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11/06/2002 - 19h55

Igreja dos EUA enfrenta acusações de pedofilia há 20 anos

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da France Presse, em Dallas (EUA)

As acusações de pedofilia contra padres católicos nos Estados Unidos não são novidade e vêm surgindo com freqüência nos últimos 20 anos.

Em 1984, um padre na Luisiana, no sul dos EUA, foi acusado de abusar sexualmente de menores. Um estudo sobre o assunto concluiu que os abusos sexuais são difíceis de serem descobertos e pediu que os bispos cooperem com as autoridades.

Porém, no início dos anos 90, uma onda de acusações de pedofilia causou impacto novamente na Igreja, obrigando a Conferência episcopal a traçar diretrizes para atacar o problema em 1993.

Em fevereiro deste ano, os escândalos ressurgiram quando o sacerdote John Geohan foi condenado a dez anos de prisão por agressão sexual contra um paroquiano de dez anos. Logo depois, um padre aposentado, Paul Shanley, foi preso na Califórnia, acusado de estuprar um jovem católico. Dois padres se mataram por não suportarem acusações de pedofilia.

Desde então, as acusações não param. Do começo do ano até o momento, pelo menos 300 ações civis foram registradas e 218 sacerdotes acusados de pedofilia deixaram suas funções.

Recentemente, o papa João Paulo 2º aceitou a renúncia do arcebispo de Milwaukee, em Wisconsin (norte dos EUA), acusado de agressão sexual contra um adulto, e hoje a do bispo de Lexington, em Kentucky (centro), Kendrick Williams, acusado de pedofilia. Outro bispo, de Palm Beach, na Flórida (sudeste), Anthony O'Connell, também deixou suas funções pelos mesmos motivos.

Os especialistas estimam 1.500 sacerdotes, de um total de 140 mil, já abusaram sexualmente de meninos ou adolescentes nos últimos 40 anos.

A maioria desses casos resultou em ações civis e foram resolvidos de forma amistosa por meio de acordos financeiros. Apesar do valor total não ser divulgado pela direção da Igreja, estima-se que as indenizações já consumiram US$ 1 bilhão da instituição.

Raio-X
Os católicos representam 23% da população dos Estados Unidos, com cerca de 64 milhões de fiéis, segundo dados da Conferência Episcopal Americana.

Em 1965, a população católica era de 15 milhões, mas cresceu principalmente à crescente imigração de latino-americanos e asiáticos.

A população hispano-americana na Flórida e no sudoeste dos Estados Unidos é majoritariamente católica. Outro grande número dos católicos norte-americanos são de originários de Irlanda, Alemanha, Polônia, Itália e França e concentram-se no nordeste do país, assim como nas regiões industriais do centro-oeste.

A Igreja Católica é a maior representação religiosa dos Estados Unidos, constituída de 19.544 paróquias espalhadas em 36 arquidioceses e 165 dioceses. Tem no total 398 bispos - 25 trabalhando no exterior -, 46.041 sacerdotes e cerca de 80.000 religiosas. Também dispõe de 11 cardeais designados pelo papa.

Os Estados Unidos contam com 5.024 seminaristas divididos em 218 seminários. Entre eles, 3.428 se inclinam ao sacerdócio e 1.596 se preparam para entrar nas ordens.

As denúncias de pedofilia nestes últimos meses se registraram em 20 dioceses, em particular em Boston (Massachusetts), Chicago (Illinois), Nova York (Nova York), Filadélfia (Pensilvânia) e San Francisco (Califórnia).

O cardeal de Boston, Bernard Law, é o mais influente dos Estados Unidos desde a morte do cardeal de Nova York, John O'Connor, em maio de 2000, e o dirigente espiritual na junta dos 13 cardeais americanos nomeados por João Paulo 2º. Law está no centro do atual escândalo, pois teria protegido o padre John Geohan, mesmo sabendo que ele havia abusado de menores.
 

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