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16/03/2002
-
08h55
da Folha de S.Paulo
A Igreja Católica precisa enfrentar questões como o celibato e o homossexualismo de seus padres e a ordenação de mulheres, afirmou ontem o editorial do jornal da arquidiocese de Boston .
O editorial do "The Pilot", o mais antigo jornal católico dos EUA, é parte de uma edição especial dedicada inteiramente ao escândalo sobre padres pedófilos que envolve a arquidiocese, a quarta maior dos EUA.
Também incluídos na edição especial estão uma defesa do cardeal de Boston, Bernard Law, pelo ex-prefeito de Boston Raymond Flynn e um artigo sobre o que católicos devem dizer a seus filhos sobre o abuso sexual.
"Mesmo que nossas aflições atuais na arquidiocese desaparecessem repentinamente, essas questões ganharam urgência e não desaparecerão silenciosamente", afirmou o editorial, intitulado "Questões que precisam ser enfrentadas".
Acadêmicos disseram que o jornal não poderia ter mencionado a questão sem o consentimento de Law, publisher do "The Pilot". Eles afirmaram que a abertura de uma discussão sobre assuntos tão delicados é uma medida de quão profundamente o escândalo sobre o abuso sexual de crianças por padres afetou a arquidiocese e seus 2 milhões de católicos.
"Algo aconteceu", disse Thomas O'Connor, historiador da Faculdade de Boston. "Esse é um evento significativo e uma possível mudança de mentalidade na arquidiocese de Boston."
A decisão também tem implicações nacionais, senão globais, porque Law é o mais importante prelado dos EUA, disse O'Connor. "Outros bispos observarão seu exemplo. Não estou dizendo que o seguirão, mas há uma certa influência não apenas do homem, mas também do lugar", afirmou.
"Quando ele vai a Roma, é o principal clérigo dos EUA e tem uma relação muito próxima com o papa", afirmou O'Connor.
Ciro Benedettini, porta-voz do Vaticano, disse que a Santa Sé não tinha comentários a fazer sobre o artigo, acrescentando que as opiniões do papa João Paulo 2º sobre o assunto são conhecidas.
"O papa já falou sobre isso. Ele disse que o celibato permanece, é um grande dom para a igreja. Ele falou claramente a favor do celibato", afirmou Benedettini.
Law está no centro de uma controvérsia que começou com o julgamento de um padre local e, desde então, expandiu-se até se tornar o maior escândalo da história da Igreja Católica americana. O padre, John Geoghan, hoje afastado, está cumprindo pena por ter molestado uma criança.
Desde que as acusações contra Geoghan vieram a público, dioceses nos Estados de Maine, Califórnia, New Hampshire e Pensilvânia suspenderam padres sob a alegação de que eles molestaram crianças. A própria arquidiocese de Boston adotou uma política de "tolerância zero", entregando a promotores uma lista de 80 padres suspeitos de abusar crianças sexualmente nos últimos 50 anos.
O editorial pergunta se o celibato deve continuar sendo a regra para padres; se o celibato aumenta o número de escândalos sexuais; se um número desproporcional de homens homossexuais são atraídos ao sacerdócio e por que muitos católicos não estão convencidos de que a intenção de Jesus era a de que apenas homens exercessem o sacerdócio.
Apesar de o editorial não tentar responder às questões, o simples fato de levantá-las é uma mudança, afirmou O'Connor. "Até mesmo mencionar essas questões era proibido. Agora, temos o jornal da diocese discutindo-as."
Com agências internacionais
Após escândalo sexual, igreja de Boston questiona celibato
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A Igreja Católica precisa enfrentar questões como o celibato e o homossexualismo de seus padres e a ordenação de mulheres, afirmou ontem o editorial do jornal da arquidiocese de Boston .
O editorial do "The Pilot", o mais antigo jornal católico dos EUA, é parte de uma edição especial dedicada inteiramente ao escândalo sobre padres pedófilos que envolve a arquidiocese, a quarta maior dos EUA.
Também incluídos na edição especial estão uma defesa do cardeal de Boston, Bernard Law, pelo ex-prefeito de Boston Raymond Flynn e um artigo sobre o que católicos devem dizer a seus filhos sobre o abuso sexual.
"Mesmo que nossas aflições atuais na arquidiocese desaparecessem repentinamente, essas questões ganharam urgência e não desaparecerão silenciosamente", afirmou o editorial, intitulado "Questões que precisam ser enfrentadas".
Acadêmicos disseram que o jornal não poderia ter mencionado a questão sem o consentimento de Law, publisher do "The Pilot". Eles afirmaram que a abertura de uma discussão sobre assuntos tão delicados é uma medida de quão profundamente o escândalo sobre o abuso sexual de crianças por padres afetou a arquidiocese e seus 2 milhões de católicos.
"Algo aconteceu", disse Thomas O'Connor, historiador da Faculdade de Boston. "Esse é um evento significativo e uma possível mudança de mentalidade na arquidiocese de Boston."
A decisão também tem implicações nacionais, senão globais, porque Law é o mais importante prelado dos EUA, disse O'Connor. "Outros bispos observarão seu exemplo. Não estou dizendo que o seguirão, mas há uma certa influência não apenas do homem, mas também do lugar", afirmou.
"Quando ele vai a Roma, é o principal clérigo dos EUA e tem uma relação muito próxima com o papa", afirmou O'Connor.
Ciro Benedettini, porta-voz do Vaticano, disse que a Santa Sé não tinha comentários a fazer sobre o artigo, acrescentando que as opiniões do papa João Paulo 2º sobre o assunto são conhecidas.
"O papa já falou sobre isso. Ele disse que o celibato permanece, é um grande dom para a igreja. Ele falou claramente a favor do celibato", afirmou Benedettini.
Law está no centro de uma controvérsia que começou com o julgamento de um padre local e, desde então, expandiu-se até se tornar o maior escândalo da história da Igreja Católica americana. O padre, John Geoghan, hoje afastado, está cumprindo pena por ter molestado uma criança.
Desde que as acusações contra Geoghan vieram a público, dioceses nos Estados de Maine, Califórnia, New Hampshire e Pensilvânia suspenderam padres sob a alegação de que eles molestaram crianças. A própria arquidiocese de Boston adotou uma política de "tolerância zero", entregando a promotores uma lista de 80 padres suspeitos de abusar crianças sexualmente nos últimos 50 anos.
O editorial pergunta se o celibato deve continuar sendo a regra para padres; se o celibato aumenta o número de escândalos sexuais; se um número desproporcional de homens homossexuais são atraídos ao sacerdócio e por que muitos católicos não estão convencidos de que a intenção de Jesus era a de que apenas homens exercessem o sacerdócio.
Apesar de o editorial não tentar responder às questões, o simples fato de levantá-las é uma mudança, afirmou O'Connor. "Até mesmo mencionar essas questões era proibido. Agora, temos o jornal da diocese discutindo-as."
Com agências internacionais
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