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11/03/2002 - 22h04

Ofensivas israelenses matam 25; Arafat é liberado do confinamento

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da Folha Online

No mesmo dia em que Israel anunciou oficialmente o fim do confinamento do presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, em Ramallah (Cisjordânia), iniciado em meados de dezembro, as ofensivas contra acampamentos de refugiados continuaram. Hoje 25 palestinos foram mortos em ataques na faixa de Gaza e Cisjordânia. Além disso, mais de mil foram presos.

No mais forte dos ataques, 17 palestinos morreram durante uma incursão militar israelense na região do acampamento de Jabaliya, no norte faixa de Gaza.

O premiê de Israel, Ariel Sharon, anunciou hoje que Arafat poderá circular pelos territórios palestinos, porém precisará de autorização israelense para viajar ao exterior. O fim do confinamento aconteceu após a sua Autoridade Nacional Palestina (ANP) ter cumprido exigência de Israel: a prisão dos envolvidos na morte de ministro israelense, em outubro.

No fim deste mês, Arafat pretende ir a Beirute (Líbano) para participar de encontro de cúpula da Liga Árabe que discutirá as idéias de paz do príncipe Abdullah, herdeiro do trono saudita. A proposta é considerada pelos árabes a última chance de Israel conseguir a paz. Israel ainda não decidiu se permitirá a viagem do líder palestino.

Antes do confinamento, Arafat também necessitava de autorização para viajar, mas ela era concedida de forma automática. Agora a permissão "dependerá muito da situação", disse Raanan Gissin, porta-voz de Israel.

A ANP não concordou com a decisão israelense. Arafat deve poder viajar livremente, disse Saeb Erekat, principal negociador palestino.

Outra concessão de Israel nos últimos dias foi o fim da exigência de sete dias de total calmaria antes da retomada do diálogo com os palestinos, feita por Sharon, aparentemente cedendo a pressões dos EUA.

Ofensiva

Tanques entraram em Qalqylia (Cisjordânia), no campo de refugiados de Dheisheh, em Belém, e no de Jabalya (faixa de Gaza). Os soldados anunciaram que todos os homens com idades entre 15 e 45 anos deveriam se entregar em Qalqilya. Mais de mil foram detidos e cinco morreram. Todos tiveram as mãos atadas e os olhos vendados. Ao fim da operação, apenas 66 continuaram presos. Israel argumenta que sua ofensiva pretende deter militantes extremistas e confiscar suas armas.

Os choques mais violentos do dia ocorreram na invasão israelense de Jabalyia, em Gaza. Ao menos 17 palestinos morreram ao resistir à invasão, disseram fontes médicas palestinas.

O grupo extremista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah (grupo político de Arafat), anunciou que atacará Israel em resposta à ofensiva israelense.

Ainda em Gaza, dois palestinos foram mortos em Netzarim (sul) e um em Deir al Balah (região central).

"Banho de sangue"

O dirigente palestino Saeb Erakat disse hoje que o governo israelense provocou um banho de sangue e uma carnificina em Jabalya.

De acordo com Erakat, que lidera as negociações com Israel, os ataques contra Jabaliya "causaram um banho de sangue e constituem o prosseguimento dos massacres e crimes de guerra iniciados por Sharon nos acampamentos de refugiados de Balata, Jenin, Tulkaren, Dheishé e Rafah".

"Nas vésperas da chegada do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, e do emissário americano, Anthony Zinni, Sharon está com as mãos repletas de sangue palestino. Esta é a sua resposta às iniciativas de paz", afirmou Erakat.

O dirigente palestino considerou que "já é hora da comunidade internacional intervir para deter tanto derramamento de sangue".

Nabil Abú Rudeina, conselheiro do presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, disse que os "novos massacres cometidos pelo governo Sharon representam um desafio a todos os esforços internacionais de paz em curso. O governo israelense é totalmente responsável por estes massacres".

Abú Rudeina pediu aos Estados Unidos o envio imediato do general Zinni à região, porque "os israelenses estão explorando a ausência total dos EUA para cometer massacres nos acampamentos palestinos".

Em manifestação de partidários da extrema direita israelense, em Tel Aviv, 60 mil pessoas pediram o fim da ANP e a expulsão de Arafat dos territórios palestinos, dizendo que ele é responsável por atentados contra civis israelenses.

Ao menos 1.037 palestinos e 333 israelenses morreram desde a eclosão da Intifada, há 17 meses.

Com Folha de S.Paulo e agências internacionais

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