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09/03/2002 - 10h57

Líder propõe plesbicito para decidir a reunificação da Irlanda

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da Folha Online

O primeiro-ministro da Irlanda do Norte, o protestante David Trimble, propôs hoje um plebiscito para decidir sobre a reunificação da Irlanda em 2003, durante um discurso para membros do Partido Unionista do Ulster (UUP).

"Organizemos um referendo de autodeterminação no ano que vem, no dia da eleição da assembléia" local, disse Trimble, que se disse persuadido de que os norte-irlandeses escolherão ficar no Reino Unido não abrindo caminho para a unificação com a República da Irlanda.

Reeleito sem oposição para a liderança do principal partido protestante, Trimble lançou um desafio inesperado aos partidos católicos e, particularmente ao Sinn Fein, a ala política do grupo terrorista IRA, criando surpresa em seu próprio partido.

"Vamos pôr um fim ao blefe dos republicanos", disse Trimble para 860 delegados do partido unionista do Ulster. "A União [com o Reino Unido] é forte", destacou. "Tenho confiança em nossa posição".

Caberá a Londres aceitar ou rejeitar a iniciativa proposta pelo primeiro-ministro da Irlanda do Norte.

Segundo demógrafos norte-irlandeses, a distância numérica entre as duas comunidades seria agora apenas de 4%, numa população total de 1,7 milhão de habitantes.

Das estimativas dos especialistas constam 50% a 51% protestantes, 45% a 46% católicos e 4% pertencentes a outras religiões.

De acordo com os especialistas, os números oficiais - de um censo efetuado em 2001 e que serão publicadas no final do ano- confirmarão a tendência.

Os católicos devem continuar recuperando seu atraso demográfico em relação aos protestantes. O número de crianças escolarizadas já mostra uma clara maioria de católicos nessa idade: 173 mil (50,73%) contra 146 mil protestantes (42,81%) e 22 mil de outras religiões (6,45%).

Se essas estatísticas forem confirmadas oficialmente, correm o risco de provocar um impacto psicológico no seio da comunidade protestante que enfrenta uma crise de identidade e teme por seu futuro político no seio de novas instituições no Ulster.

Muitos protestantes unionistas "ainda estão convencidos de que a Irlanda do Norte é habitada por um terço de católicos e dois terços de protestantes", disse em fevereiro Stephen King, porta-voz do principal partido protestante.

Os acordos de paz de Sexta-Feira Santa, em abril de 1998, ratificados por um referendo em maio desse ano, estipularam a criação de um governo local, onde católicos e protestantes compartilhem o poder, mas cerca da metade da comunidade protestante unionista se opõe a esse complexo sistema político.

Os protestantes unionistas pensam continuar sendo parte integrante do Reino Unido, enquanto que os republicanos católicos defendem uma união com a República da Irlanda.

Os dois principais partidos católicos, o Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), e o SDLP, principal partido católico moderado, representam 44,45% do eleitorado norte-irlandês.

Os unionistas protestantes (majoritários) querem que a região continue ligada ao Reino Unido. Nacionalistas católicos querem apenas a reunificação com a República da Irlanda, um país de maioria católica.

A violência na Irlanda envolve paramilitares unionistas e terroristas católicos, cujo principal grupo é o IRA (Exército Republicano Irlandês), e já matou 3.600 pessoas desde 1969.

 

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