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23/05/2002 - 05h39

Farc fazem ameaças a eleitores no sul da Colômbia

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, na Colômbia

A quatro dias do primeiro turno das eleições presidenciais da Colômbia, aumentam os temores sobre possíveis ações de grupos armados ilegais para sabotar o pleito ou pressionar pela vitória de algum dos candidatos.

Ontem, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), principal grupo guerrilheiro de esquerda do país, lançou uma ameaça contra os habitantes de três cidades do sul do país - Mesetas, La Uribe e Vista Hermosa -, proibindo-os de ir votar no domingo.

As três cidades fazem parte da região de Caguán, na qual esteve vigente por mais de três anos uma zona desmilitarizada de 42 mil km2 (do tamanho da Suíça), controlada pela guerrilha, cedida como condição para o início de um processo de paz. O Exército começou a reocupar a região em fevereiro, quando o processo de paz foi rompido.

Segundo o Exército, muitos moradores da região tiveram seus títulos de eleitor confiscadas pelos rebeldes.

Nos últimos dias, as Farc também voltaram a atacar a infra-estrutura do país. Pelo menos duas pontes ao norte do país foram dinamitadas.

O ministro do Interior, Armando Estrada, admitiu que a ameaça de boicote das eleições pelas Farc seja real, mas afirmou que o governo "está preparado para enfrentar essa ameaça".

O governo anunciou um plano especial de contingência, com o reforço da segurança. Segundo o general Fernando Tapias, comandante das Forças Armadas, o "Plano Democracia" contará com praticamente todo o efetivo do Exército (100 mil homens) e da Polícia Nacional (80 mil).

Entretanto o governo reconhece que a Força Pública não está presente em 180 dos 1.098 municípios do país, o que poderia ameaçar a votação nesses locais.

Respeito
Historicamente as Farc sempre vinham respeitando a realização das eleições no país, mas, neste ano, dois fatores são considerados pelos analistas como motivadores da reação rebelde: o fim do processo de paz e a liderança nas pesquisas do direitista Alvaro Uribe, que defende uma posição mais dura contra a guerrilha.

Segundo as últimas pesquisas, o dissidente liberal Uribe está próximo de vencer a eleição já no primeiro turno, com 49,3% das intenções de voto. Seu principal concorrente, o liberal Horacio Serpa (centro), tem 23%.

Anteontem, uma batalha campal nas ruas de um bairro periférico de Medellín, no Departamento de Antioquia (governado por Uribe entre 1995 e 1998), entre guerrilheiros e o Exército, terminou com a morte de nove pessoas, entre elas duas crianças.

Segundo as autoridades, os guerrilheiros reagiram a uma ação do Exército para inibir um suposto plano dos rebeldes para sabotar as eleições na região. A guerrilha vem perdendo espaço em Antioquia para grupos paramilitares de direita, que já expressaram indiretamente apoio a Uribe. Ele diz rechaçar esse apoio.

As AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar do país, prometeram em um comunicado respeitar a realização das eleições de domingo. Apesar disso, Serpa vem denunciando supostas pressões dos paramilitares a favor de Uribe.

Após a eleição legislativa de março, o número dois das AUC, Salvatore Mancuso, disse que 35% dos eleitos seriam simpatizantes do grupo.

A OEA (Organização dos Estados Americanos), que observa a eleição colombiana, manifestou sua preocupação sobre a possível ocorrência de atentados ou pressões de grupos armados.

Presença externa
O candidato Serpa afirmou ontem que, se eleito, não permitirá a ação de tropas estrangeiras na Colômbia - referência aos planos militares americanos para a região. "Pedirei cooperação, não intervenção", disse ele.

Serpa afirmou também que sua eventual administração "não adotará política de terra arrasada nem estatuto antiterrorista", declarando que prefere reduzir a violência no país pelas vias legais.

Com agências internacionais

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