08/03/2002 - 10h13

Milosevic envolve Bin Laden na guerra de Kosovo

da France Presse, em Haia (Holanda)

O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic mostrou hoje no TPI (Tribunal Penal Internacional) de Haia, na Holanda, um documento atribuído ao FBI (polícia federal dos EUA) segundo o qual Osama Bin Laden e a rede Al Qaeda estiveram envolvidos na guerra de Kosovo.

Milosevic, que interrogava o militante kosovar pelos direitos humanos Sabit Kadriu, testemunha de acusação, perguntou se ele conhecia as atividades de Osama Bin Laden, da Al Qaeda e dos mujahidins em Kosovo.

Kadriu respondeu que as acusações eram fruto da imaginação de Milosevic, e o presidente do TPI, Richard May, perguntou ao ex-dirigente iugoslavo de onde procediam as informações. Foi então que Milosevic exibiu um documento supostamente elaborado em dezembro passado pelo FBI, que reúne as atividades da Al Qaeda e dos mujahidins (combatentes islâmicos formados em sua maioria no Afeganistão) no conflito de Kosovo. O documento ficou registrado na secretaria do TPI.

Na fase preparatória do julgamento, Milosevic já havia evocado a ligação de Bin Laden com os separatistas kosovares. Em entrevista concedida em dezembro passado, Borislav Milosevic, irmão do ex-presidente, afirmou que o Exército de Libertação de Kosovo (UCK) tinha "ligações diretas" com a Al Qaeda.

Ao interrogar Kadriu, Milosevic insistiu nas múltiplas atrocidades cometidas, segundo ele, pelo UCK contra os sérvios de Kosovo. "O senhor sabe quantos habitantes de Kosovo tiveram que fugir dessa Província por causa da violência albanesa? Sabe ou não?", questionou Milosevic. Kadriu disse nunca ter ouvido falar nessa violência: "Quem se atreveria a cometer tais atos estando Milosevic no poder?".

Em resposta às acusações feitas ontem por Kadriu, sobre as atrocidades cometidas pelas forças sérvias, Milosevic sustentou que "nem o Exército nem a polícia estiveram envolvidos em crimes de guerra".

Milosevic é acusado de responsabilidade na expulsão de 800 mil albaneses de Kosovo em 1999 e no assassinato de 9.000 deles. O ex-presidente responderá mais tarde às acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra durante o conflito na Bósnia.

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