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21/03/2002 - 20h27

EUA suspeitam que Sendero Luminoso cometeu o atentado no Peru

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da Folha Online

Os Estados Unidos suspeitam que o atentado à bomba que ocorreu perto da embaixada americana em Lima (Peru) nesta madrugada foi causado pelo grupo terrorista Sendero Luminoso.

A explosão ocorreu por volta das 22h45 de ontem [0h45 de hoje em Brasília] na frente de um banco no Centro Comercial El Polo, no bairro de Surco, que fica na quadra em frente à Embaixada dos EUA. Uma carga explosiva de 50 kg foi colocada debaixo de um automóvel estacionado. Nove pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas.

O atentado ocorreu alguns dias antes da visita do presidente americano George W. Bush ao país. Apesar disso ele anunciou que manterá a agenda e chegará ao Peru no sábado. É o primeiro ocorrido nos oito meses de governo do presidente Alejandro Toledo.

"Uns terroristazinhos não impedirão que eu faça o que tenho de fazer", afirmou Bush hoje após ter sido informado sobre o atentado. "Às vezes parece que a ameaça do terror está indo embora, mas tudo o que se deve fazer é olhar a TV hoje e ser lembrado sobre o quão maus são esses assassinos", disse.

O presidente disse ter idéia de quem são os autores do atentado. "Eles já estiveram por aí antes", disse. Funcionários do governo americano suspeitam do grupo maoísta Sendero Luminoso, que teve seu auge nos anos 80. O principal líder do grupo, Abimael Guzmán, foi preso em 1992.

As suspeitas do governo peruano também recaem sobre o MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru). Outra hipóteses considerada é a de participação de grupos terroristas internacionais ou ligados a Vladimiro Montesinos, o ex-chefe do serviço de inteligência durante o governo de Alberto Fujimori (1990-2000) e que está preso sob acusação de corrupção, tortura e assassinato.

Porta-vozes do Sendero Luminoso e do MRTA, grupo que também foi praticamente desmantelado durante o governo Fujimori, negaram a autoria. Os porta-vozes argumentaram que os seus grupos costumam reivindicar suas ações armadas e disseram que um atentado os prejudicaria porque pode endurecer as condições carcerárias para seus integrantes presos.

Já os especialistas dão força à hipótese americana. Segundo eles, a explosão segue um padrão adotado no passado pelo Sendero Luminoso, com uma espoleta simples ativada de longe.

O presidente Alejandro Toledo interrompeu sua viagem ao México, onde participava de conferência da ONU, para retornar ao país. "O Peru não permitirá que o terrorismo ressurja. Usaremos uma mão de ferro por um lado, e, por outro, a lei", afirmou Toledo. Para ele, a ação pretende "atingir um país que tomou a decisão de reconstruir a democracia".

Toledo afirmou que há garantias de segurança suficientes para a visita de Bush. Ontem, o ministro do Interior, Fernando Rospigliosi, havia anunciado duras medidas de segurança durante a visita, que incluem o fechamento de ruas e a proibição de qualquer tráfego aéreo sobre Lima nas cerca de 17 horas que Bush permanecer na cidade. Além do presidente dos EUA, devem participar do encontro os presidentes de Peru, Colômbia e Bolívia e o vice-presidente do Equador.

A polícia havia sido avisada por um telefonema anônimo poucos minutos antes da explosão. Alguns policiais que fazem a guarda da embaixada americana perceberam uma fumaça que saía debaixo de uma Kombi branca estacionada. Dos nove mortos, ao menos dois eram policiais. Segundo a Embaixada dos EUA, nenhum cidadão americano morreu.

A bomba também causou estragos nos edifícios próximos e em pelo menos dez veículos, entre eles um carro de polícia. O edifício da embaixada, afastado da rua, não foi atingido. A rua ficou cheia de vidros quebrados, tijolos e pedaços de carros.

Uma outra bomba já havia explodido no fim da tarde de ontem em Lima, em frente à sede da Telefónica, sem ferir ninguém. Segundo a polícia, um homem deixou o explosivo num pacote e fugiu.

Com Folha de S.Paulo e agências internacionais

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