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19/02/2008 - 17h38

Para exilados cubanos em Miami, castrismo continua mesmo sem Fidel

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EMILIO J.LÓPEZ
da Efe, em Miami

Os exilados cubanos na cidade americana de Miami esperam poucas mudanças com a renúncia de Fidel Castro ao poder em sua terra natal e, por isso, as reações nesta terça-feira nas ruas do bairro Pequena Havana se limitaram a expressões de esperança, mas sem muita alegria.

No Café Versailles, epicentro do patriotismo anticastrista, os freqüentadores do local foram unânimes ao dizer nesta segunda que a aposentadoria de Fidel significa o fim de uma "era, mas não o fim do castrismo".

"É muito pouco, foi tarde demais", declarou à agência de notícias Efe o cubano Tony Alfonso, 70, professor aposentado, para quem Raúl Castro, irmão mais novo de Fidel e atual presidente interino de Cuba, tentará fazer "algumas mudanças mínimas na ilha para tentar se manter no poder".

O popular café está abarrotado de equipes de televisão, tanto de canais hispânicos quanto de emissoras em inglês, que montaram suas antenas e transformaram a área em estúdios improvisados.

Enquanto isso, um enxame de jornalistas ocupa o local e disputa a atenção dos poucos freqüentadores do estabelecimento, que comentam com ceticismo os efeitos futuros da renúncia de Fidel em Cuba.

Fidel, 81, anunciou nesta terça-feira que, por razões de saúde --motivo que o obrigou a delegar seus cargos a seu irmão Raúl em julho de 2006--, não aceitará o cargo de presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe cubano, após quase meio século no poder.

Para José Luis Prieto, 45, enfermeiro, a aposentadoria de Fidel não vai representar o fim do estrangulamento sofrido pela sociedade cubana há quase cinco décadas. Para ele, "tudo vai continuar igual, já que Raúl Castro manterá" uma linha de continuidade.

Entretanto, Prieto comentou a possibilidade de Raúl não preservar um sistema unipessoal, dizendo que o atual presidente interino "só o fará para dar uma falsa imagem de mudança".

Para o enfermeiro, a realidade é que uma mudança na ilha faria com que a cúpula do poder cubano "arrancasse a cabeça" de Raúl, porque este grupo "tem medo da ira de uma parte da população".

A ponderada reação dos cubanos de Miami nesta terça contrasta com a alegria constatada há um ano e meio, quando foi divulgada a grave doença de Fidel Castro e sua renúncia temporária ao poder.

A opinião entre os freqüentadores do Café Versailles é unânime: não são esperadas mudanças substanciais na política cubana.

Alfonso Osmani, 36, engenheiro civil, disse que "ainda falta muito tempo para que o castrismo desapareça" e haja uma "transição" rumo à democracia.

"Ainda é cedo para saber se Raúl fará mudanças" que beneficiem à população cubana, destacou Osmani, que também se mostrou cético.

Em sintonia com o que foi ouvido nas ruas, Jaime Suchlicki, professor da Universidade de Miami, opinou que Raúl Castro tomará "medidas mínimas" para acalmar a população, "mas mudanças reais e estruturais não podem ser esperadas".

Especialista em história cubana e autor de vários livros sobre o regime de Fidel, Suchlicki afirmou que, ao contrário de esperar uma abertura com a ascensão plena de Raúl, o que pode ocorrer é uma maior repressão para evitar reações populares que reivindiquem mudanças.

De acordo com Tony Costa, vice-presidente da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), uma das principais organizações dos exilados cubanos, "ou há mudança ou aquilo (Cuba) explodirá", devido às "reivindicações da sociedade civil" na ilha.

Costa ainda disse que o anúncio da renúncia do chefe da Revolução Cubana "pode ser uma oportunidade para começar as mudanças dentro de Cuba" e aproveitar a redução "extraordinária de sua influência nos últimos meses", que deverá ficar ainda maior com o anúncio.

O vice-presidente da FNCA disse esperar que "as reivindicações da sociedade civil se multipliquem", algo que não deixaria "outra opção a Raúl Castro a não ser fazer mudanças".

Enquanto os exilados cubanos discutem diversas conjecturas sobre este novo capítulo na história de Cuba, a imprensa de Miami mantém durante todo o dia uma programação dedicada a analisar as repercussões da renúncia de Fidel ao poder, aguardando a confirmação de seu irmão como novo presidente da ilha.

Tanto nos programas de televisão quanto nos de rádio, houve destaque para a frieza da reação da comunidade cubana, em contraste com a habitual paixão que envolve qualquer discussão relativa a Cuba.

Comentários dos leitores
Alessandro Conegundes (1) 20/02/2008 11h38
Alessandro Conegundes (1) 20/02/2008 11h38
BELO HORIZONTE / MG
Entre o oito e o oitenta, quando se trata de Fidel Castro, com certeza poder-se-ão encontrar fãs e opositores ardorosos! Enquanto uma dessas facções de críticos do líder político se apega às milhares de mortes dos opositores ao comandante Fidel, de outro lado, estão aqueles que o enxergam como o magistral homem do poder, único capaz até os tempos atuais a sustentar sua posição categoricamente antagônica aos Estados Unidos por anos seguidos.
Para os habitantes desta terra Tupiniquim, o fato deveras importante é: nosso Presidente Lula já representa peça chave nesse tabuleiro de xadrez político. Para o tio Sam é a chave para a ligação entre os donos do mundo e os cubanos, mas Lula também assumirá o papel de conector da ilha com os demais países sul americanos. Portanto, um papel de destaque na esfera da política internacional. O Brasil sai dos bastidores, enfim, para colocar a nossa nação emergente nos rumos do protagonismo do jogo diplomático!
sem opinião
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porfirio sperandio (122) 20/02/2008 10h31
porfirio sperandio (122) 20/02/2008 10h31
BRAGANCA PAULISTA / SP
A sorte Cubana e' sinceramente uma tragedia pra mim pessoalmente.
Eu admiro o Sr Fidel por toda sua garra, sua compaixao pelas causas latinas, e principalmente pelo seu apoio ao Brasil como nacao.
Tenho conhecidos que ficam enfurecidos por chama-los apenas "conhecidos", e que por muitos anos, viram no Senhor Fidel Castro conforto e seguranca em uma epoca de disturbio no meu Brasil...
Mas tenho "amigos" que adoram me ouvir chamando-os de amigos, os "amigos de Cuba".
Balseros por destino, me enebriavam com noites de estorias e entretenimento nas ruas de South Beach e noroeste de Hialeah, onde me contavam em um espanhol quase aportuguesado num esforco pra me fazer entender, as alegrias e tragedias familiares de gente atravessando o estreito que liga Key West - o ponto mais sul dos EUA com as praias de Havana, dentro de uma camara de roda de trator...
De um lado os meus ideais me convencem do bem que um estadista como Fidel fez aos culhoes latino-americanos. Mas do outro, meu coracao me alarma as angustias que um dia me relatavam meus amigos de Cuba.
So' espero que Cuba retorne a Cuba, e que as magoas entre as duas faccoes, sejam de alguma maneira superadas e possam voltar um dia ao que sempre foi ...
Toda Suerte Cuba ! - El Brasileño de San Pablo
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