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Agricultores da Argentina anunciam suspensão do locaute por um mês
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da Efe, em Buenos Aires
As quatro entidades que representam os produtores agropecuários da Argentina anunciaram nesta quarta-feira a suspensão por 30 dias do locaute comercial e dos bloqueios de estradas iniciados há três semanas em protesto contra os impostos às exportações de grãos.
As cúpulas da Federação Agrária Argentina (FAA), das Confederações Rurais Argentinas (CRA), da Sociedade Rural Argentina (SRA) e da Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro) decidiram levantar a paralisação para buscar um acordo com o governo.
"Vamos abastecer as cidades e buscar outros métodos de luta. Este é um ponto de inflexão, mas a luta continua até a vitória", disse o dirigente rural Juan Echeverría, que afirmou que os agricultores voltarão a fazer manifestações em um mês se suas reivindicações não forem atendidas.
A suspensão do locaute, iniciado em 13 de março, foi anunciada pelos dirigentes rurais em um ato convocado pelos agricultores na cidade de Gualeguaychú (270 quilômetros ao norte de Buenos Aires), epicentro dos maiores protestos contra a política agropecuária do governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner.
Segundo os organizadores, 30 mil agricultores participaram do ato em defesa dos interesses do setor.
"Soluções"
O presidente da CRA, Mario Llambías, disse que, durante a suspensão do locaute, será estudada "uma agenda" que inclua "soluções" para o setor de cereais, carnes bovinas e laticínios.
Llambías disse ainda que os produtores pedirão a formação de uma "mesa de política agropecuária permanente" com funcionários que "tenham poder político de decisão" e "também conhecimento do setor".
O campo "continua em estado de alerta e mobilização", declarou Llambías, que recomendou aos agricultores que vendam "somente o necessário" de suas plantações, se não receberem o valor "que corresponde".
Em uma mensagem lida no ato, as organizações do campo destacaram que a mobilização destes 21 dias "não tem precedentes na história" do país e "também não lembram de antecedentes do apoio caloroso e espontâneo de todos os cidadãos".
Apoio
"Alguns ingredientes desta manifestação imensa e em massa relacionados com as vias de fato não foram objeto de nossa decisão deliberada e calma: foram-nos impostos pelas circunstâncias por todos conhecidas e determinaram que fosse essa a única forma de conseguir que nos ouvissem", declararam.
Os agricultores disseram que antes de iniciar o protesto haviam "tentado, até o cansaço, as vias normais" de diálogo com o governo.
O locaute começou depois que o governo anunciou, em 11 de março, um novo esquema de impostos às exportações de soja, girassol, trigo e milho, com taxa variável de acordo com as cotações internacionais destes grãos.
O conflito gerou um duro confronto entre agricultores e o governo, que na segunda-feira passada anunciou compensações aos pequenos produtores, que, na prática, pagarão os mesmos impostos às exportações que vigoraram até 11 de março.
Desabastecimento
Como parte de seu protesto, os agricultores impediram a passagem de caminhões com alimentos e matérias-primas para as indústrias, o que provocou desabastecimento em todo o país e problemas para a produção fabril.
A grande maioria dos bloqueios às estradas já foram levantados e o abastecimento de alimentos começou a se normalizar.
"Queremos voltar à normalidade da convivência e ao trabalho. Nosso maior desejo é que sejam restabelecidas o mais rápido possível as condições que permitam um diálogo calmo e profundo", afirmaram os produtores.
"Essas condições não devem ser simplificadas superficialmente, reduzindo-se a nossa aceitação imediata de medidas que não resolvem o problema de fundo", diz a declaração das entidades.
"Desejamos apresentar propostas, ouvir razões e buscar juntos as soluções que não se esgotem nos temas de conjuntura", acrescentaram, antes de reivindicar que o Legislativo seja a instância que estabeleça os impostos, em vez do Executivo.
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