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25/03/2008 - 22h49

China permite entrada de grupo reduzido de jornalistas no Tibete

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da Folha Online

Um reduzido grupo de jornalistas estrangeiros foi autorizado a viajar na quarta-feira (26) a Lhasa, após os recentes distúrbios ocorridos na capital tibetana, anunciou nesta terça um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.

Qin Gang disse que foi preparada uma série de entrevistas com os afetados, assim como visitas aos locais destruídos pelos manifestantes, "para que a imprensa estrangeira possa conhecer a realidade da situação no Tibete".

Sobre os jornalistas estrangeiros expulsos das zonas dos protestos, o porta-voz disse que eles foram afastados do lugar "para preservar sua segurança".

Diante das queixas de alguns meios de comunicação por não serem incluídos no grupo autorizado a viajar para Lhasa, Quin declarou que para escolher os repórteres foram adotados princípios de "eqüidade", e prometeu outras "expedições" nas próximas semanas.

No primeiro grupo escolhido não há jornalistas da América Latina, afirmou à agência de notícias Efe o Ministério das Relações Exteriores chinês.

A China não permite há anos que jornalistas estrangeiros trabalhem em Lhasa e estabelece uma ou duas viagens ao ano para repórteres com visitas programadas pelo governo comunista da região autônoma tibetana.

No ano passado, o gigante asiático lançou uma nova regulação para que a imprensa estrangeira tivesse mais facilidade de trabalhar fora de cidades como Pequim ou Xangai, mas manteve seu veto ao Tibete.

Pressão

A China foi pressionada nesta terça no órgão da ONU para direitos humanos para acabar com a repressão violenta no Tibete. Países membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU pediram o fim das restrições sobre viagens e informação e do uso da violência para conter os protestos no Tibete.

A União Européia, em discurso no Conselho, instou Pequim a parar de usar a força contra a onda de protestos de tibetanos, iniciados no dia 10 de março --data do 49º aniversário de um levante fracassado contra o domínio chinês.

Os EUA, Austrália, Canadá e a Suíça também pediram à China que acabe com as restrições sobre viagens e informação no Tibete. A imprensa estrangeira está proibida de entrar no território chinês, o que dificulta saber a dimensão real dos abusos aos direitos humanos.

A China, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU cuja influência econômica a torna um importante aliado de países ricos e pobres, raramente enfrenta críticas diretas nas Nações Unidas.

Se dirigindo ao Conselho nesta terça, a ONG Anistia Internacional citou relatos de que manifestantes no Tibete foram "aparentemente atacados apenas por sua identidade étnica, resultando em mortes, ferimentos e danos à propriedade".

"Ao restaurar a ordem, as autoridades chinesas recorreram a medidas que violam os padrões e leis dos direitos humanos internacionais", afirmou a organização, que também pediu ao Conselho que avalie questões de longo prazo, como restrições sobre as práticas religiosas tibetanas e a exclusão da população do Tibete dos ganhos econômicos chineses.

Na semana passada, 65 organizações de direitos humanos da Ásia pediram um sessão especial do Conselho sobre o Tibete, assim como foram realizadas sobre os territórios palestinos, a região sudanesa de Darfur e Mianmar, onde militares reprimiram violentamente protestos liderados por monges em 2007.

A Comissária da ONU para Direitos Humanos, Louise Arbour, disse na semana passada que Pequim --sede dos Jogos Olímpicos em agosto-- precisa dar relatos e reais e confiáveis da situação no Tibete.

"A China está pronta para abrir sua porta para 30 mil jornalistas em agosto", disse Arbour a uma rede de TV canadense. "Por que não pode abrir sua porta para um ou dois jornalistas estrangeiros interessados no que está acontecendo no Tibete, assim como no que acontecerá na Olimpíada?", questionou a comissária.

Mortes

O primeiro-ministro do governo tibetano no exílio, Samdhong Rinpoche, afirmou nesta terça que 140 pessoas morreram nos conflitos ocorridos no Tibete. "Esta cifra é procedente de nossas fontes no Tibete", afirmou o primeiro-ministro na cidade de Dharamsala (norte da Índia), sede do governo tibetano no exílio.

"O balanço é de 140 mortos. Este balanço diz respeito à noite desta segunda-feira e inclui o conjunto do Tibete", afirmou. Nesta segunda-feira, o saldo divulgado por Rinpoche era de 130 mortos. Apesar de divulgar o novo balanço, o próprio primeiro-ministro afirmou que é impossível verificar o número preciso de mortos.

Segundo as autoridades chinesas, o balanço oficial dos distúrbios é de 19 mortos, sendo 18 civis "inocentes" e um policial. Como a imprensa tem o acesso vetado à região do Tibete as informações não têm como ser comprovadas.

Dalai-lama

O dalai-lama reiterou nesta terça em Nova Déli que renunciará "se as manifestações violentas continuarem".

"Deixei sempre claro que a expressão de emoções profundas deve estar sob controle. Se estão fora de controle, não temos opções. Se as manifestações violentas continuarem, renunciarei", disse o dalai-lama, em declarações divulgadas pela agência PTI.

O líder budista pediu que os tibetanos se contenham e não escolham a violência contra o povo chinês. "Sempre respeitei a população chinesa, o comunismo chinês. Muitos dos manifestantes tibetanos são ideologicamente comunistas. Tanto dentro quanto fora da China, se nas manifestações forem utilizados métodos violentos, sou totalmente contra", disse.

Com Reuters, Associated Press e Efe

 

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