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25/06/2002 - 03h54

Discurso de Bush abre caminho para sucessão palestina

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PAULO DANIEL FARAH
da Folha de S.Paulo

O discurso do presidente George W. Bush pôs em evidência os prováveis sucessores do líder palestino Iasser Arafat, que jamais nomeou um substituto e tradicionalmente evitava falar em renovação política. Pressionado pela comunidade internacional e pelas ascendentes reivindicações internas por transparência e pela apuração de casos de corrupção, ontem ele confirmou eleições presidenciais para o início de 2003.

Um dos nomes mais cotados para substituí-lo é o de Marwan Barghouti, líder do Fatah (grupo político de Arafat) na Cisjordânia, cuja popularidade cresceu muito desde o início da Intifada (em setembro de 2000), devido ao papel de comando que assumiu nas ruas. Encontra-se hoje em prisão israelense, após ser detido pelo Exército (em abril), acusado de coordenar ataques contra israelenses —embora não tenha sido acusado formalmente. A prisão contribuiu para fortalecer ainda mais sua reputação.

Barghouti, 42, é um dos principais nomes da chamada "nova guarda", além de Jibril Rajoub, 49, chefe de segurança preventiva na Cisjordânia, e Muhammad Dahlan, 40, ex-chefe de segurança preventiva em Gaza.

Todos assumiram posições de destaque nos últimos anos.

A reputação de Rajoub foi abalada quando forças israelenses invadiram seu complexo em Ramallah e obtiveram a rendição dos palestinos que estavam lá dentro, incluindo militantes procurados por Israel. Rajoub não estava no local no momento e foi criticado.

Líderes da geração de Arafat, 72, têm menos probabilidade de substituí-lo à frente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Mahmoud Abbas, 67, é o número dois de Arafat há tempos. Pragmático, incentivou contatos entre palestinos e israelenses pelo menos desde os anos 70. E bem visto pelos EUA, mas lhe falta carisma.

Ahmed Qurei, 65, presidente do Conselho Legislativo Palestino e um dos principais articuladores dos acordos de paz de Oslo, é uma opção menos consensual por ser visto como aristocrata demais por boa parte dos palestinos.

Outro líder cuja popularidade cresce em ritmo semelhante ao da violência no Oriente Médio é o xeque Ahmad Yassin, líder espiritual do movimento extremista Hamas, que defende a fundação de um Estado islâmico no território de Israel, Gaza e Cisjordânia. Yassin legitima a violência como meio para obter esse objetivo. Acredita-se que ele nasceu em 1937 —não há dados confiáveis.

Muitos analistas palestinos e israelenses argumentam que a morte política de Arafat (já anunciada) foi confirmada ontem. Outros alegam que ele deve manter o controle mesmo se exilado. Já sua morte provavelmente levaria ao crescimento de organizações extremistas islâmicas, sobretudo o Hamas (que se beneficiaria de um cenário de caos), e poderia provocar uma guerra civil.

"Durante a ausência do presidente [Arafat], cercado em Ramallah por quase seis meses, alguns membros da elite política assumiram posições mais proeminentes", diz o analista político e ministro palestino Ghassan Khatib, para quem "eles competiam pelo controle no segundo nível".

Com os eventos de ontem, porém, a disputa deve passar a ser pela liderança em primeiro nível.

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