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17/04/2002 - 21h52

Kissinger deve colaborar em investigação sobre Operação Condor

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da Efe, em Nova York

O ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger está disposto a cooperar com o juiz espanhol Baltasar Garzón na investigação sobre a repressão a opositores de esquerda na América do Sul nos anos 70.

William Rogers, porta-voz da empresa de consultoria do ex-diplomata em Nova York, Kissinger Associados, afirmou que Kissinger sempre cooperou quando foi solicitado e pode fazê-lo novamente, mas por meio do governo dos EUA.

De qualquer forma, Kissinger diz que até o momento não recebeu nenhum pedido concreto de Garzón em relação à sua atuação na chamada Operação Condor, na qual vários ditadores sul-americanos coordenaram a repressão aos setores de esquerda.

"Esse é um assunto oficial e a maneira mais efetiva é colocá-lo nas mãos do governo dos Estados Unidos, que tenho certeza que responderá a todas as questões incorporando o que Kissinger puder lembrar de algo que aconteceu há 25 anos", comentou.

Rogers disse que entrou em contato com o Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional, e seus representantes mostraram sua disposição de responder os questionários sobre esse assunto de política exterior dos Estados Unidos.

O porta-voz de Kissinger não quis responder diretamente se o ex-secretário de Estado, que agora está em viagem em Hong Kong, mantém sua visita de 24 de abril para Londres, onde Garzón quer interrogá-lo. "Não posso falar sobre a agenda de Kissinger", ressaltou.

Garzón, titular do 5º Tribunal Central de Instrução da Audiência Nacional espanhola, solicitou às autoridades do Reino Unido a autorização para interrogar Kissinger em Londres sobre a Operação Condor.

Acredita-se que Kissinger participará da convenção anual do Instituto de Diretores (IoD), que será realizada no Albert Hall de Londres.

O ex-secretário de Estado deve fazer uma conferência chamada "Globalização: sua autêntica natureza e impacto".

O depoimento de Kissinger, que foi secretário de Estado durante o mandato dos presidente Richard Nixon e Gerald Ford, seria realizado no âmbito do Convênio Europeu de Cooperação Judicial em matéria de luta contra o terrorismo.

Em fevereiro, Kissinger cancelou uma viagem prevista para São Paulo para evitar protestos das organizações defensoras dos direitos humanos que o acusam de ter apoiado a Operação Condor.

Essa operação foi uma rede de colaboração criada nos anos 70 pelas ditaduras de vários países sul-americanos para perseguir e eliminar seus opositores políticos de esquerda.

Kissinger, que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pretendia visitar São Paulo para participar das celebrações do 65º aniversário da Congregação Israelense Paulista, uma das principais organizações da comunidade judaica do país. Ele seria condecorado pelo presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Em junho de 2001, o juiz francês Roger Le Loire, que formaliza um processo contra Augusto Pinochet pelo desaparecimento de franceses durante a ditadura chilena, enviou uma comissão aos Estados Unidos para ouvir o testemunho do ex-secretário de Estado, mas não obteve sucesso.

O juiz tem em suas mãos vários documentos assinados pelo próprio Kissinger que fazem referência ao Plano Condor e mostram que no início de 1976, quando Kissinger era chefe da diplomacia de Washington, os Estados Unidos já estavam a par dessa operação.
 

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