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22/04/2002 - 17h09

Líder do Parlamento Europeu pede união democrática contra Le Pen

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da Efe

A Europa viu hoje com surpresa e preocupação a passagem do candidato de extrema-direita Jean-Marie Le Pen ao segundo turno das eleições presidenciais francesas, mas acredita que os democratas farão de tudo para evitar que o líder da Frente Nacional (FN) seja eleito chefe de Estado do país.

"Todos os democratas da França vão se unir pelos valores democráticos e contra a intolerância e a xenofobia", disse hoje o presidente do Parlamento Europeu, Pat Cox, em declaração que resume o sentimento da maioria dos Governos e políticos europeus.

Cox pediu "prudência" diante dos resultados do primeiro turno, mas reconheceu que eles "terão implicações não só para a França, mas também para a classe política européia em geral", e assegurou que o futuro desse país "necessariamente afeta o da Europa".

A Comissão Européia pediu que a França "continue sendo fiel a seus valores e compromissos", ao lembrar seu "papel histórico e muito importante" na construção européia. A formação da União Européia foi constantemente atacada na campanha de Le Pen, empenhado em devolver a "soberania" à França.

Os líderes europeus pediram que todas as forças democráticas francesas se unam não só para "deter" Le Pen, mas também para evitar que seu partido "tenha alguma chance de se transformar em uma força importante" no país, disse o chanceler alemão, Gerhard Schroeder.

O chefe do Governo britânico, Tony Blair, mostrou-se confiante e acredita que os franceses "vão rejeitar todo tipo de extremismo", assim como o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, Josep Piqué, para quem o povo francês escolherá os "valores democráticos" que favorecem a construção européia, agora representada pelo atual presidente, Jacques Chirac.

A formação de uma grande coalizão anti-Le Pen para tentar deter "a extrema-direita e a xenofobia" no segundo turno das eleições francesas também foi proposta pelo primeiro-ministro sueco, Goran Persson, e pelo líder do Governo holandês, Win Kok, que disse que os resultados de ontem são "preocupantes".

O chefe do Governo conservador italiano, Silvio Berlusconi, declarou que os resultados do primeiro turno demonstram "que o socialismo conservador está em crise em toda Europa", e que, embora "o pêndulo tenha tendido para a centro-direita", esta não deve ser confundida com "a direita de Le Pen". O candidato da extrema-direita "representa um naufrágio populista que os franceses achavam que estava acontecendo na Itália", disse.

Para o líder do Governo grego, o socialista Costas Simitis, a percentagem de votos obtidos por Le Pen (16,86%) "foi uma surpresa e uma mensagem" do povo, que expressou sua "completa indiferença e a falta de respeito" pela classe política.

Mais taxativa ainda foi a resposta do primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, que qualificou de "repugnante" a política de Le Pen, e lamentou sua ascensão, mas considerou certa a vitória de Chirac no segundo turno.

Embora o líder da extrema-direita "não vá ganhar a eleição", o apoio a ele é um "sucesso inquestionável da corrente que desconfia das estruturas européias e mantém uma atitude hostil frente aos estrangeiros", disse o presidente da Polônia, Aleksander Kwasniewski.

"É uma boa lição para a UE, que tem de trazer para seu seio nações como a Bulgária, países conhecidos por serem ilhas de tolerância étnica e religiosa e de estabilidade", disse o ministro búlgaro de Assuntos Exteriores, Solomon Passy, para quem essa é a melhor maneira de "equilibrar as tendências negativas".

Os resultados franceses "são mais que uma imperfeição estética", disse o presidente austríaco, o democrata-cristão Wolfgang Schuessel, para quem uma reação de protesto dos franceses é "a receita mais segura" contra o avanço dos extremismos.

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Entre os políticos que elogiaram a ascensão de Le Pen está o ultra-nacionalista austríaco Joerg Haider. "Todo aquele que, em meio a uma política de centro-direita, se opõe a uma imigração transbordante é logo tachado de extremista", disse.

O Partido Nacional Renovador (PNR), único grupo legal de extrema-direita de Portugal, se animou com o resultado de Le Pen, e seu porta-voz, Luis Castro, disse que é "a confirmação da enorme vontade de mudança que existe na Europa, cansada de idéias caducas".

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