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30/06/2008 - 19h29

Ex-assessor de Fujimori justifica crimes "por razões de Estado"

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da Efe, em Lima

O ex-assessor presidencial peruano Vladimiro Montesinos justificou hoje os crimes "por razões de Estado", antes de encerrar seu depoimento como testemunha no julgamento do ex-presidente peruano Alberto Fujimori por violações aos direitos humanos.

Montesinos admitiu que concorda com os crimes, após reconhecer perante o promotor que, "por razões de Estado", foram interceptadas conversas telefônicas durante o regime de Fujimori (1990-2000).

Ele lembrou que o governo do ex-presidente americano Ronald Reagan (1981-89) armou a Nicarágua para aplacar a revolução sandinista com "armas usadas do Irã".

"O Peru não é uma ilha e se a maior potência na época de bipolaridade tomou essa decisão, por que o Peru não podia fazer o mesmo para solucionar o problema do Sendero Luminoso e do MRTA (Movimento Revolucionário Túpac Amaru)?", perguntou, ao justificar as ações anti-subversivas realizada entre 1990 e 2000.

Após as declarações, Montesinos anunciou que encerrava, assim, seu comparecimento no julgamento, o que provocou tumulto na sala, já que, ao não ter recorrido ao silêncio no início da sessão, deveria continuar respondendo às cerca de mil perguntas que a Promotoria tinha preparado.

O presidente da Sala Penal Especial, César San Martín, expressou "inconformidade e mal-estar" pela atitude do ex-assessor presidencial, mas reconheceu o direito da testemunha de não seguir depondo.

"O tribunal assume as linhas gerais do direito de todo acusado, mas (...) mostra sua inconformidade e mal-estar, porque, senhor Montesinos, o senhor ao dizer que não deporia, gerou um fator de surpresa e desequilíbrio no tribunal", afirmou.

"Reconhecemos que o senhor tem esse direito, dito isso o tribunal declara por encerrado o depoimento", acrescentou.

Ao início do depoimento, Montesinos livrou Fujimori de qualquer responsabilidade nos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), pelos quais o ex-chefe de Estado é julgado e não recorreu ao direito de manter silêncio.

"Vim para poder esclarecer que o senhor Fujimori não tem qualquer responsabilidade dos fatos que originaram este processo", afirmou o artífice da maior rede de corrupção da história contemporânea do Peru perante a Sala Penal Especial e que foi o braço direito do ex-presidente.

Durante a sessão, o ex-assessor também se negou em várias ocasiões a responder algumas perguntas do promotor, por considerar que revelaria segredos sobre segurança do Estado.

 

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