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16/04/2002
-
06h05
da Folha de S.Paulo
O governo de Hugo Chávez deu ordens para que as Forças Armadas abrissem fogo contra os manifestantes no episódio em Caracas que levou ao temporário afastamento do presidente, acusou ontem um alto funcionário do governo dos EUA, que pediu para não ter seu nome revelado.
Ele disse ainda que o líder venezuelano precisa agora refletir sobre essa ordem "tão imoral e ilegal". "Também acho que [Chávez] deve refletir sobre sua relação com os países vizinhos, com movimentos radicais do mundo e sobre suas relações com regimes fracassados, incluídos aqueles como Cuba, Irã e Líbia."
Depois de ter colocado a culpa do golpe de quinta-feira em Chávez e de ter de voltar atrás menos de 72 horas depois, o Departamento de Estado norte-americano optou oficialmente agora por adotar postura mais cautelosa em relação à crise venezuelana.
"Nós saudamos a oportunidade que os venezuelanos têm agora, mas queremos ver o retorno à democracia", afirmou o porta-voz Philip Reeker. Ele disse ainda que Washington esperaria os resultados de uma missão de investigação da Organização dos Estados Americanos antes de tirar novas conclusões sobre a situação.
A atitude da chancelaria norte-americana na semana passada foi duramente criticada por analistas políticos e pela imprensa. O fato de os EUA não terem condenado o golpe "danifica a credibilidade do país" como defensor da democracia na América Latina, disse Michael Shifter, da Diálogos Inter-Americanos, ONG baseada em Washington.
"O país não se saiu muito bem e sua reação foi frustrante", disse Shifter. "[O Departamento de Estado" nem sequer percebeu que se tratava de uma série desordenada de eventos."
A reação dos EUA só veio reforçar uma antiga crítica feita à administração George W. Bush, segundo a qual seu governo não tem política externa consistente para a América Latina, com a exceção óbvia do vizinho México.
É o que afirmou ontem o diário "The Wall Street Journal", em seu principal editorial, intitulado "O Homem de Castro em Caracas": "Talvez o fiasco Chávez faça com que a elite americana (...) pare de dar ouvido a seus rancores da época da Guerra Fria e comece a se preocupar com os problemas atuais daquela região".
A mesma opinião tem Stephen Johnson, analista político para a América Latina da Fundação Heritage: "Embora tenha criticado a interrupção da ordem constitucional, [a administração Bush" colocou a culpa em Chávez, o que provocou protestos que, em resposta, só tornaram mais vigorosas as reações do presidente".
Johnson, porém, concorda com a postura atual do Departamento de Estado: "A reticência pode ser uma estratégia astuta, pois evita a guerra de palavras". Agora, acreditam os analistas, o desafio da chancelaria será construir um diálogo viável com o "novo" governo do mesmo presidente.
Leia mais no especial Venezuela
Chávez mandou atirar na multidão, dizem EUA
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O governo de Hugo Chávez deu ordens para que as Forças Armadas abrissem fogo contra os manifestantes no episódio em Caracas que levou ao temporário afastamento do presidente, acusou ontem um alto funcionário do governo dos EUA, que pediu para não ter seu nome revelado.
Ele disse ainda que o líder venezuelano precisa agora refletir sobre essa ordem "tão imoral e ilegal". "Também acho que [Chávez] deve refletir sobre sua relação com os países vizinhos, com movimentos radicais do mundo e sobre suas relações com regimes fracassados, incluídos aqueles como Cuba, Irã e Líbia."
Depois de ter colocado a culpa do golpe de quinta-feira em Chávez e de ter de voltar atrás menos de 72 horas depois, o Departamento de Estado norte-americano optou oficialmente agora por adotar postura mais cautelosa em relação à crise venezuelana.
"Nós saudamos a oportunidade que os venezuelanos têm agora, mas queremos ver o retorno à democracia", afirmou o porta-voz Philip Reeker. Ele disse ainda que Washington esperaria os resultados de uma missão de investigação da Organização dos Estados Americanos antes de tirar novas conclusões sobre a situação.
A atitude da chancelaria norte-americana na semana passada foi duramente criticada por analistas políticos e pela imprensa. O fato de os EUA não terem condenado o golpe "danifica a credibilidade do país" como defensor da democracia na América Latina, disse Michael Shifter, da Diálogos Inter-Americanos, ONG baseada em Washington.
"O país não se saiu muito bem e sua reação foi frustrante", disse Shifter. "[O Departamento de Estado" nem sequer percebeu que se tratava de uma série desordenada de eventos."
A reação dos EUA só veio reforçar uma antiga crítica feita à administração George W. Bush, segundo a qual seu governo não tem política externa consistente para a América Latina, com a exceção óbvia do vizinho México.
É o que afirmou ontem o diário "The Wall Street Journal", em seu principal editorial, intitulado "O Homem de Castro em Caracas": "Talvez o fiasco Chávez faça com que a elite americana (...) pare de dar ouvido a seus rancores da época da Guerra Fria e comece a se preocupar com os problemas atuais daquela região".
A mesma opinião tem Stephen Johnson, analista político para a América Latina da Fundação Heritage: "Embora tenha criticado a interrupção da ordem constitucional, [a administração Bush" colocou a culpa em Chávez, o que provocou protestos que, em resposta, só tornaram mais vigorosas as reações do presidente".
Johnson, porém, concorda com a postura atual do Departamento de Estado: "A reticência pode ser uma estratégia astuta, pois evita a guerra de palavras". Agora, acreditam os analistas, o desafio da chancelaria será construir um diálogo viável com o "novo" governo do mesmo presidente.
Leia mais no especial Venezuela
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