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18/04/2002
-
05h01
ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo
O frustrado golpe contra Hugo Chávez provocou um forte racha na oposição ao presidente. A organização baseada na aliança entre empresários e sindicalistas, que permitiu a realização de uma bem sucedida greve geral e uma megamanifestação em Caracas com dezenas de milhares de participantes, na quinta-feira passada, foi uma das vítimas do golpe.
A euforia inicial com a derrubada de Chávez, na madrugada de sexta-feira, deu lugar a uma sensação de frustração, provocada pelo malsucedido governo provisório encabeçado pelo líder empresarial Pedro Carmona, que suspendeu a Constituição e dissolveu o Judiciário e o Legislativo.
A CTV (principal central sindical do país), que se havia unido à Fedecámaras (principal associação de empresários), da qual Carmona era presidente, para realizar os protestos contra Chávez, sente-se traída pelos acontecimentos.
"Sem dúvida nenhuma, os grupos que radicalizaram ficaram totalmente desmobilizados", afirma o analista político Ángel Alvarez, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Central da Venezuela. "Parte da oposição está frustrada, e outra está buscando caminhos desesperados."
"As pessoas estão muito assustadas e desgostosas com o que aconteceu. Se estavam denunciando o autoritarismo de Chávez, nunca poderiam ter apoiado uma ditadura como a de Carmona", diz a analista Isabel Carlota Bacalao, professora da Escola Superior de Guerra Naval.
"Os venezuelanos estão com um sabor amargo na boca com tudo o que aconteceu, com a caça às bruxas promovida pelo governo provisório, com detenções arbitrárias, com a depredação da embaixada de Cuba", diz ela. "Voltamos à realidade de uma grande oposição numérica ao presidente por uma sociedade não organizada, com forte potencial anárquico", afirma.
Assembléia
No campo político, o cenário é praticamente inverso. A oposição é menos numerosa, mas tenta se organizar para tentar pressionar o presidente nos âmbitos constitucionais, com a possibilidade, por exemplo, de abrir um julgamento político pelas mortes ocorridas na megamanifestação de quinta-feira -ao menos 15.
Chávez tem hoje uma maioria precária na Assembléia Nacional, com o apoio de 85 dos 165 deputados. Após as últimas eleições legislativas, em julho de 2000, eram 107 os deputados que o apoiavam, mas suas disputas com antigos aliados comeram parte do apoio.
O partido de Chávez, o MVR (Movimento Quinta República), é a força mais numerosa na Assembléia Nacional, com 76 deputados. O que tem garantido a maioria ao governo nas votações é o apoio de sete deputados dissidentes do MAS (Movimento ao Socialismo), que deixou o governo em maio do ano passado, com uma bancada de 21 deputados.
Na oposição, a força majoritária é a AD (Ação Democrática), do ex-presidente Carlos Andrés Pérez (1974-79 e 1989-93), com 29 deputados. A AD anunciou ontem que denunciará Chávez pelas mortes de quinta e que não o reconhece como presidente. "Chávez não é o presidente legítimo da República", afirmou o secretário-geral do partido, Rafael Marín.
Mas a possível união da oposição no Legislativo para tentar derrubar Chávez por meio de um impeachment enfrenta dificuldades pela desmoralização dos partidos de centro-direita Copei e Primeiro Justiça (cinco deputados cada), por causa da participação de seus membros no governo provisório de Pedro Carmona.
Leia mais no especial Venezuela
Levante frustrado rachou oposição na Venezuela
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da Folha de S.Paulo
O frustrado golpe contra Hugo Chávez provocou um forte racha na oposição ao presidente. A organização baseada na aliança entre empresários e sindicalistas, que permitiu a realização de uma bem sucedida greve geral e uma megamanifestação em Caracas com dezenas de milhares de participantes, na quinta-feira passada, foi uma das vítimas do golpe.
A euforia inicial com a derrubada de Chávez, na madrugada de sexta-feira, deu lugar a uma sensação de frustração, provocada pelo malsucedido governo provisório encabeçado pelo líder empresarial Pedro Carmona, que suspendeu a Constituição e dissolveu o Judiciário e o Legislativo.
A CTV (principal central sindical do país), que se havia unido à Fedecámaras (principal associação de empresários), da qual Carmona era presidente, para realizar os protestos contra Chávez, sente-se traída pelos acontecimentos.
"Sem dúvida nenhuma, os grupos que radicalizaram ficaram totalmente desmobilizados", afirma o analista político Ángel Alvarez, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Central da Venezuela. "Parte da oposição está frustrada, e outra está buscando caminhos desesperados."
"As pessoas estão muito assustadas e desgostosas com o que aconteceu. Se estavam denunciando o autoritarismo de Chávez, nunca poderiam ter apoiado uma ditadura como a de Carmona", diz a analista Isabel Carlota Bacalao, professora da Escola Superior de Guerra Naval.
"Os venezuelanos estão com um sabor amargo na boca com tudo o que aconteceu, com a caça às bruxas promovida pelo governo provisório, com detenções arbitrárias, com a depredação da embaixada de Cuba", diz ela. "Voltamos à realidade de uma grande oposição numérica ao presidente por uma sociedade não organizada, com forte potencial anárquico", afirma.
Assembléia
No campo político, o cenário é praticamente inverso. A oposição é menos numerosa, mas tenta se organizar para tentar pressionar o presidente nos âmbitos constitucionais, com a possibilidade, por exemplo, de abrir um julgamento político pelas mortes ocorridas na megamanifestação de quinta-feira -ao menos 15.
Chávez tem hoje uma maioria precária na Assembléia Nacional, com o apoio de 85 dos 165 deputados. Após as últimas eleições legislativas, em julho de 2000, eram 107 os deputados que o apoiavam, mas suas disputas com antigos aliados comeram parte do apoio.
O partido de Chávez, o MVR (Movimento Quinta República), é a força mais numerosa na Assembléia Nacional, com 76 deputados. O que tem garantido a maioria ao governo nas votações é o apoio de sete deputados dissidentes do MAS (Movimento ao Socialismo), que deixou o governo em maio do ano passado, com uma bancada de 21 deputados.
Na oposição, a força majoritária é a AD (Ação Democrática), do ex-presidente Carlos Andrés Pérez (1974-79 e 1989-93), com 29 deputados. A AD anunciou ontem que denunciará Chávez pelas mortes de quinta e que não o reconhece como presidente. "Chávez não é o presidente legítimo da República", afirmou o secretário-geral do partido, Rafael Marín.
Mas a possível união da oposição no Legislativo para tentar derrubar Chávez por meio de um impeachment enfrenta dificuldades pela desmoralização dos partidos de centro-direita Copei e Primeiro Justiça (cinco deputados cada), por causa da participação de seus membros no governo provisório de Pedro Carmona.
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