Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/05/2002 - 11h41

Bush foi informado sobre possíveis sequestros antes de 11 de setembro

Publicidade

da France Presse, em Washington

Antes de 11 de setembro de 2001, o presidente dos EUA, George W. Bush, já havia sido informado de que um grupo de terroristas, incluindo militantes comandados por Osama Bin Laden, poderia sequestrar aviões de passageiros norte-americanos, admitiu a Casa Branca na noite de ontem.

Esta é a primeira vez que membros do governo norte-americano admitem que sabiam que organizações terroristas, incluindo a Al Qaeda, visavam às linhas aéreas americanas antes dos atentados contra Nova York e Washington, que deixaram cerca de 3.000 mortos. "Havia um conhecimento geral sobre Osama Bin Laden, além de especulações, há tempos, sobre sequestros no sentido tradicional", disse a porta-voz da Casa Branca, Claire Buchan.

Reuters - 30.jan.2001
George W. Bush, presidente dos Estados Unidos
A porta-voz revelou que, antes de 11 de setembro, o presidente e seus assessores receberam informações de agências de inteligência sobre possíveis ataques contra aviões norte-americanos e atividades de Bin Laden. Mas nenhum dos relatórios trazia advertências específicas sobre uma conspiração contra o World Trade Center, em Nova York, e o prédio do Pentágono, nas cercanias de Washington, segundo Buchan.

"A informação era sobre as ameaças de Bin Laden em todo o mundo e os sequestros no sentido tradicional, mas não incluiam ataques suicidas. Não havia advertência específica sobre o local, hora ou método dos ataques", afirmou Buchan.

Um porta-voz da CIA (agência de inteligência dos EUA) negou-se a dizer se a informação sobre a possibilidade de ataques terroristas constou dos relatórios diários recebidos por Bush. "Não tenho liberdade para falar sobre este assunto", disse.

Decepção
A revelação surge no momento em que cresce a decepção no Congresso dos EUA com as agências de inteligência, que alguns legisladores culpam por terem falhado em perceber os sinais de perigo ou em tomar medidas contra possíveis atentados terroristas.

O diretor do FBI (polícia federal dos EUA), Robert Muller, admitiu semana passada que o escritório ignorou um pedido de um dos seus agentes em Phoenix, Arizona, para investigar o treinamento suspeito de homens do Oriente Médio que haviam chegado nos Estados Unidos dois meses antes dos atentados.

Alguns dos camicases que explodiram aviões contra o World Trade Center e o Pentágono estudaram pilotagem nos Estados Unidos.

Uma parte descartada do memorando de Phoenix divulgada no início do mês inclui uma proposta geral para que o quartel-general do FBI discutisse o treinamento de pilotos "com outros elementos da comunidade de inteligência americana". Mas novas evidências surgidas esta semana indicam que o documento de Phoenix continha mais do que meras suspeitas.

A parte do documento que o FBI preferiu manter em sigilo faz uma referência específica a Bin Laden, ao mesmo tempo em que sugere que as escolas de aviação americanas poderiam estar sendo utilizadas para preparar ações terroristas, disseram ontem fontes do Congresso.

Um agente do FBI em Minnesota, que interrogou Zacarias Moussaoui, suspeito de fazer parte do grupo de camicases que cometeu os atentados de 11 de setembro mas que não participou deles porque estava preso, alertou seus superiores sobre um plano terrorista vagamente definido contra o World Trade Center.

A CIA também sabia que dois sócios de Bin Laden discutiram, em 1995, a possibilidade de explodir um avião contra a sede da agência em Langley, Virginia, segundo as fontes.

"Falhamos em montar o quebra-cabeça antes daquele acontecimento terrível", disse à rede de TV CNN Bob Graham, presidente do Comitê de Inteligência do Senado. Este comitê e o da Câmara dos Representantes terão, em breve, audiências formais para tentar determinar se a comunidade de inteligência americana é culpada por ter fracassado em evitar a tragédia.

Graham disse acreditar que, se todas as informações referentes a inteligência tivessem sido estudadas de forma mais centralizada, "poderiam ter originado uma sequência de acontecimentos que teria desbaratado o 11 de setembro".

Leia mais:
  •  EUA dizem que tomaram medidas apropriadas antes dos atentados


  • Leia mais:
  • Saiba tudo sobre a guerra no Afeganistão

  • Conheça a história do Afeganistão

  • Conheça as armas dos EUA
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página