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25/02/2002 - 10h45

Testemunha de acusação diz que sérvios queimaram paralítica

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da France Presse, em Haia (Holanda)

Um agricultor albanês de Kosovo descreveu hoje no TPI (Tribunal Penal Internationa) de Haia, na Holanda, a incursão das forças sérvias na vila de Landovice em março de 1999: soldados incendiaram casas, queimaram uma mulher paralítica e destruíram com explosivos uma mesquita.

"Houve mortes, assassinatos, as casas foram incendiadas. Eles queimaram viva uma mulher paralítica em sua casa", contou Halil Morina, que é a terceira vítima do conflito a testemunhar no julgamento do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic.

Milosevic está sendo julgado pelo TPI desde 12 de fevereiro por genocídio, crimes contra a humanidade e de guerra. Ele pode ser condenado à prisão perpétua.

Morina, um pequeno homem de cabelos brancos que caminha com dificuldade, lembrou a incursão dos soldados sérvios em sua vila no dia 26 de março de 1999.

Primeiro, quatro soldados entraram no local, seguidos por carros, veículos militares e a infantaria. Começou então uma operação de destruição na cidade, que ficou cheia de sangue e sem habitantes.

Para escapar dos soldados, Morina se escondeu perto de um riacho. Quando voltou à cidade no dia seguinte, encontrou sua casa queimada.
"Havia apenas os animais, todo resto foi reduzido a cinzas", disse.

Segundo Morina, 75% das casas das 120 casas da vila estavam no mesmo estado. Em busca de membros de sua família, Morina descobriu 13 corpos na casa de seu vizinho.

Ele também viu soldados sérvios num veículo carregado de corpos depositarem uma mina na mesquita. Minutos depois, veio a explosão.

Com a mulher e os filhos, Morina terminou se escondendo em outra cidade. Os sérvios de Kosovo "que não nos desejavam mal" arrumaram um ônibus para levá-los à Albânia. Antes de passar a fronteira, os refugiados foram privados de seus documentos pelas forças sérvias.

No banco dos acusados, Slobodan Milosevic permaneceu impassível diante do longo testemunho, mas se animou na hora do contra-interrogatório. O ex-presidente perguntou insistentemente à testemunha se não tinha visto os bombardeios da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos) nos arredores da cidade, sugerindo que as destruições citadas foram atos da aliança. Morina desmentiu a informação.

Milosevic tentou fazer com que a testemunha dissesse que a Força de Libertação de Kosovo (UCK) estava em Landovice, mas Morina continou desmentindo-o e o juiz May acabou dando ordem para o ex-presidente iugoslavo mudar de assunto. O contra-interrogatório continua hoje com a convocação de outras vítimas do conflito de Kosovo pela acusação.

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
 

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