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01/03/2002
-
07h43
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York
O presidente americano Richard Nixon considerou a hipótese de usar a bomba nuclear na Guerra do Vietnã semanas antes de autorizar o maior envio de tropas para a região desde 1968. A hipótese foi desaconselhada pelo então assessor de segurança nacional, Henry Kissinger.
A revelação está entre as 3.700 horas de fitas secretas gravadas pelo então presidente na Casa Branca, das quais 500 horas foram liberadas para o público ontem pelo Arquivo Nacional, em Maryland. A conversa aconteceu em 25 de abril de 1972.
Os dois discutiam opções de intervenção, entre elas o bombardeio de fábricas e portos. "Não, não, não, não, eu prefiro usar a bomba nuclear", diz Nixon. "Acho que isso seria exagerado", retruca Kissinger. "A bomba nuclear. Isso o incomoda? Só estou querendo que você pense grande", conclui o presidente.
Trigésimo-sétimo ocupante da Casa Branca (1969-1974), que renunciaria por conta do escândalo Watergate dois anos depois, Nixon volta ao assunto Guerra do Vietnã em junho de 1972. Falando com o assessor Charles Colson, refere-se ao país da seguinte maneira: "Nós queremos dizimar aquele maldito lugar".
Numa histórica entrevista dada à "Time" nos anos 80, Nixon, que morreu em abril de 1994, negou que tivesse cogitado a alternativa nuclear: "Eu rejeitei o bombardeio de diques, que teriam afogado 1 milhão de pessoas, pelo mesmo motivo que rejeitei a opção nuclear. Porque os alvos apresentados não eram alvos militares".
Os EUA foram o único país a usar a bomba nuclear -em agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
No dia 6 daquele mês, a cidade japonesa de Hiroshima foi atingida; três dias depois, seria a vez de Nagasaki. Mais de 140 mil pessoas morreram então.
Contra judeus
O Arquivo Nacional vem divulgando partes das conversas de forma periódica, graças a um acordo com a família de Nixon. Ontem, porém, foi a primeira vez que pesquisadores tiveram permissão de gravar o material. Até então, apenas transcrições feitas no local eram autorizadas.
As mil fitas liberadas ontem foram gravadas no primeiro semestre de 1972 e cobrem da viagem de Nixon à China ao começo do escândalo Watergate. Os diálogos relativos ao último tópico revelam um Nixon preconceituoso e disposto a mentir.
Em um trecho, o político diz que "nem todos os judeus são ruins", mas que todos são de esquerda, principalmente os que trabalham na mídia, e levanta a possibilidade de culpar essa esquerda pelo escândalo Watergate. Chama ainda o secretário da Justiça Robert Kennedy (1925-1968) de "antipatriota".
Entre as 1.700 horas de fitas liberadas até hoje há o já famoso vácuo de 18,5 minutos, que provavelmente foram apagados por seus assessores ou familiares, durante os quais se acredita que o republicano tenha assumido a culpa pelo caso que levou à renúncia.
Antes e depois disso ele utiliza a também famosa expressão "pistola fumegante", quando sugere que a CIA (agência de inteligência dos EUA) tenha sido utilizada para atrapalhar as investigações do FBI (polícia federal americana) em Watergate.
Nixon cogitou usar bomba atômica
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da Folha de S.Paulo, em Nova York
O presidente americano Richard Nixon considerou a hipótese de usar a bomba nuclear na Guerra do Vietnã semanas antes de autorizar o maior envio de tropas para a região desde 1968. A hipótese foi desaconselhada pelo então assessor de segurança nacional, Henry Kissinger.
A revelação está entre as 3.700 horas de fitas secretas gravadas pelo então presidente na Casa Branca, das quais 500 horas foram liberadas para o público ontem pelo Arquivo Nacional, em Maryland. A conversa aconteceu em 25 de abril de 1972.
Os dois discutiam opções de intervenção, entre elas o bombardeio de fábricas e portos. "Não, não, não, não, eu prefiro usar a bomba nuclear", diz Nixon. "Acho que isso seria exagerado", retruca Kissinger. "A bomba nuclear. Isso o incomoda? Só estou querendo que você pense grande", conclui o presidente.
Trigésimo-sétimo ocupante da Casa Branca (1969-1974), que renunciaria por conta do escândalo Watergate dois anos depois, Nixon volta ao assunto Guerra do Vietnã em junho de 1972. Falando com o assessor Charles Colson, refere-se ao país da seguinte maneira: "Nós queremos dizimar aquele maldito lugar".
Numa histórica entrevista dada à "Time" nos anos 80, Nixon, que morreu em abril de 1994, negou que tivesse cogitado a alternativa nuclear: "Eu rejeitei o bombardeio de diques, que teriam afogado 1 milhão de pessoas, pelo mesmo motivo que rejeitei a opção nuclear. Porque os alvos apresentados não eram alvos militares".
Os EUA foram o único país a usar a bomba nuclear -em agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
No dia 6 daquele mês, a cidade japonesa de Hiroshima foi atingida; três dias depois, seria a vez de Nagasaki. Mais de 140 mil pessoas morreram então.
Contra judeus
O Arquivo Nacional vem divulgando partes das conversas de forma periódica, graças a um acordo com a família de Nixon. Ontem, porém, foi a primeira vez que pesquisadores tiveram permissão de gravar o material. Até então, apenas transcrições feitas no local eram autorizadas.
As mil fitas liberadas ontem foram gravadas no primeiro semestre de 1972 e cobrem da viagem de Nixon à China ao começo do escândalo Watergate. Os diálogos relativos ao último tópico revelam um Nixon preconceituoso e disposto a mentir.
Em um trecho, o político diz que "nem todos os judeus são ruins", mas que todos são de esquerda, principalmente os que trabalham na mídia, e levanta a possibilidade de culpar essa esquerda pelo escândalo Watergate. Chama ainda o secretário da Justiça Robert Kennedy (1925-1968) de "antipatriota".
Entre as 1.700 horas de fitas liberadas até hoje há o já famoso vácuo de 18,5 minutos, que provavelmente foram apagados por seus assessores ou familiares, durante os quais se acredita que o republicano tenha assumido a culpa pelo caso que levou à renúncia.
Antes e depois disso ele utiliza a também famosa expressão "pistola fumegante", quando sugere que a CIA (agência de inteligência dos EUA) tenha sido utilizada para atrapalhar as investigações do FBI (polícia federal americana) em Watergate.
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