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26/03/2002
-
05h57
JAMES BENNET
do "The New York Times"
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, apresentou ao primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um dilema: permitir que o líder palestino Iasser Arafat escape de seu cerco e atenda ao encontro da Liga Árabe em Beirute (Líbano) ou arriscar deixar Israel com a imagem de sabotador da oferta de paz árabe para o Oriente Médio.
Em resumo, ele pediu a Sharon para deixar de lado suas exigências para autorizar a viagem de Arafat e conceda pelo menos uma vitória de curto prazo - mais uma - ao inimigo histórico.
Cheney se posicionou ao lado da liderança palestina e dos países árabes, declarando que o encontro poderá ser mais produtivo com a presença de Arafat.
O problema para Sharon é que Arafat - chamado de "inimigo amargo de Israel" por Sharon, que o comparou ao terrorista saudita Osama bin Laden e desejou sua morte_ não cumpriu as condições impostas para participar do encontro dos líderes árabes na capital libanesa: o líder palestino deveria ter acertado e cumprido um cessar-fogo. Além disso, em reunião do gabinete israelense no domingo, Sharon afirmou que Arafat não deu ordem aos palestinos para pararem os ataques.
Tempo reduzido
Ontem, o enviado norte-americano para o Oriente Médio, Anthony Zinni, mediou mais uma rodada de conversações para negociar um cessar-fogo entre autoridades de segurança israelenses e palestinas.
O negociador propôs criar uma espécie de ponte para reduzir as diferenças nas propostas para implementação do cessar-fogo, e os dois lados estariam estudando as sugestões norte-americanas.
Ainda que um cessar-fogo seja acertado, nenhum dos lados terá condições de julgar se o outro lado está cumprindo a trégua em tempo de decidir se Arafat terá de fazer as malas para ir a Beirute participar da reunião.
Para um possível encontro com Arafat nesta semana, Cheney impôs a mesma condição de Sharon: um cessar-fogo duradouro. Embora o vice-presidente aparentemente deseje que os israelenses levantem suas condições, ele se nega a fazer o mesmo. No domingo, Cheney afirmou que não irá se encontrar com Arafat agora.
O governo do presidente George W. Bush talvez utilize o artifício de um possível encontro de Cheney com Arafat para encorajar o líder palestino a manter um discurso de paz no encontro da Liga Árabe.
Publicamente defendendo a viagem de Arafat para Beirute, Cheney está deixando Sharon sem saída. Mas, ao mesmo tempo, o vice dos EUA concede alguma proteção ao premiê na política doméstica de Israel.
Será difícil para os críticos mais duros do premiê, que estão se multiplicando, atacar Sharon caso a viagem de Arafat seja vista como uma concessão a um pedido dos EUA, o mais importante aliado de Israel.
O governo Bush está sob pressão dos países árabes, em particular da Arábia Saudita, para que seja permitida a viagem de Arafat para Beirute. Os americanos temem que, sem a participação de Arafat no encontro, em vez de serem discutidas as propostas de paz sauditas (leia texto ao lado), o foco da atenção em Beirute acabe sendo as críticas às políticas de Israel e dos EUA na região, tirando fôlego da proposta saudita.
Algumas autoridades israelenses dizem que Arafat secretamente não estaria disposto a ir para Beirute, pois poderia ser confrontado com algum tipo de responsabilidade no processo de paz.
Palestinos dizem que Sharon é contrário a qualquer iniciativa pela paz, pois pretende continuar ocupando a Cisjordânia e a faixa de Gaza.
Há um outro ponto relevante neste jogo de xadrez diplomático: Israel poderia se beneficiar com a ida de Arafat para Beirute caso isso ajude os EUA, seu maior aliado, a atingir seu principal objetivo, que é atrair apoio dos países árabes a uma possível ofensiva contra o Iraque.
Leia mais no especial Oriente Médio
Análise: O dilema de Sharon
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do "The New York Times"
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, apresentou ao primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, um dilema: permitir que o líder palestino Iasser Arafat escape de seu cerco e atenda ao encontro da Liga Árabe em Beirute (Líbano) ou arriscar deixar Israel com a imagem de sabotador da oferta de paz árabe para o Oriente Médio.
Em resumo, ele pediu a Sharon para deixar de lado suas exigências para autorizar a viagem de Arafat e conceda pelo menos uma vitória de curto prazo - mais uma - ao inimigo histórico.
Cheney se posicionou ao lado da liderança palestina e dos países árabes, declarando que o encontro poderá ser mais produtivo com a presença de Arafat.
O problema para Sharon é que Arafat - chamado de "inimigo amargo de Israel" por Sharon, que o comparou ao terrorista saudita Osama bin Laden e desejou sua morte_ não cumpriu as condições impostas para participar do encontro dos líderes árabes na capital libanesa: o líder palestino deveria ter acertado e cumprido um cessar-fogo. Além disso, em reunião do gabinete israelense no domingo, Sharon afirmou que Arafat não deu ordem aos palestinos para pararem os ataques.
Tempo reduzido
Ontem, o enviado norte-americano para o Oriente Médio, Anthony Zinni, mediou mais uma rodada de conversações para negociar um cessar-fogo entre autoridades de segurança israelenses e palestinas.
O negociador propôs criar uma espécie de ponte para reduzir as diferenças nas propostas para implementação do cessar-fogo, e os dois lados estariam estudando as sugestões norte-americanas.
Ainda que um cessar-fogo seja acertado, nenhum dos lados terá condições de julgar se o outro lado está cumprindo a trégua em tempo de decidir se Arafat terá de fazer as malas para ir a Beirute participar da reunião.
Para um possível encontro com Arafat nesta semana, Cheney impôs a mesma condição de Sharon: um cessar-fogo duradouro. Embora o vice-presidente aparentemente deseje que os israelenses levantem suas condições, ele se nega a fazer o mesmo. No domingo, Cheney afirmou que não irá se encontrar com Arafat agora.
O governo do presidente George W. Bush talvez utilize o artifício de um possível encontro de Cheney com Arafat para encorajar o líder palestino a manter um discurso de paz no encontro da Liga Árabe.
Publicamente defendendo a viagem de Arafat para Beirute, Cheney está deixando Sharon sem saída. Mas, ao mesmo tempo, o vice dos EUA concede alguma proteção ao premiê na política doméstica de Israel.
Será difícil para os críticos mais duros do premiê, que estão se multiplicando, atacar Sharon caso a viagem de Arafat seja vista como uma concessão a um pedido dos EUA, o mais importante aliado de Israel.
O governo Bush está sob pressão dos países árabes, em particular da Arábia Saudita, para que seja permitida a viagem de Arafat para Beirute. Os americanos temem que, sem a participação de Arafat no encontro, em vez de serem discutidas as propostas de paz sauditas (leia texto ao lado), o foco da atenção em Beirute acabe sendo as críticas às políticas de Israel e dos EUA na região, tirando fôlego da proposta saudita.
Algumas autoridades israelenses dizem que Arafat secretamente não estaria disposto a ir para Beirute, pois poderia ser confrontado com algum tipo de responsabilidade no processo de paz.
Palestinos dizem que Sharon é contrário a qualquer iniciativa pela paz, pois pretende continuar ocupando a Cisjordânia e a faixa de Gaza.
Há um outro ponto relevante neste jogo de xadrez diplomático: Israel poderia se beneficiar com a ida de Arafat para Beirute caso isso ajude os EUA, seu maior aliado, a atingir seu principal objetivo, que é atrair apoio dos países árabes a uma possível ofensiva contra o Iraque.
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