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04/03/2002 - 02h13

Senadora colombiana é torturada e morta

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da Folha de S.Paulo

A senadora colombiana Martha Catalina Daniels, que tentava negociar a libertação de dois reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), foi assassinada com dois tiros na cabeça. O corpo, encontrado em um barranco em Zipacón, cerca de 40 km a oeste de Bogotá, apresentava sinais de tortura.

Também foram mortas duas outras pessoas que acompanhavam Daniels em uma viagem, o motorista Carlos Lozano e Ana Medina, mulher de um dos reféns cuja liberdade era negociada.

Daniels, 48, era membro do Partido Liberal, o maior da oposição na Colômbia. O assassinato acontece uma semana antes das eleições legislativas do país (no dia 10 de março) e menos de três meses antes das eleições presidenciais, no dia 26 de maio.

Segundo a polícia, tudo leva a crer que as Farc sejam responsáveis pela morte da senadora, embora a guerrilha não tenha comentado nada sobre o crime.

O serviço secreto colombiano (DAS) afirmou que Daniels dispensara a escolta colocada à sua disposição para ir a Zipacón, onde aparentemente não faria nada relacionado às eleições. A senadora não era candidata à reeleição.

Daniels é o quarto membro do Congresso a ser morta com violência desde o ano passado. O conflito entre o governo e a guerrilha já causou 40 mil mortes no país em uma década.

O presidente do país, Andrés Pastrana, pôs fim ao processo de paz com as Farc no mês passado depois que os rebeldes raptaram um avião comercial para sequestrar um senador.

As Farc, que têm 17 mil combatentes, sequestraram a candidata a presidente Ingrid Betancourt no dia 23 de fevereiro, quando ela seguia por uma estrada que leva a San Vicente del Caguán, antiga "capital das Farc" na zona de 42 mil km2 que era desmilitarizada antes do fim do processo de paz.

A guerrilha exige a libertação de membros que foram presos em troca de seus reféns (além da candidata, cinco deputados e um governador provincial).

Integrante do comitê de Relações Exteriores do Senado, Daniels havia expressado preocupação pelo ambiente de insegurança que rodeia todos os congressistas colombianos, mas ninguém sabia se ela havia recebido ameaças diretas, disse o presidente do Parlamento, o liberal Carlos García.

A senadora ficou conhecida em 1996, quando o Congresso colombiano julgou e absolveu o presidente liberal Ernesto Samper (1994-98), acusado de ter recebido US$ 6 milhões dos narcotraficantes do cartel de Cali para financiar sua campanha eleitoral. Na época, Daniels se destacou como forte aliada a Samper, que ontem declarou estar "perplexo" com o assassinato.

Os ministros do Interior, Armando Estrada, e do Trabalho, Angelino Garzón, rechaçaram o crime em nome do governo e convidaram os candidatos ao Congresso e à Presidência a "levar em conta as recomendações sobre segurança que lhes fazem os organismos competentes".

Os líderes políticos também rechaçaram o assassinato de Daniels, cujos quatro filhos foram morar no exterior por razões de segurança. Os candidatos às eleições legislativas e presidenciais denunciaram a falta de garantias para o processo eleitoral e pediram o fim da violência para que as eleições ocorram normalmente.

O candidato a presidente do Partido Liberal, Horacio Serpa, declarou estar "indignado e surpreendido", descrevendo a morte da senadora como "uma desgraça para a democracia colombiana".

Serpa ficaria em segundo lugar se as eleições fossem hoje, com 24% das intenções de voto, de acordo com uma pesquisa divulgada ontem na Colômbia. Ele está atrás do liberal dissidente Alvaro Uribe, que tem 59,5%. Já Betancourt tem apenas 0,7%.

"Creio que o exterior considera os colombianos uns irracionais absolutos, que se acostumaram a viver com a violência", disse o candidato a presidente esquerdista, também da oposição, Luis Eduardo Garzón (com 1,2% das intenções de voto).

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