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22/04/2007 - 00h00

Atiradores matam 23 membros de minoria religiosa no Iraque

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da Folha Online

Um grupo de homens armados matou 23 membros da minoria religiosa Yazidi no norte do Iraque neste domingo, no mesmo dia em que a explosão de dois carros-bomba em Bagdá deixou ao menos 12 mortos. Os yazidis são um pequeno grupo concentrado majoritariamente no norte da cidade de Mossul, 360 km ao noroeste de Bagdá, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).

Eles são primordialmente curdos e veneram uma figura de anjo considerada demoníaca por alguns muçulmanos e cristãos.

A AP informou que homens armados em vários carros pararam um ônibus que transportava os yazidis por volta das 14h (7h de Brasília). Eles checaram os cartões de identificação dos passageiros e ordenaram aos cristãos que descessem do veículo, segundo o policial Mohammed al Wagga.

Os passageiros estavam sendo transportados de uma fábrica de tecidos de Mossul para suas casa na cidade de Bashika, que tem uma população mista de cristãos e yazidis.

O ônibus foi seqüestrado com os yazidis dentro. Eles foram levados para o leste de Mossul, alinhados em frente a uma parede e executados a tiros, disse Al Wagga.

Reação

Depois das mortes, a AP relatou que centenas de Yazidis tomaram as ruas de Bashika para protestar. Lojas foram atacadas e muitos residentes muçulmanos se trancaram em suas casas por medo de ataques em represália.

Um porta-voz da polícia da Província de Ninevah disse que as execuções eram uma resposta ao assassinato, há duas semanas, de uma mulher yazidi que havia se convertido ao islamismo.

A mulher tinha se apaixonado por um muçulmano e depois de se converter fugiu com ele, afirmou a polícia. Parentes desaprovaram os atos e a trouxeram de volta a Bashika, onde ela foi apedrejada até a morte.

Explosões

Também hoje, a explosão de dois carros-bombas que se chocaram contra uma estação de polícia em Bagdá deixou ao menos 12 pessoas mortas. Foi um dos piores ataques contra forças de segurança iraquianas desde o início da nova estratégia para a estabilização da capital, lançada em meados de fevereiro, após uma semana particularmente sangrenta.

Os carros-bombas, dirigidos por terroristas suicidas, deixaram outras 95 pessoas feridas no bairro predominantemente xiita de Al Bayaa, no sudoeste de Bagdá, segundo a polícia.

Apesar da intenção aparente de matar policiais e militares, a maioria dos mortos deste atentado é civil.

As explosões danificaram a estação policial e destruíram uma garagem ao lado, onde destroços ruíram sobre uma dúzia de carros.

"Olhe a situação que os iraquianos estão vivendo. Há explosões toda vez que uma pessoa tenta sair para ganhar seu sustento", disse uma testemunha.

Derrocada

Forças de segurança dos Estados Unidos e do Iraque enviaram milhares de soldados novos para Bagdá nos últimos dois meses, em uma tentativa de interromper a derrocada do país rumo a uma guerra civil total entre a maioria xiita e a minoria sunita que dominava durante o regime do ditador Saddam Hussein.

Ali Jasim/Reuters
Iraquianos observam destruição causada por carros-bomba em estação de polícia de Bagdá
Iraquianos observam destruição causada por carros-bomba em estação de polícia de Bagdá

O aumento no número de tropas reduziu as matanças sectárias de esquadrões da morte, mas os carros-bomba ainda atingem a cidade com freqüência assustadora. Uma onda de carros-bomba matou cerca de 200 pessoas na última quarta-feira, que se tornou o segundo dia mais sangrento no Iraque desde o início do conflito com a invasão americana em 2003.

Para o comandante do Exército americano no Iraque, general David Petraeus, o aumento das tropas alcançou progressos modestos, mas um aumento no número de atentados suicidas tornou incerto o sucesso final da empreitada.

Petraeus e outros altos oficiais do Exército dos EUA afirmaram ao jornal "Washington Post" que a estratégia de aumentar o número de soldados conseguiu melhorar a segurança em Bagdá e na Província de Anbar, mas o número de ataque aumentou consideravelmente em outras regiões do país.

"Acho que nunca vamos nos livrar de todos os carros-bomba", disse o general. "O Iraque terá de aprender a conviver com um certo grau de ataques, como, por exemplo, fez a Irlanda do Norte", completou

Muros de Concreto

O Exército americano informou hoje que está construindo muros de concreto para proteger cinco bairros de Bagdá. Alguns residentes tem reclamado que o muro poderá os isolar e piorar as tensões sectárias.

Maya Alleruzzo/AP
Soldado americano patrulha vila de Al Majahreen, 40 km a leste de Bagdá
Soldado americano patrulha vila de Al Majahreen, 40 km a leste de Bagdá

"Não estamos isolando os bairros, apenas controlando o acesso a eles. É uma tática, não é uma mudança na estratégia para dividir Bagdá de acordo com critérios sectários", disse o porta-voz militar Scott Bleichwehel.

O anúncio de que mais "comunidades fechadas" estão sendo construídas chega depois que o Exército dos EUA disse na última semana que está construindo um muro de 5 km em torno de um bastião sunita na cidade.

Barreiras de concreto de até 3,5 metros de altura deverão cercar Adhamiya, uma área predominantemente sunita que é rodeada em três lados por comunidades xiitas.

Semana sangrenta

O pior ataque registrado na última semana ocorreu na quarta-feira (18) --o segundo dia mais sangrento desde a invasão da coalizão liderada pelos Estados Unidos, em 2003. Ao menos 140 pessoas morreram no mercado de Sadriyah, em Bagdá. Em 3 de fevereiro, o mesmo mercado havia sofrido outro ataque, no qual ao menos 127 pessoas morreram.

O recorde é de 23 de novembro de 2006, quando a explosão coordenada de vários carros-bomba matou 202 pessoas no bairro de Sadr City, na capital --ao menos 256 foram mortas em todo o país, segundo a contagem da agência de notícias Associated Press.

Em outro ataque também na quarta-feira, um carro-bomba conduzido por um suicida matou 30 pessoas nas proximidades de um posto de checagem em Sadr City, bairro predominantemente xiita na periferia de Bagdá que abriga a base do clérigo Moqtada al Sadr.

Al Sadr prega a saída das tropas americanas do Iraque. Um terceiro carro-bomba matou outras dez pessoas em Bagdá. Outros 11 civis morreram e 13 ficaram feridos após a explosão de um carro-bomba perto de um hospital e um mercado em Karradah, no centro da capital.

Em outro atentado, quatro policiais morreram e seis civis ficaram feridos quando um carro-bomba atingiu um posto da polícia ao sul de Bagdá.

Nesta quinta-feira,uma nova explosão de carro-bomba matou ao menos 12 pessoas.

Com Associated Press e Reuters

 

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