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29/05/2002 - 04h04

Explosão de bomba em Bogotá amplia medo de terror urbano

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, na Colômbia

Cinco pessoas ficaram feridas ontem de manhã, duas delas com gravidade, após a explosão de um carro-bomba numa das entradas da Corabastos, a principal central de abastecimento de Bogotá, na região sudoeste da cidade.

O atentado, de autoria desconhecida até o fim da tarde de ontem, aconteceu apenas dois dias após a eleição de Alvaro Uribe à Presidência, no primeiro turno.

Uribe foi eleito pregando "mão firme" contra os grupos armados ilegais para acabar com a guerra civil no país, que dura quatro décadas e vem deixando cerca de 3.500 mortos ao ano.

A explosão de ontem aumenta o temor sobre uma possível migração do conflito, até agora praticamente restrito às áreas rurais do país, para as grande cidades.

Na semana passada, um confronto entre o Exército e guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional) num bairro periférico de Medellín deixou nove mortos e dezenas de feridos.

Os colombianos temem um retorno à situação vivida no fim dos anos 80, quando o país foi atemorizado por uma onda de ataques terroristas nas grandes cidades promovida pelos chefes dos cartéis do narcotráfico para pressionar contra a ameaça de extradição de seus integrantes aos EUA.

Os críticos de Uribe consideram que sua proposta de formar um grupo de 1 milhão de civis para auxiliar a força pública no combate aos grupos armados pode transformá-los em alvos desses grupos, acelerando a chegada da temida "guerra urbana".

Para Fredy Escobar, pesquisador do Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Antioquia, a criação de cooperativas privadas de segurança por Uribe, quando governador de Antioquia (cuja capital é Medellín), entre 1995 e 1998, fomentou a proliferação dos grupos paramilitares na região e provocou a expulsão das guerrilhas das áreas rurais em direção às cidades.

Em sua primeira entrevista após a eleição, anteontem, Uribe defendeu sua proposta, alegando que o número de mortos e sequestrados no conflito colombiano mostra que "os civis já estão envolvidos na guerra".

A proposta de Uribe para que a ONU atue como mediadora num possível novo diálogo com a guerrilha será analisada com "interesse e cuidado", disse o porta-voz da organização, Fred Eckhard.

A possibilidade de uma retomada do diálogo, porém, é vista com ceticismo pelos analistas políticos colombianos. Uribe impôs como condição para o diálogo que haja antes um cessar-fogo, o que significaria a rendição da guerrilha.

As Farc, por sua vez, exigem a desmilitarização de dois Departamentos (Estados) ao sul do país para voltar à negociação, concessão que o governo e a opinião pública vêem hoje como impossível.

Em comunicado divulgado ontem, em seu 38º aniversário, o grupo diz que sempre esteve disposto a negociar, com todos os presidentes que se dispuseram a fazê-lo, mas alega que é forçado à luta armada pelas circunstâncias.

Visita de americano
Otto Reich, secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina, deve viajar nos próximos dias para a Colômbia, onde se reunirá com o presidente eleito. Segundo o Departamento de Estado, o secretário-adjunto deve "tomar contato" com os planos de Uribe para o país.

Congratulações de FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou ontem uma carta de congratulações a Uribe, em que expressa o desejo de que o país possa "recuperar a paz".

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