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30/04/2002 - 03h59

Novas evidências mudam versão sobre mortes em Caracas

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JUAN FORERO
do "The New York Times", em Caracas

Mais de duas semanas após a morte de 17 pessoas durante a megamanifestação contra o presidente Hugo Chávez, no dia 11 de abril, em Caracas, surgem novas evidências que mostram que os homens que apareciam atirando em direção à multidão de cima de uma ponte -acusados de serem militantes chavistas- estavam na verdade trocando tiros com outros homens armados.

As evidências sugerem que múltiplos atiradores -uniformizados e civis, pró e anti-Chávez- dispararam durante a manifestação, a maior já realizada nos mais de três anos de governo de Chávez. A violência levou à derrubada temporária de Chávez por militares que o acusaram pelas mortes e retiraram publicamente seu apoio ao presidente. Chávez retornou ao cargo dois dias depois, após manifestações populares de apoio e a ação de militares leais a ele.

Parece ainda incerto quem realmente atirou na multidão no dia 11. Mas entrevistas com investigadores, policiais e testemunhas sugerem que uma troca de tiros aconteceu ao longo de três quadras da avenida Baralt, ao sul da ponte das Carmelitas, que transbordava de manifestantes desarmados. Ao mesmo tempo, atiradores não identificados dispararam de cima de pelo menos três edifícios, atingindo a maioria de suas vítimas na cabeça e no tórax.

Apenas três pessoas foram presas sob acusações relacionadas à violência, apoiadores civis de Chávez filmados quando disparavam desde a ponte. Investigadores, políticos influentes e alguns ativistas políticos dizem que as evidências sugerem que também houve disparos de soldados da Guarda Nacional que impediam os manifestantes de chegar ao palácio presidencial e de policiais.

Os policiais incluem membros da Polícia Metropolitana, que responde ao prefeito Alfredo Peña, oposicionista de Chávez, e de departamentos de dois distritos de classe alta da capital, Baruta e Chacao, cujos dirigentes também fazem oposição ao presidente.

Os investigadores dizem que civis com armas, opositores e simpatizantes do presidente também dispararam. Anteontem, num discurso por rádio, Chávez disse que determinou o deslocamento de tropas e tanques durante a manifestação apenas para controlar a desordem, porque os policiais estavam "atônitos".

O procurador-geral da Venezuela, Isaías Rodríguez, disse que o tiroteio pode ter sido parte de um "bem montado plano para produzir comoção pública para servir como argumento ou desculpa para os eventos que aconteceram depois", em referência à deposição de Chávez.

Oficiais da Polícia Metropolitana negaram com veemência as alegações, dizendo que eles estavam protegendo os manifestantes dos atiradores pró-Chávez. "Eles estão procurando um bode expiatório, transformando o que era um problema criminal em um problema político", disse Iván Simonovis, chefe da polícia.


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