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18/04/2002
-
08h53
da Folha Online
O ex-rei do Afeganistão Mohammad Zahir Shah, 87, de retorno ao país depois de 29 anos de exílio, chegou hoje à sua residência no centro de Cabul, diretamente do aeroporto.
Um comboio de cerca de 20 veículos, fazendo soar suas sirenes, parou às 12h10 locais (4h40 de Brasília) diante da residência, onde estavam postados muitos guarda-costas e policiais com coletes à prova de balas.
O ex-rei, que governou o Afeganistão por 40 anos até 1973, quando foi deposto, afirmou que deu uma série de dicas no encontro. Figura-chave no cenário político afegão.
O ex-rei é lembrado como um modernizador do Afeganistão, que deu direito de voto às mulheres e criou a primeira universidade. Fluente em várias línguas e apreciador de poesia persa, ele é acusado por seus críticos de ter vivido alheio aos conflitos nacionais.
Foi derrubado por um primo quando estava de férias na Itália, em 1973. A partir daí, o país mergulhou num ciclo de guerras civis que matou 1,5 milhão de pessoas, deixou 2 milhões de feridos e fez 5 milhões de refugiados.
Zahir volta agora, como símbolo de unidade nacional, para presidir a Loya Jirga, assembléia tradicional que vai escolher uma liderança e um sistema político para o país, abrindo uma nova etapa depois da derrubada do regime islâmico do Taliban, no fim de 2001.
O antigo monarca pertence à etnia pashtun, a mesma de Karzai. Os pashtuns, maioria no país, esperam que a presença do rei incline a balança a seu favor na Loya Jirga. O principal ponto de tensão é com os tadjiques, do norte, que controlam vários cargos no governo provisório e foram importantes aliados dos norte-americanos em sua campanha militar.
Recepção
O retorno do ex-rei é um assunto ainda delicado no Afeganistão. Por isso, não houve recepção popular e rádios e TVs não transmitiram o evento. Só havia bandeiras e faixas no aeroporto. Por questões de segurança, sua volta foi adiada em um mês e ele contou com 50 seguranças italianos na viagem.
"Gostaria de dedicar os últimos anos da minha vida ao povo do Afeganistão", disse Zahir à CNN horas antes de deixar Roma, acompanhado de seguranças, parentes, um médico e uma comitiva de políticos.
Zahir agora vai morar em um confortável sobrado no melhor bairro da capital afegã, e promete nunca mais deixar o país. O palácio que ele ocupava como rei agora é habitado por Karzai.
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Ex-rei afegão volta a Cabul após 29 anos de exílio
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O ex-rei do Afeganistão Mohammad Zahir Shah, 87, de retorno ao país depois de 29 anos de exílio, chegou hoje à sua residência no centro de Cabul, diretamente do aeroporto.
Reuters - 1.out.2001 |
Zahir Shah, ex-rei do Afeganistão |
O ex-rei, que governou o Afeganistão por 40 anos até 1973, quando foi deposto, afirmou que deu uma série de dicas no encontro. Figura-chave no cenário político afegão.
O ex-rei é lembrado como um modernizador do Afeganistão, que deu direito de voto às mulheres e criou a primeira universidade. Fluente em várias línguas e apreciador de poesia persa, ele é acusado por seus críticos de ter vivido alheio aos conflitos nacionais.
Foi derrubado por um primo quando estava de férias na Itália, em 1973. A partir daí, o país mergulhou num ciclo de guerras civis que matou 1,5 milhão de pessoas, deixou 2 milhões de feridos e fez 5 milhões de refugiados.
Zahir volta agora, como símbolo de unidade nacional, para presidir a Loya Jirga, assembléia tradicional que vai escolher uma liderança e um sistema político para o país, abrindo uma nova etapa depois da derrubada do regime islâmico do Taliban, no fim de 2001.
O antigo monarca pertence à etnia pashtun, a mesma de Karzai. Os pashtuns, maioria no país, esperam que a presença do rei incline a balança a seu favor na Loya Jirga. O principal ponto de tensão é com os tadjiques, do norte, que controlam vários cargos no governo provisório e foram importantes aliados dos norte-americanos em sua campanha militar.
Recepção
O retorno do ex-rei é um assunto ainda delicado no Afeganistão. Por isso, não houve recepção popular e rádios e TVs não transmitiram o evento. Só havia bandeiras e faixas no aeroporto. Por questões de segurança, sua volta foi adiada em um mês e ele contou com 50 seguranças italianos na viagem.
"Gostaria de dedicar os últimos anos da minha vida ao povo do Afeganistão", disse Zahir à CNN horas antes de deixar Roma, acompanhado de seguranças, parentes, um médico e uma comitiva de políticos.
Zahir agora vai morar em um confortável sobrado no melhor bairro da capital afegã, e promete nunca mais deixar o país. O palácio que ele ocupava como rei agora é habitado por Karzai.
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