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22/06/2008 - 21h54

Autonomia vence em plebiscito de departamento boliviano, diz TV

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da France Presse, em Tarija

O departamento de Tarija, que possui 85% das reservas de gás da Bolívia, aprovou neste domingo sua autonomia do poder central, com mais de 80% dos votos, segundo resultados de boca-de-urna do referendo considerado ilegal pelo governo e que amplia a oposição regional ao presidente da Bolívia, Evo Morales.

A região de Santa Cruz (leste), motor econômico do país andino, já organizou um referendo sobre sua autonomia em maio, seguida, em junho, pelas Províncias amazônicas de Pando e Beni (norte). O estatuto de autonomia administrativa e financeira foi aprovado em massa.

Hoje, em Tarija, as pesquisas estão dando ao sim uma vitória de 80,3%, segundo a rede privada de televisão ATB. A mesma contagem dá 19,7% para o não, com uma taxa de abstenção de 34,8%.

Na região de Bermejo, onde foi levantado um bloqueio a estradas, a abstenção chegou a 47,8%.

O anúncio dos resultados da ATB coincidem praticamente com os divulgados por outras redes de televisão, como Unitel (que dá 79% ao sim e 21% ao não) e PAT (80,2% ao sim e 19,8% ao não), e foi motivo de euforia na praça Luis de Fuentes, onde fica a sede da prefeitura de Tarija.

Na presença dos prefeitos de Santa Cruz, Beni, Pando e Cochabamba os moradores de Tarija realizam uma festa com grupos musicais folclóricos.

Considerado ilegal pelo governo, o plebiscito que amplia a poderosa frente de oposição de quatro regiões rebeldes ao presidente Evo Morales finalizou às 16h (17h em Brasília), desenvolvendo-se em meio a tensões entre setores leais ao governo e organizações civis que apóiam as autonomias ante o centralismo de La Paz.

Localizada no extremo sul boliviano, fronteira com Argentina e Paraguai, Tarija, com 391.226 habitantes e 173.231 pessoas autorizadas a votar, concentra as segundas maiores reservas de gás da América do Sul, com 1,36 bilhão de metros cúbicos. Tarija é responsável por cerca de 13% do PIB boliviano.

O referendo deste domingo --como o realizado nas outras três regiões-- não havia sido autorizado pelo máximo tribunal boliviano sendo considerado ilegal pelo governo Morales, pelo que não será reconhecido o resultado da consulta.

O clima começou a esquentar no sábado na normalmente tranqüila região de Tarija, com as organizações civis e camponesas de Yacuiba (281 km ao sudeste da capital regional) decretando bloqueios de estradas.

Na mesma cidade de Yacuiba, um atentado com dinamite contra uma rede de televisão provocou alguns danos materiais.

Um militar suspeito de ser o ator do atentado foi detido com armas e explosivos, segundo o promotor que investiga o caso.

O departamento, dirigido pelo prefeito de direita Mario Cossío, constitui a principal fonte de renda para o fisco, desde a nacionalização dos hidrocarbonetos, decretada em maio de 2006 pelo presidente Evo Morales.

O referendo se desenvolve no momento no qual a Bolívia (9 milhões de habitantes) passa por uma grave crise política e social.

O diálogo está completamente bloqueado há meses entre o governo de Morales e a oposição conservadora do partido Podemos, aliado aos governadores de quatro Províncias autonomistas, principalmente à florescente região de Santa Cruz.

Para tentar sair da crise, Morales convocou para 10 de agosto um referendo nacional, pondo em jogo seu mandato de presidente, assim como o de vice-presidente e os de nove governadores regionais, entre eles seis que se opõem à sua política.

 

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