Homens armados matam ao menos 50 pessoas no Iraque

Homens armados atacaram a tiros um distrito sunita na cidade de Tal Afar, no noroeste do Iraque, matando ao menos 50 pessoas em uma aparente represália aos ataques a bomba que deixaram outros 50 mortos nesta terça-feira na região, informou a polícia.

"Grupos armados xiitas mataram sunitas dentro de suas casas. Mais de 50 morreram", afirmou Najim al Jubouri, prefeito de Tal Afar, que fica próxima da fronteira com a Síria.

Segundo ele, 18 pessoas foram detidas. Um toque de recolher foi imposto na cidade.

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, ordenou um inquérito para investigar relatos de que o grupo armado incluía policiais de suas forças de segurança, segundo fontes oficiais.

Tensões entre xiitas e sunitas se acirram em Tal Afar. Ontem, diversos ataques mataram ao menos 77 pessoas no Iraque. No pior ataque, dois caminhões-bomba explodiram em mercados em Tal Afar (norte do Iraque) e deixaram ao menos 50 pessoas mortas.

"Eu gostaria que vocês pudessem ver todos os corpos caídos no chão. Não temos lugar suficiente nos hospitais. Todas as vítimas receberam tiros na cabeça", disse um médico do principal hospital de Tal Afar por telefone.

Khorshid Saleem, chefe da 3ª Divisão do Exército em Tal Afar, estimou os mortos em 70.

Também hoje, dois carros-bomba explodiram perto de um posto de controle do Exército iraquiano perto da base militar dos EUA em Fallujah, matando oito soldados iraquianos.

Em Bayaa, bairro na área sudeste de Bagdá, a explosão de outro carro-bomba matou duas pessoas e feriu ao menos outras dez.

Ataques com gás

Nesta quarta-feira, rebeldes explodiram dois caminhões lotados de gás cloro perto do prédio do governo iraquiano local em Fallujah, no oeste do Iraque, nesta quarta-feira, na mais recente ação com gás tóxico no país, de acordo com informações do Exército americano.

Ao menos 15 soldados dos EUA e do Iraque ficaram feridos nas explosões, e muitos sofreram intoxicação. "Vários soldados iraquianos e policiais estão sendo atendidos devido a sintomas como náuseas, falta de ar, irritação na pele e vômitos, sintomas da inalação de gás cloro", disse o Exército americano em um comunicado.

Segundo a nota, não houve mortos no "complexo ataque", realizado com o uso de morteiros, armas de pequeno porte e dos dois caminhões-bomba. A polícia iraquiana identificou o suicida que detonou o primeiro caminhão, que explodiu antes de atingir o edifício, segundo o anúncio.

Soldados iraquianos notaram a intenção do segundo suicida e tentaram detê-lo com tiros, fazendo com que o segundo veículo-bomba fosse detonado na entrada do complexo.

Comandantes americanos e o governo iraquiano atribuíram à rede terrorista Al Qaeda a maior parte dos ataques rebeldes com gás cloro ocorridos recentemente em Anbar, Província de maioria sunita no oeste do Iraque.

Fábrica

O Exército dos EUA alega ter descoberto uma fábrica de bombas de gás tóxico em Fallujah.

Em 17 de março, rebeldes colocaram três bombas de gás cloro em um mesmo dia em pontos próximos de Fallujah e de Ramadi, a capital da Província de Anbar.

O gás cloro, que se transforma do estado sólido ou líquido para um gás ao ser detonado, causa queimaduras graves quando inalado e pode levar à morte. Ele foi largamente utilizado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

O ex-ditador Saddam Hussein atacou regiões curdas do Iraque com armas químicas durante a década de 80, no período da guerra entre Irã e Iraque.

Com agências internacionais