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18/02/2002 - 10h34

Palestinos temem resposta de Sharon a disparos de mísseis

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da France Presse, na cidade de Gaza

Dirigentes e intelectuais palestinos temem que o disparo na direção de Israel de novos mísseis artesanais ofereça ao primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, a oportunidade de tentar solucionar o conflito mediante a força.

"Supostamente, a utilização de mísseis Qassam provocará uma resposta israelense mais violenta", disse o chefe da segurança pública na faixa de Gaza, general Abdelrazek al-Makhaida, em referência aos mísseis fabricados pela facção armada do movimento radical islâmico Hamas, conhecida como Brigadas Ezzedin Al Qassam.

"Não venceremos Israel com nossos mísseis Qassam 1 ou 2, mas esperamos provocar bastantes sofrimentos aos israelenses para que compreendam que devem se retirar dos territórios palestinos", declarou Abdelaziz al-Rantissi, alto dirigente do Hamas em Gaza, evocando o exemplo do Hizbollah (grupo extremista islâmico libanês que recebe apoio sírio e iraniano) no sul do Líbano.

"Não tememos um agravamento da violência por parte de Israel porque eles já utilizaram todas suas armas mortíferas contra nós", afirmou.

O Exército israelense mobilizou grandes meios para arrasar a Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), utilizando tanques, helicópteros de assalto, aviões de combate F-16 e unidades especiais.

Mas o general Makhaida teme que o pior esteja por vir.

"Rantissi não viveu a guerra de Sharon [que era ministro da Defesa, em 1982] no Líbano. Eu etsava lá e sei que Sharon pode fazer coisas piores do que as que fez até agora bombardeando-nos diariamente e sem discriminação", declarou.

O intelectual palestino Iyad Sarrakh compartilha dessa opinião.

"Nessa etapa, ainda não conhecemos com certeza a potência dos mísseis Qassam, mas se o Hamas melhorar sua precisão e aumentar a carga explosiva, isso mudará as regras do jogo", disse.

Esse tubo de 120 mm de diâmetro pode impulsionar cargas de 3 kg de explosivos mediante uma mistura de açúcar e adubos cloratados.

Em uma entrevista ao jornal italiano "La Repubblica", o presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, acusou Israel de exagerar no perigo desses foguestes com fins de propaganda.

O chefe da inteligência militar israelense, general Aharon Zeevi Farkash, reconheceu ontem que os Qassam 2 não constituíam ainda um perigo para os centros centros urbanos israelenses dado seu alcance de apenas 6 km.

"Mas não há dúvidas de que tentarão aumentar o alcance dos Qassam 2", afirmou o general.

Makhaida e Sarrkh temem que esses mísseis acabem por provocar vítimas israelenses, permitindo então a Sharon tornar mais violentas as represálias.

"A deportação dos palestinos não será efetivada à pressão internacional", disse o general Makhaida, referindo-se ao projeto da direita israelense de expulsar os palestinos da Cisjordânia e Gaza para os países árabes vizinhos.

"Por outro lado, Sharon explorará qualquer pretexto para tentar arrasar os palestinos, sacrificando, inclusive, seu próprio povo, que também não vive em segurança".

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