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25/05/2002
-
06h05
WALTER OPPENHEIMER
do "El País", em Londres
Tony Blair parece ter declarado guerra à imigração ilegal: o governo britânico está estudando a possibilidade de usar navios e aviões militares para frear imigrantes.
Os navios interceptariam barcos que transportam clandestinos no Mediterrâneo oriental. Os aviões os levariam de volta ao seu local de origem ou procedência. O Reino Unido admitiu anteontem que o governo estuda essa opção, no mesmo dia em que a França anunciou a meta de fechar o polêmico campo de refugiados de Sangatte, perto do canal da Mancha, mas não fixou uma data.
Depois das crises políticas na França e na Holanda, o premiê britânico passou a dar prioridade absoluta à tentativa de evitar que uma crise semelhante irrompa no Reino Unido. Apesar de, no país, não existir a tensão crônica existente na França em torno da imigração nem sintomas de um "ataque de pânico" como o que ocorreu na Holanda, o fluxo de imigrantes ilegais pelo canal da Mancha pode acabar provocando reações dos britânicos.
O jornal "The Guardian" enfatizou anteontem essa prioridade de Blair ao revelar que o governo debateu na quarta-feira da semana passada, durante uma reunião de gabinete, um plano para utilizar navios e aviões de guerra contra a imigração.
O governo, quebrando a tradição de não comentar documentos vetados à imprensa, confirmou a informação, mas disse que era apenas uma possibilidade.
"Trata-se de um documento, entre muitos outros, produzido para um debate sobre asilo", disse o porta-voz de Blair. "[O debate] não representa uma política, mas uma mera discussão. Apresenta diferentes idéias. Algumas propostas podem ser realizadas, outras não."
Segundo o "Guardian", o documento sugere que o Ministério da Defesa britânico estude a viabilidade de a Marinha controlar o fluxo de imigrantes ilegais que chegam à Europa. A frota controlaria o Mediterrâneo oriental, onde o Reino Unido tem duas bases: em Malta e em Chipre.
Outras propostas estudadas por Londres já são conhecidas. Por exemplo, a de sancionar países que não colaborem com a luta contra a imigração ilegal —como o Sri Lanka e a Somália— ou que não aceitem a repatriação de clandestinos que tenham chegado à Europa a partir de seu território, uma medida pensada com o Marrocos e a Albânia em mente.
Mas o grande paradoxo dessa proposta é o fato de que pretende sancionar países por problemas que também ocorrem dentro da União Européia.
O Reino Unido e a França estão há meses brigando por causa da chegada de centenas de refugiados nos trens de carga que cruzam o canal da Mancha.
O avanço da direita na França parece ter quebrado a intransigência que o governo socialista de Lionel Jospin sempre manteve sobre o assunto.
A imprensa britânica afirmou anteontem que o ministro do Interior, David Blunkett, aceitara acolher parte ou a totalidade dos 1.300 refugiados de Sangatte em troca de seu fechamento. O governo britânico desmentiu: "Não há nenhum acordo porque nem sequer há conversas formais", disse o ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw.
Em um artigo publicado ontem no diário "Daily Mail", o líder do Partido Conservador britânico, Ian Duncan Smith, causou polêmica ao dizer que nenhum dos refugiados deveria poder pôr os pés no Reino Unido. "[O resultado da proposta seria] franceses rindo de nós durante o café da manhã."
Com agências internacionais
Blair quer navios de guerra contra imigração
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do "El País", em Londres
Tony Blair parece ter declarado guerra à imigração ilegal: o governo britânico está estudando a possibilidade de usar navios e aviões militares para frear imigrantes.
Os navios interceptariam barcos que transportam clandestinos no Mediterrâneo oriental. Os aviões os levariam de volta ao seu local de origem ou procedência. O Reino Unido admitiu anteontem que o governo estuda essa opção, no mesmo dia em que a França anunciou a meta de fechar o polêmico campo de refugiados de Sangatte, perto do canal da Mancha, mas não fixou uma data.
Reuters - 08.mai.2001 |
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Tony Blair, primeiro-ministro britânico |
O jornal "The Guardian" enfatizou anteontem essa prioridade de Blair ao revelar que o governo debateu na quarta-feira da semana passada, durante uma reunião de gabinete, um plano para utilizar navios e aviões de guerra contra a imigração.
O governo, quebrando a tradição de não comentar documentos vetados à imprensa, confirmou a informação, mas disse que era apenas uma possibilidade.
"Trata-se de um documento, entre muitos outros, produzido para um debate sobre asilo", disse o porta-voz de Blair. "[O debate] não representa uma política, mas uma mera discussão. Apresenta diferentes idéias. Algumas propostas podem ser realizadas, outras não."
Segundo o "Guardian", o documento sugere que o Ministério da Defesa britânico estude a viabilidade de a Marinha controlar o fluxo de imigrantes ilegais que chegam à Europa. A frota controlaria o Mediterrâneo oriental, onde o Reino Unido tem duas bases: em Malta e em Chipre.
Outras propostas estudadas por Londres já são conhecidas. Por exemplo, a de sancionar países que não colaborem com a luta contra a imigração ilegal —como o Sri Lanka e a Somália— ou que não aceitem a repatriação de clandestinos que tenham chegado à Europa a partir de seu território, uma medida pensada com o Marrocos e a Albânia em mente.
Mas o grande paradoxo dessa proposta é o fato de que pretende sancionar países por problemas que também ocorrem dentro da União Européia.
O Reino Unido e a França estão há meses brigando por causa da chegada de centenas de refugiados nos trens de carga que cruzam o canal da Mancha.
O avanço da direita na França parece ter quebrado a intransigência que o governo socialista de Lionel Jospin sempre manteve sobre o assunto.
A imprensa britânica afirmou anteontem que o ministro do Interior, David Blunkett, aceitara acolher parte ou a totalidade dos 1.300 refugiados de Sangatte em troca de seu fechamento. O governo britânico desmentiu: "Não há nenhum acordo porque nem sequer há conversas formais", disse o ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw.
Em um artigo publicado ontem no diário "Daily Mail", o líder do Partido Conservador britânico, Ian Duncan Smith, causou polêmica ao dizer que nenhum dos refugiados deveria poder pôr os pés no Reino Unido. "[O resultado da proposta seria] franceses rindo de nós durante o café da manhã."
Com agências internacionais
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