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26/02/2002
-
18h31
da Folha Online
Líderes mundiais aprovaram a idéia proposta pela Arábia Saudita trocar terra pela paz, que poderia ser bem aceita por Israel e ajudar a melhorar o prestígio dos países árabes depois dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
O presidente norte-americano, George W. Bush, telefonou para o príncipe Abdullah para felicitá-lo pela iniciativa.
"O presidente elogiou as idéias do príncipe em relação à normalização total das relações entre árabes e israelenses depois da realização de um acordo de paz abrangente", disse o porta-voz da Casa Branca.
Abdullah, em comentários feitos de forma quase casual durante uma entrevista para o jornal "The New York Times" há nove dias, disse ter considerado pedir ao mundo árabe para oferecer a paz e relações plenas com Israel se o país devolvesse todas as terras ocupadas durante a guerra de 1967, incluindo Jerusalém.
"Trata-se de uma proposta interessante porque o que Israel deseja é o reconhecimento por parte do mundo árabe como um todo", disse o acadêmico israelense Joel Peters, lembrando que o governo saudita havia recusado uma aproximação com Israel na época do acordo de paz de Oslo.
Apesar de ser apenas uma idéia não formalizada, a proposta tem sido bem aceita -- mas dois importantes líderes regionais, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, e o presidente sírio, Bashar al-Assad, ainda não deram seu parecer.
Num primeiro momento o gabinete de Sharon recebeu a proposta saudita com frieza, ao considerá-la uma operação de fachada, mas vários ministros do Likud, o partido de Sharon, declararam ultimamente que essa proposta de paz era digna de interesse.
A imprensa israelense pediu ao governo de Sharon que "dê uma oportunidade" para a iniciativa saudita.
Mas o alto representante da União Européia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Javier Solana, que se reuniu com Sharon hoje, afirmou que ele "considera a proposta uma idéia interessante, disse que gostaria de conhecer mais detalhes do plano e afirmou que estaria pronto para encontrar qualquer representante da Arábia Saudita, de maneira foral, informal, pública ou discreta, para ter acesso a melhores informações sobre essa iniciativa",
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse na segunda-feira que a proposta é "um passo importante" a ser analisado.
O alto representante da União Européia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Javier Solana, encurtou a viagem que fazia por Israel para viajar para Jeddah amanhã, se reunir com Abdullah e analisar os detalhes da proposta. Será o primeiro encontro do príncipe saudita com um importante diplomata desde a publicação de sua entrevista, no dia 17 de fevereiro.
Convite
O presidente israelense, Moshe Katzav, convidou Abdullah para visitar Jerusalém e expor suas idéias, já endossadas pelos palestinos e egípcios. Katzav, cujo cargo é basicamente cerimonial, também deverá viajar para a Arábia Saudita, segundo sua porta-voz.
O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse que a proposta saudita tem "novos elementos". O ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse que a proposta é "de extraordinária importância".
Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental, e a Faixa de Gaza -- terras que os palestinos querem para seu Estado -- em 1967, quando também conquistou as Colinas de Golã da Síria.
Israel aceitou o princípio de terras em troca de paz, mas disse que não vai retornar aos limites geográficos anteriores a 1967 por razões de segurança.
O principal elemento novo na proposta de Abdullah é o reconhecimento de Israel por parte de todo o mundo árabe.
"Queria encontrar uma forma de deixar claro para o povo de Israel que os árabes não os rejeitam ou menosprezam", disse o príncipe. "Mas o povo árabe rejeita o que a liderança israelense está fazendo com os palestinos, que é desumano e opressor."
Para Sharon e muitos israelenses, o problema é devolver todas as terras ocupadas, o que exigiria a desintegração de assentamentos construídos ilegalmente perante a legislação internacional.
Mas, depois de 17 meses de derramamento de sangue, os israelenses começam a se perguntar se a política de Sharon de bloquear qualquer diálogo até o retorno total da calma conseguirá trazer a paz ao país.
O jornal israelense Maariv fez um apelo hoje para que Sharon aceite a iniciativa saudita, dizendo que o primeiro-ministro não cumpriu suas promessas de campanha de garantir a paz e a segurança.
O porta-voz de Sharon, Raanan Gissin, que inicialmente rejeitou a proposta, agora considera as idéias como um desenvolvimento positivo.
Objeções árabes
No mundo árabe, segundo analistas, a maioria dos líderes deverão ser a favor da proposta, com a provável exceção do Iraque e da Líbia.
A Síria seria um elemento essencial para a iniciativa.
O país, que quase chagou a um acordo de paz com Israel em 2000 sobre as Colinas de Golã, ainda não se pronunciou sobre a proposta saudita.
Para a Arábia Saudita, o diálogo de paz com Israel pode ajudar a melhorar a imagem do país, prejudicada pelos atentados de 11 de setembro, que tiveram a participação de pelo menos 15 sauditas.
