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16/04/2002 - 06h02

Chávez substitui comando do Exército

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da Folha de S.Paulo

O presidente Hugo Chávez anunciou ontem a nomeação do general Julio García Montoya como novo comandante-geral do Exército, em substituição ao general Efraín Vásquez, que participou na noite de quinta-feira do golpe que tentou derrubá-lo do poder.

Vásquez e outros quatro oficiais foram detidos e confinados no Forte Tiuna, principal quartel de Caracas, enquanto o líder empresarial Pedro Carmona, que passou pouco mais de um dia como presidente provisório, foi levado para sua casa, para cumprir prisão domiciliar, após permanecer confinado na sede da Disip (serviço de inteligência).

Entre os militares detidos estão ainda o contra-almirante Carlos Molina Tamayo, que havia passado compulsoriamente à reserva recentemente por criticar o presidente e pedir sua renúncia, o vice-almirante Héctor Ramírez Pírez, nomeado ministro da Defesa por Carmona, e outros dois oficiais identificados apenas como general Chacón Quintana e general Pereira.

Segundo o ministro da Defesa, José Vicente Rangel, os cinco oficiais estão presos pela acusação de rebelião militar. Segundo Rangel, todos terão direito ao "devido processo legal". Os outros militares detidos na tomada do palácio presidencial de Miraflores, no sábado, já foram libertados, de acordo com o ministro.

Em declarações ontem, Chávez já havia dito que Carmona "provavelmente" voltaria para casa". "O mais provável é que ele volte a sua casa. É um homem, um ser humano, que foi usado e que me dá pena", afirmou, acrescentando ainda que Vásquez também poderia ser libertado, desde que aceite sua expulsão compulsória do Exército.

Além da substituição de Vásquez, Chávez anunciou o general de divisão Nelson Benitez Verde para o comando unificado das Forças Armadas, no lugar do general de divisão Manuel Antonio Rosendo, e o coronel Armirien Moreno como chefe da Casa Militar, no lugar do general-de-brigada José Aquiles Vietri, que passou à direção da Academia Militar.

Dúvidas
As mudanças promovidas por Chávez não eliminam as dúvidas sobre o panorama político venezuelano por conta da participação de grupos militares no fracassado golpe de quinta-feira.

Para os analistas, o clima de conflito social permanecerá nos próximos meses, e o futuro de Chávez dependerá em grande parte de sua atitude em relação às Forças Armadas. "Serão os militares quem orientarão o futuro do país", afirma o analista político Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis.

As Forças Armadas estariam dividias em três grupos: um "chavista", que o apóia incondicionalmente, um "institucional", que rechaça a politização dos militares e prega o respeito à Constituição, e um "radical", politicamente oposto a Chávez desde sua frustrada tentativa de golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992.

Para León, Chávez conhecia a existência dos grupos chavista e radical, mas desconhecia o grupo institucional, supostamente liderado pelo general Efraín Vásquez. O ex-comandante do Exército teve papel fundamental na crise política, porque apoiou inicialmente o governo provisório liderado por Carmona, mas depois condicionou seu apoio ao retorno ao Estado de Direito, após o anúncio da dissolução dos Três Poderes.

Para León, Chávez terá primeiro de negociar com o setor militar para "pacificar o país", ouvindo as críticas e procurando resolver as causas do aparente descontentamento militar.

Para o analista Manuel Felipe Sierra, uma demonstração de conciliação por parte de Chávez seria o desmonte dos Círculos Bolivarianos, brigadas de choque do chavismo que, segundo ele, "acentuam o conflito".

Com agências internacionais


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