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19/02/2002
-
10h46
da France Presse, em Haia (Holanda)
Uma testemunha citada pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, na Holanda, esteve hoje frente à frente com o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic acusando-o de ter matado mulheres, crianças e idosos sob pretexto de combater o terrorismo em Kosovo.
O confronto aconteceu durante os depoimentos de Mahmut Bakalli, o primeiro dos 300 testemunhas que devem ser convocadas pela acusação durante o processo de Milosevic por crimes contra a humanidade.
Bakalli começou a declarar ontem, chamando de "apartheid" a discriminção que sofreram os albaneses de Kosovo, e dizendo que existia um plano de "terra queimada " para arrasar com 700 povoados albaneses.
Hoje, o ex-presidente interrogou Bakalli sobre seu testemunho de ontem no TPI. Milosevic mostrou-se incisivo e mordaz a ponto de colocar Bakalli em dificuldades.
Milosevic perguntou a Bakalli desde as características do sistema educativo nos anos 90 em Kosovo até as prisões em massa lançadas, segundo Bakalli, pela polícia sérvia contra os albaneses de Kosovo.
Sobre as prisões em massa operadas em Kosovo, antes do começo do conflito, Milosevic disse que "ninguém" foi detido por razões políticas nessa Província sérvia, afirmando implicitamente que os presos eram "terroristas" do UCK (Exército de Liberação de Kosovo).
A afirmação provocou uma resposta de Bakalli, que disse a Milosevic: "Sei que o senhor matou civis, crianças, mulheres e idosos, sempre repetindo que estava combatendo o terrorismo".
Sobre o sistema de educação, Milosevic disse à testemunha que as crianças albanesas tinham perfeito direito de seguir seus rumos em sua própria língua.
Bakalli afirmou que efetivamente os alunos tinham direito de seguir cursos em albanês, mas que não tinham de seguir seu próprio programa de estudos, estabelecido pelo Parlamento de Kosovo.
"O senhor considera que existe uma física albanesa, senhor Bakalli, uma química albanesa, uma matemática albanesa?", questionou Milosevic.
"Em que deveria ser diferente no programa das crianças albanesas, fora a língua, do programa em geral seguido na Sérvia?"
Desde começos dos anos 90, os albaneses de Kosovo estabeleceram uma verdadeira "sociedade paralela" especialmente em matéria de ensino e saúde para combater a repressão sérvia.
O Tribunal Penal Internacional de Haia começou ontem as audiências das primeiras testemunhas correspondentes à guerra de Kosovo (1998-99), processo no qual o ex-presidente Milosevic está sendo acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
Milosevic interroga testemunha que o acusa de matar idosos e crianças
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Uma testemunha citada pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, na Holanda, esteve hoje frente à frente com o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic acusando-o de ter matado mulheres, crianças e idosos sob pretexto de combater o terrorismo em Kosovo.
O confronto aconteceu durante os depoimentos de Mahmut Bakalli, o primeiro dos 300 testemunhas que devem ser convocadas pela acusação durante o processo de Milosevic por crimes contra a humanidade.
Bakalli começou a declarar ontem, chamando de "apartheid" a discriminção que sofreram os albaneses de Kosovo, e dizendo que existia um plano de "terra queimada " para arrasar com 700 povoados albaneses.
Hoje, o ex-presidente interrogou Bakalli sobre seu testemunho de ontem no TPI. Milosevic mostrou-se incisivo e mordaz a ponto de colocar Bakalli em dificuldades.
Milosevic perguntou a Bakalli desde as características do sistema educativo nos anos 90 em Kosovo até as prisões em massa lançadas, segundo Bakalli, pela polícia sérvia contra os albaneses de Kosovo.
Sobre as prisões em massa operadas em Kosovo, antes do começo do conflito, Milosevic disse que "ninguém" foi detido por razões políticas nessa Província sérvia, afirmando implicitamente que os presos eram "terroristas" do UCK (Exército de Liberação de Kosovo).
A afirmação provocou uma resposta de Bakalli, que disse a Milosevic: "Sei que o senhor matou civis, crianças, mulheres e idosos, sempre repetindo que estava combatendo o terrorismo".
Sobre o sistema de educação, Milosevic disse à testemunha que as crianças albanesas tinham perfeito direito de seguir seus rumos em sua própria língua.
Bakalli afirmou que efetivamente os alunos tinham direito de seguir cursos em albanês, mas que não tinham de seguir seu próprio programa de estudos, estabelecido pelo Parlamento de Kosovo.
"O senhor considera que existe uma física albanesa, senhor Bakalli, uma química albanesa, uma matemática albanesa?", questionou Milosevic.
"Em que deveria ser diferente no programa das crianças albanesas, fora a língua, do programa em geral seguido na Sérvia?"
Desde começos dos anos 90, os albaneses de Kosovo estabeleceram uma verdadeira "sociedade paralela" especialmente em matéria de ensino e saúde para combater a repressão sérvia.
O Tribunal Penal Internacional de Haia começou ontem as audiências das primeiras testemunhas correspondentes à guerra de Kosovo (1998-99), processo no qual o ex-presidente Milosevic está sendo acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
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