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20/02/2002 - 08h46

Juiz exclui testemunha de acusação contra Milosevic

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da France Presse, em Haia

O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, 60, marcou um ponto em seu favor hoje quando os juízes do TPI (Tribunal Penal Internacional) de Haia, Holanda, rejeitaram uma testemunha de acusação, que devia apresentar um panorama geral dos crimes cometidos em Kosovo.

Kevin Curtis, chefe dos investigadores do TPI em Kosovo, iria testemunhar hoje sobre os crimes cometidos em Kosovo, baseando-se em relatos dos refugiados albaneses.

"Senhor Milosevic, vamos excluir este testemunho com exceção dos elementos geográficos", afirmou o juiz inglês Richard May.

O juiz explicou que o testemunho de um membro da equipe de promotoria não seria mais do que uma repetição das acusações do promotor, aceitando assim a objeção de Milosevic.

O ex-presidente iugoslavo, que responde a acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, disse que a acusação continuava convocando membros de seus próprios serviços para repetir seus argumentos.

"Vamos acabar ouvindo o testemunho do motorista e do barbeiro do promotor", ironizou Milosevic.

Consequência
Depois da dispensa da testemunha, a acusação quis mostrar serenidade. "Isso não nos causa problemas, estimamos apenas que, devido ao número reduzido de testemunhas, seria interessante ter um resumo geral de um dos investigadores", declarou a porta-voz da promotora, Florence Hartmann.

Os auxiliares do promotor pediram uma breve interrupção da audiência, para localizar nos corredores do TPI aquela que deveria ser a segunda testemunha do dia, o policial australiano Stephen Spargo, que iniciou seu depoimento pouco depois das 7h (horário de Brasília).

Spargo apresentará mapas das "rotas da deportação" após os abusos cometidos pelas forças sérvias em Kosovo no ano de 1999. Milosevic é acusado pela deportação de 800 mil albaneses de Kosovo e pelo assassinato de 900. Também deve responder por sua responsabilidade nos crimes cometidos em Croácia e Bósnia.

Milosevic pareceu fortalecido com a decisão. No início da audiência, foi visto, nervoso, pedindo para falar com o juiz May sobre um assunto "urgente" e de "natureza pessoal".

O ex-presidente iugoslavo explicou ao juiz que sua mulher, Mira Markovic, não poderia visitá-lo amanhã devido à recusa das autoridades holandesas de conceder o visto. "Peço-lhe que faça tudo o que estiver ao seu alcance para remediar essa situação, senão, estou isolado", disse Milosevic. Markovic não vê o marido desde o início do processo por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, em Haia.

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
 

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