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16/04/2007 - 00h00

Ministros fiéis a clérigo radical xiita deixam governo no Iraque

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da Folha Online

Seis ministros leais ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr formalizaram sua saída do governo iraquiano nesta segunda-feria, em protesto à recusa do premiê Nouri al Maliki de estabelecer um cronograma para a retirada das tropas americanas do Iraque.

O movimento de Sadr, que conta com o apoio da população pobre xiita, mantinha seis ministros no governo, além de 30 dos 120 parlamentares da coalizão xiita que lidera o governo. O anúncio aponta divisão na aliança que dá base ao governo de Maliki.

Embora o apoio do grupo ligado ao clérigo fosse importante para o governo, o suposto envolvimento da milícia armada Exército de Mehdi --leal a Sadr-- em vários episódios de violência sectária no país causam constrangimento para o governo iraquiano.

Os líderes políticos ligados a Sadr acusam Maliki de "ignorar a vontade do povo" em relação à questão da retirada das tropas americanas do Iraque, além de falhar em garantir a manutenção dos serviços essenciais e da segurança. A Cidade de Sadr, região do subúrbio de Bagdá, é considerada o principal bastião dos seguidores do clérigo.

"O premiê tem que seguir a vontade do povo iraquiano. Milhões saíram às ruas e demonstraram que desejam um cronograma para a retirada dos soldados dos EUA", afirmou o líder do bloco ligado a Sadr no Parlamento, Nassar al Rubaie, em coletiva.

Dezenas de milhares de iraquianos foram às ruas da cidade xiita de Najaf na semana passada para protestar contra a permanência dos 140 mil soldados da coalizão liderada pelos EUA no Iraque. Sadr não aparece em público há algum tempo.

Autoridades americanas afirmam que ele está no Irã, mas seus seguidores dizem que o clérigo continua no Iraque.

Maliki aceitou os pedidos de renúncia dos ministros, e reiterou que as tropas americanas só deixarão o país quando as forças iraquianas asssumirem o controle da segurança.

EUA

Em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, afirmou que a saída dos seis ministros ligados a Sadr não derrubará o governo de Maliki.

"Se os sadristas querem deixar o governo, não significa que Maliki perderá a maioria", disse.

O presidente americano, George W. Bush, que deve enviar 30 mil soldados adicionais ao Iraque, está sob pressão do Congresso americano liderado pelos democratas para estabelecer uma previsão para a retirada das tropas. Bush rejeita até agora a exigência.

Segundo Hazim al Nu'aimy, professor de Ciências Políticas da Universidade de Mustansiriya, em Bagdá, a saída faz parte de um "jogo político" e não deve agravar a crise no país.

"Isto é uma manobra política. Não é a primeira vez que eles deixam o governo", disse, lembrando que o movimento de Al Sadr manterá suas 30 cadeiras no Parlamento.

Em janeiro, os sadristas deram fim a um boicote de dois meses ao Parlamento, também ocasionado à recusa de Maliki em estabelecer um cronograma para a saída das tropas.

Ataques

Neste domingo, ao menos 34 pessoas morreram e cem ficaram feridas em ataques a bomba em distritos xiitas de Bagdá. As novas ações ocorreram um dia depois que 65 pessoas morreram em ataques a bomba em várias regiões do Iraque, e três dias após um atentado suicida contra o Parlamento iraquiano que matou o legislador sunita Mohammed Awad.

Uma operação militar lançada pelos EUA há dois meses em Bagdá visa deter a violência no Iraque, que ameaça mergulhar o país em um conflito civil.

No entanto, as forças americanas e iraquianas têm dificuldade para deter terroristas suicidas. O número de ataques com carros-bomba aumentou.

A violência sectária entre xiitas e sunitas cresceu após o ataque contra um importante santuário xiita em Samarra em fevereiro de 2006.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas desde então em todo o país.

Parlamento

O ataque da quinta-feira ao Parlamento ocorreu na Zona Verde, área de segurança máxima que abriga representações diplomáticas, como a Embaixada dos EUA. A ação, uma das mais ousadas já cometidas contra a área ultraprotegida, foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico no Iraque, ligado à Al Qaeda.

O atentado é a mais recente indicação de que insurgentes conseguem se infiltrar na fortificada Zona Verde para realizar atentados. Recentemente, o Exército dos EUA informou que dois cinturões com explosivos foram encontrados dentro da área protegida.

No mês passado, um morteiro atingiu a área, matando quatro pessoas. Dias antes, outro morteiro acertou o prédio onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, realizava uma coletiva de imprensa. Não houve relato de feridos no incidente.

O mais grave atentado ocorrido dentro da Zona Verde ocorreu em 14 de outubro de 2004, quando insurgentes detonaram explosivos em um mercado e em um café, matando seis pessoas. Foi a primeira vez que houve registro de um ataque dentro da área.

Em 25 de novembro de 2004, um morteiro matou quatro funcionários de uma empresa britânica e feriu outras 12 pessoas dentro da Zona Verde.

Em 29 de janeiro de 2005, insurgentes atacaram a Embaixada dos EUA em Bagdá com um foguete, matando dois cidadãos americanos --um civil e um membro da Marinha.

Com agências internacionais

 

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