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28/06/2002 - 07h40

Europa e EUA estão divididos sobre destino de Arafat

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da France Presse, em Calgary (Canadá)

Europa e Estados Unidos se mostraram divididos ontem sobre o destino do líder palestino Iasser Arafat, depois que vários governantes do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia) rejeitaram a idéia de sua renúncia para criar um Estado palestino, como exige o presidente norte-americano, George W. Bush.

A proposta de Bush, anunciada na última segunda-feira (24), gerou polêmica entre os oito governantes mais poderosos do mundo, que encerraram hoje sua cúpula anual dominada pela situação no Oriente Médio.

"Houve diversas reações a sua proposta", disse hoje o primeiro-ministro canadense e anfitrião do encontro, Jean Chrétien, destacando, porém, que os líderes se mostraram "satisfeitos" com as propostas de Bush.

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi o que aderiu mais rapidamente à exigência de Bush, pedindo a Arafat que faça um gesto de grandeza e renuncie, contribuindo para a paz no Oriente Médio.

"Arafat, prêmio Nobel da Paz, pode fazer um gesto generoso, renunciando", disse Berlusconi. "Se eu fosse Arafat, faria um gesto de grandeza que me daria um lugar na história como um homem que deu tudo pela liberdade de seu país", afirmou.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, também criticou Arafat, mas não pediu sua renúncia. "São os palestinos que devem escolher seus governantes, mas nós devemos dizer que as conseqüências de escolher alguém que não seja sério para negociar é que não podemos avançar", afirmou Blair na quarta-feira (26).

Os outros chefes de Estado, que expressaram publicamente suas opiniões, concordaram que são os palestinos que devem eleger seu líder.

O presidente russo, Vladimir Putin, destacou que, para Moscou, Arafat era "o dirigente reconhecido pelos palestinos" e que seria "contraproducente" afastá-lo das futuras discussões sobre a paz.

Para o chanceler alemão, Gerard Schröder, "enquanto ele [Arafat] for presidente [da Autoridade Nacional Palestina], será nosso interlocutor".

"Naturalmente, corresponde ao povo palestino eleger seus representantes", afirmou ontem o presidente francês, Jacques Chirac.

"Eu não vou recomendar a ninguém que vote em nada", afirmou o chefe do governo espanhol, José María Aznar, que representou a União Européia.

"Desejamos todos um compromisso absolutamente sem reservas da Autoridade Nacional Palestina na luta contra o terrorismo, absolutamente sem reservas", afirmou Aznar, destacando a necessidade de que os palestinos implementem reformas democráticas.

O presidente da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi, reiterou as palavras de seus colegas. "São os palestinos que devem escolher seus dirigentes e espero que o façam o mais rápido possível."

Ao ser consultado sobre a eventualidade de que Arafat seja eleito em janeiro, ele foi taxativo: "Um dirigente eleito é um dirigente eleito".

Na quarta-feira, Arafat anunciou as novas eleições e, segundo analistas, deixará Bush numa saia justa se for eleito novamente.

Bush tentou minimizar as divergências de sua proposta na cúpula do G-8 e disse à imprensa que "a maioria dos governantes europeus estava de acordo" com a necessidade de os palestinos buscarem reformas políticas e de segurança radicais.

Em Gaza, a presidência da Autoridade Nacional Palestina fez um apelo urgente ao G-8 "pelo fim da ocupação israelense e para um cessar-fogo", segundo nota divulgada pelo escritório de Arafat.

"Pedimos ao G-8 que termine imediatamente a ocupação israelense, a agressão, e que se levante o cerco", disse o comunicado.

"Estamos totalmente preparados para proteger o processo de paz e fazemos um apelo ao G-8 para que prepare o cessar-fogo e mande de imediato observadores internacionais aos territórios palestinos", afirmou.

Na segunda-feira, em seu discurso sobre o plano de paz para a região, Bush pediu aos palestinos a substituição de Arafat por outro líder "sem vínculos com o terrorismo, se desejarem o apoio dos Estados Unidos para a criação de um Estado independente".

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