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25/04/2002 - 04h47

Igreja de NY deixa vítimas falarem

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York

No primeiro reflexo prático das reuniões do papa João Paulo 2º com os cardeais americanos, a Arquidiocese de Nova York, a maior dos EUA, anunciou ontem que estava liberando as vítimas de abusos sexuais de padres que assinaram acordos com a igreja para procurar o promotor público de sua região, se quiserem.

A medida é importante, pois quase todas as vítimas haviam feito, com a arquidiocese, acordos de confidencialidade, que as impediam de se manifestar sobre seus casos, fosse com as autoridades, fosse com a imprensa. Não mais.

"Elas não estão mais amordaçadas", disse a promotora pública Jeanine Pirro, citando carta feita pelo advogado da arquidiocese.

"No espírito de colaboração, nós concordamos, sem prejuízo de nossos direitos e em nome da Arquidiocese, em liberar da confidencialidade qualquer requerente civil que tenha feito acordo com a igreja em casos de abusos sexuais envolvendo padres", afirma o texto, escrito e divulgado ontem por James McCabe.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a cidade de Nova York deve presenciar a partir de hoje a divulgação de uma enxurrada de casos que até agora estavam escondidos do público. "Saberemos exatamente quantas pessoas foram abusadas e quanto a igreja pagou para silenciá-las", disse a promotora Pirro.

Com ela concorda Mitchell Garabedian, que representou 118 pessoas que se disseram abusadas pelo padre John Geoghan, de Boston, o primeiro grande acusado da atual onda de escândalos por que passa a Igreja Católica dos EUA: "A decisão é importante, porque o segredo é o que alimenta o mal nesses casos".

Para o advogado, os acordos de confidencialidade são uma maneira de "revitimizar" a vítima, "impedindo-a de se expressar e fazendo com que ela se sinta ainda mais culpada pelo silêncio."

Brooklyn reluta
Enquanto a decisão de Nova York era aplaudida pelos promotores, a vizinha diocese do Brooklyn, a segunda maior da região, continuava sob ataque por conta de sua relutância em entregar à Promotoria casos recentes de abusos cometidos por padres daquela região da cidade.

Há alguns dias, o bispo Thomas Daily anunciou que estava enviando às autoridades todos os registros sobre abusos sexuais de menores que tinha em seu poder. O problema é que a maioria dos casos entregues aconteceu há mais de 20 anos, e a lei exige que a abertura de processos dessa natureza ocorra até no máximo cinco anos após o fato.

"Não é possível que uma congregação deste tamanho não tenha nenhum problema recente", disse o promotor público Richard Brown. A região sob jurisdição da diocese engloba as regiões administrativas do Brooklyn e de Queens, duas das mais populosas da cidade de Nova York.
 

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