou que vai haver uma lista de testemunhas chamadas a depor. Muitas delas são políticos de alto escalão [Clinton, Blair, Chirac] e isso virá muito em breve.

Folha -O sr. acha que o juiz convocará essas testemunhas que Milosevic citou? Ou ele se negará a chamar altas autoridades governamentais ocidentais em exercício ou que já deixaram o poder?
Ognjanovic
- Minha opinião é que, se convocadas, todas as pessoas dentro desse tribunal são obrigadas a chamá-las para falar a verdade. As testemunhas têm o dever de vir ao tribunal, escutar as perguntas, e responder falando a verdade.

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade