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17/06/2002 - 16h03

Bové quer transformar sua prisão em protesto antiglobalização

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da France Presse, em Millau (França)

O líder francês José Bové quer transformar sua próxima prisão em um protesto contra a globalização e contra o novo governo direitista de seu país, organizando uma passeata até o presídio.

A prisão de Bové, que destruiu uma lanchonete McDonald's em Millau (sul da França) em agosto de 1999 era inevitável, depois da confirmação de sua condenação em fevereiro passado.

Deferida pelo promotor de Montpellier, a condenação teve o intuito de não "contaminar" o debate eleitoral antes das eleições presidencial e legislativa.

"A primeira decisão política do governo de Jean-Pierre Raffarin e da maioria dos eleitores de ontem é a repressão do movimento social", disse Bové, depois de ser intimado a se apresentar quarta-feira (19) no presídio.

"Minha prisão significa muito claramente que não se aceita mais o protesto contra a globalização e que se aprova a política da OMC (Organização Mundial do Comércio)", acrescentou.

"Mas não irei à prisão sozinho. Iremos em cortejo", anunciou o líder da Confederação Camponesa, condenado a três meses de prisão pelos danos que causou ao McDonald's com outros nove militantes.

"Somos todos destruidores de McDonald's, nos opomos a esta globalização liberal e aos OGM (organismos geneticamente modificados) no campo. Com certeza, acompanharemos Bové", disse outro dirigente do sindicato agrícola, René Louail.

O dirigente protestou contra a prisão e pediu "a todos os militantes, a todos os assalariados e a todos os cidadãos que se reconheçam no combate contra a globalização liberal a responderem às mobilizações que serão propostas".

Por sua vez, o Partido Comunista Francês pediu a anistia de Bové.

Criador de ideologia
Bové, 48, é um criador de ovelhas e produtor de leite para fabricar queijos. Seu negócio foi atingido por medidas tarifárias aplicadas pelos EUA, no âmbito de um conflito comercial com os europeus.

Já ficou 20 dias em prisão provisória e lhe restam dois meses e 10 dias a cumprir, mas sua pena pode ser reduzida a 50 dias por bom comportamento ou inclusive a 30 ou 40 dias, caso se beneficie do indulto presidencial tradicional do 14 de julho.

Ele tem também uma condenação de seis meses de prisão por ter destruído plantações transgênicas de um laboratório.

Em maio, Bové viajou à Venezuela, onde apoiou a reforma agrária impulsionada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Bové marchou no protesto de Seattle (EUA) contra a OMC e posteriormente com os sem-terra do Brasil. Demonstrando que sua ideologia atravessa continentes, também se uniu a protestos em prol da causa palestina, no Oriente Médio.

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