Com informações da Reuters
Leia mais no especial Oriente Médio
Proposta saudita de paz em Israel recebe elogios
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Líderes mundiais aprovaram a idéia proposta pela Arábia Saudita trocar terra pela paz, que poderia ser bem aceita por Israel e ajudar a melhorar o prestígio dos países árabes depois dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.
O presidente norte-americano, George W. Bush, telefonou para o príncipe Abdullah para felicitá-lo pela iniciativa.
"O presidente elogiou as idéias do príncipe em relação à normalização total das relações entre árabes e israelenses depois da realização de um acordo de paz abrangente", disse o porta-voz da Casa Branca.
Abdullah, em comentários feitos de forma quase casual durante uma entrevista para o jornal "The New York Times" há nove dias, disse ter considerado pedir ao mundo árabe para oferecer a paz e relações plenas com Israel se o país devolvesse todas as terras ocupadas durante a guerra de 1967, incluindo Jerusalém.
"Trata-se de uma proposta interessante porque o que Israel deseja é o reconhecimento por parte do mundo árabe como um todo", disse o acadêmico israelense Joel Peters, lembrando que o governo saudita havia recusado uma aproximação com Israel na época do acordo de paz de Oslo.
Apesar de ser apenas uma idéia não formalizada, a proposta tem sido bem aceita -- mas dois importantes líderes regionais, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, e o presidente sírio, Bashar al-Assad, ainda não deram seu parecer.
Num primeiro momento o gabinete de Sharon recebeu a proposta saudita com frieza, ao considerá-la uma operação de fachada, mas vários ministros do Likud, o partido de Sharon, declararam ultimamente que essa proposta de paz era digna de interesse.
A imprensa israelense pediu ao governo de Sharon que "dê uma oportunidade" para a iniciativa saudita.
Mas o alto representante da União Européia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Javier Solana, que se reuniu com Sharon hoje, afirmou que ele "considera a proposta uma idéia interessante, disse que gostaria de conhecer mais detalhes do plano e afirmou que estaria pronto para encontrar qualquer representante da Arábia Saudita, de maneira foral, informal, pública ou discreta, para ter acesso a melhores informações sobre essa iniciativa",
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse na segunda-feira que a proposta é "um passo importante" a ser analisado.
O alto representante da União Européia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Javier Solana, encurtou a viagem que fazia por Israel para viajar para Jeddah amanhã, se reunir com Abdullah e analisar os detalhes da proposta. Será o primeiro encontro do príncipe saudita com um importante diplomata desde a publicação de sua entrevista, no dia 17 de fevereiro.
Convite
O presidente israelense, Moshe Katzav, convidou Abdullah para visitar Jerusalém e expor suas idéias, já endossadas pelos palestinos e egípcios. Katzav, cujo cargo é basicamente cerimonial, também deverá viajar para a Arábia Saudita, segundo sua porta-voz.
O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, disse que a proposta saudita tem "novos elementos". O ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, disse que a proposta é "de extraordinária importância".
Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental, e a Faixa de Gaza -- terras que os palestinos querem para seu Estado -- em 1967, quando também conquistou as Colinas de Golã da Síria.
Israel aceitou o princípio de terras em troca de paz, mas disse que não vai retornar aos limites geográficos anteriores a 1967 por razões de segurança.
O principal elemento novo na proposta de Abdullah é o reconhecimento de Israel por parte de todo o mundo árabe.
"Queria encontrar uma forma de deixar claro para o povo de Israel que os árabes não os rejeitam ou menosprezam", disse o príncipe. "Mas o povo árabe rejeita o que a liderança israelense está fazendo com os palestinos, que é desumano e opressor."
Para Sharon e muitos israelenses, o problema é devolver todas as terras ocupadas, o que exigiria a desintegração de assentamentos construídos ilegalmente perante a legislação internacional.
Mas, depois de 17 meses de derramamento de sangue, os israelenses começam a se perguntar se a política de Sharon de bloquear qualquer diálogo até o retorno total da calma conseguirá trazer a paz ao país.
O jornal israelense Maariv fez um apelo hoje para que Sharon aceite a iniciativa saudita, dizendo que o primeiro-ministro não cumpriu suas promessas de campanha de garantir a paz e a segurança.
O porta-voz de Sharon, Raanan Gissin, que inicialmente rejeitou a proposta, agora considera as idéias como um desenvolvimento positivo.
Objeções árabes
No mundo árabe, segundo analistas, a maioria dos líderes deverão ser a favor da proposta, com a provável exceção do Iraque e da Líbia.
A Síria seria um elemento essencial para a iniciativa.
O país, que quase chagou a um acordo de paz com Israel em 2000 sobre as Colinas de Golã, ainda não se pronunciou sobre a proposta saudita.
Para a Arábia Saudita, o diálogo de paz com Israel pode ajudar a melhorar a imagem do país, prejudicada pelos atentados de 11 de setembro, que tiveram a participação de pelo menos 15 sauditas.
Com informações da Reuters
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